Mãe de gêmeos aos 51 anos, Isabella Taviani fala pela primeira vez sobre os filhos: ‘Eles vão mudar o planeta’


Em entrevista exclusiva para o site Heloisa Tolipan, a cantora e compositora, que apresenta um show especial nesta terça, no Teatro Prudential, comenta a experiência da maternidade tardia, a necessidade de sair do armário e o oitavo álbum de sua carreira, “A Máquina do Tempo”, que chega às plataformas digitas no dia 31

*Por Jeff Lessa

“Alô, Isabella?”. “Sim, sou eu”. “Oi, tudo bem? Estou ligando para fazermos a entrevista para o Site Heloisa Tolipan”. “Querido, você pode ligar daqui a pouco? É que está na hora da papinha dos meninos… Tudo bem?”.

Tudo ótimo, claro. Foi assim que nosso papo com a cantora Isabella Taviani começou na ensolarada tarde de ontem. No dia oito de setembro do ano passado, Isabella e sua companheira, a também cantora Myllena Varginha, tornaram-se as orgulhosas mães dos gêmeos Ignácio e Estevão, concebidos por inseminação artificial. Ligamos de volta e… “Oi, desculpa, é que hoje foi o primeiro dia de papinha deles. Estamos antecipando. Normalmente os bebês começam com essa alimentação mais tarde, mas os dois são grandes e o pediatra aconselhou a já entrar com o alimento sólido”, revela a cantora e compositora, que havia chegado poucas horas antes da fazenda do pai de Myllena, próxima à cidade mineira de Carvalho, na região de Caxambu. “As crianças nasceram grandes, com mais de três quilos cada. Imagina carregar sete quilos de bebê na barriga! É muito raro para gêmeos. Usamos dois óvulos e os dois vingaram, o que também é raríssimo. A papinha é por causa do tamanho deles, o peito já não dava conta”.

No Instagram de Isabella, a cantora conta que a foto foi um flagrante durante a sessão para o novo álbum (Foto: Arquivo Pessoal)

Com 15 anos de carreira, Isabella fará um show especial hoje, no Teatro Prudential, a partir das 21 horas. “Vai ser uma apresentação atípica, não é lançamento e nem faz parte da minha turnê dos 15 anos. O repertório não está preso a nada, vou cantar músicas que as pessoas nunca ouviram na minha voz, que vai ser acompanhada por um violão. Só canções das quais eu gosto, que não canto em público”. Por conta dos pequenos, o “ensaio” foi na varanda de casa, cantando sozinha e bem baixinho para não acordar os bebês. “De qualquer forma, combinei com a Myllena que ia ‘mergulhar’ no próximo show, em março. Preciso resolver tudo, uma vez que não tenho gravadora, faço roteiro, setlist, figurino e cenário. Mas dá para levar”.

Só pela voz dá para sentir a vibe boa da libriana encarando a maternidade. “Ter filhos aos 51 anos (ela completa 52 em outubro) não é fácil. Eu nunca havia pensado nisso. Quando nos casamos, porém, ela queria muito. Não tinha como negar, nos preparamos bastante para essa aventura. Esses quatro meses têm sido loucura total. Os primeiros 15 dias foram intensos. Eles ainda não chegaram na fase de dormir a noite inteira. Se um chora, o outro chora. Antes o chorinho do Ignácio acalmava o Estevão, mas isso passou (risos). Eles dormem até as onze da noite, acordam às três, voltam a dormir, acordam de novo às cinco e não descansam mais. Às sete, a vida recomeça”, diverte-se (sim, diverte-se) Isabella.

 

Os meses de convivência já proporcionaram descobertas que, para mães de primeira viagem, parecem revelações vindas do céu. Revelações diárias, diga-se. Além de cantora, Myllena, de 41 anos, é médica e aquela seria a primeira noite de Isabella sozinha com os filhos: “Estou ansiosa para saber como vai ser”. As diferenças entre os garotos, tanto de gostos como de personalidades, também têm sido descobertas fascinantes: “O Ignácio é muito agitado, é o que acorda e chora mais. O Estevão é parecido com a Myllena. Um adora vitamina de cenoura com beterraba, o outro odeia. Estevão ama me ouvir cantar, mas o Ignácio não suporta (risos). E por aí vai”.

Isabella e sua companheira, Myllena, apresentaram juntas o show ‘Falando de Amor’, em 2018 (Foto: Fabiano Santos)

Quando pensa no futuro, Isabella é otimista: “Quero fazer deles homens muito bons. Acredito na existência das crianças cristais, que vêm com a missão de tornar o mundo melhor. Essa catástrofe que estamos vivenciando é o começo de uma grande virada. Nossos filhos estão vendo e sabem quem são as pessoas nefastas, estão evoluindo para mudar o planeta. A geração deles vai viver mais de cem anos, a nossa, infelizmente, não. Eu queria ser mais nova para mexer com essa limpeza espiritual por mais tempo, ver o fim da crença em Terra plana e na descrença no aquecimento global. Mas tenho certeza de que isso será transformado e esse momento vai passar”. De acordo com a crença espírita, as pessoas do tipo cristal têm uma forte ligação com as artes e a música. Será que a família terá novos artistas?

O tempo dirá. A julgar pelo histórico familiar, as probabilidades são grandes: Isabella é filha de uma pianista, neta de cantor de ópera e estudou canto lírico para aperfeiçoar a voz como soprano. No momento, o casal está mais interessado nas gracinhas dos meninos e nas reações totalmente opostas das mães diante das “bebezices”. “Myllena é uma ‘generala’. Com ela é tudo na hora, certinho. Hoje, eu e a babá fizemos bagunça em casa. Sujamos tudo de mamão, e vai ser assim mesmo. Não tenho esse espírito comportado”, avisa Isabella, que assumiu sua homossexualidade em 2012, em uma entrevista para a revista “Isto É Gente”: “É importante falarmos de sexualidade para promover a coragem e a verdade. Não é possível que neste século ainda se cacem homossexuais”.

O nascimento dos bebês aproximou a família. “Minha mãe quer porque quer que eu me mude para Botafogo, para ela ficar perto dos netos. Nasci e fui criada lá, mas não vou sair do Recreio. Já disse para ela que venha morar aqui no Recreio. Nosso apartamento é maravilhoso, mas estamos comprando uma casa no bairro. Quero que meus filhos cresçam com outras crianças, que tenham espaço para brincar”, pontua.

Desde 2013 sem lançar um álbum (“Carpenters Avenue”, tributo à dupla americana lançado em 2016, é considerado um projeto de regravações), Isabella Taviani lança o disco “A Máquina do Tempo” nas plataformas digitais na próxima sexta-feira, 31.  No repertório, músicas autorais como “A Vida Vive sem Você”, lançada como single em março de 2018, e Não Brinca Comigo”, composta em parceria com Myllena e apresentada nas mídias no último dia 10, entre outras composições inéditas.

‘Eu e a figurinista Natália Duran criamos um Chapeleiro meio dândi, com cartola, bengala, relógio de bolso e peruca branca’ (Fotonauta)

Oitavo álbum da artista, traz na capa a cantora como o Chapeleiro Maluco, personagem criado pelo escritor inglês Lewis Carroll (1832-1898) para o livro “As aventuras de Alice no País das Maravilhas”, de 1865. A arte, de Philippe Leon, mistura referências de seriados e filmes antigos sobre viagens no tempo: “Eu e a figurinista Natália Duran criamos esse Chapeleiro meio dândi, com cartola, bengala, relógio de bolso e peruca branca. É uma grande brincadeira e eu adorei ser fotografada assim”, conta.

A turnê está prevista para começar no final de março.