Luísa Sonza abre coração sobre exposição na internet, o seu “escândalo íntimo” e o viver de música no Brasil


“Escândalo Íntimo”, álbum novo, ganhou as redes, as telas e discussões. “Fala de um relacionamento do início ao fim, e descubro que é um relacionamento comigo mesma. Conto a história de autoconhecimento e superação com música, clipes e o resultado final em um curta-metragem”. Luísa também aborda como lida com a depressão e o quão importante para ela é o assunto: “O acompanhamento medicamentoso, no meu caso, foi importante por um período, e junto a ele pratiquei terapia, Yoga, me comprometi comigo mesma com consciência a respeito”. E mais: também participa de uma empreitada internacional: tem música na trilha sonora de “Bad Boys: Ride Or Die”, quarto filme da lendária série “Bad Boys” estrelada por Will Smith e Martin Lawrence

*por Vítor Antunes

Luísa Sonza é provocadora, intensa, personalíssima. Pop no sentido da modernidade e não no da efemeridade, comum justamente a algumas artistas do segmento. E agora flagramo-nos diante da publicação integral de “Escândalo Íntimo“. Para Luísa, ele é “uma viagem pelo meu inconsciente que eu precisava expor da maneira que eu sei fazer melhor: compondo e cantando. Fala de um relacionamento do início ao fim, e descubro que é um relacionamento comigo mesma. Conto a história de autoconhecimento e superação com música, clipes e o resultado final em um curta-metragem. Foi uma jornada muito importante para minha maturação tanto pessoal quanto profissional”.

E ela também participa de uma empreitada internacional: A trilha sonora de “Bad Boys: Ride Or Die”, quarto filme da lendária série “Bad Boys” estrelada por Will Smith e Martin Lawrence, está disponível. O álbum de 10 faixas apresenta um elenco global de superstars multigeracionais e destaques de diversos gêneros, incluindo a brasileira Luísa Sonza, que participa da faixa “Flores Pa Ti”, colaboração da artista com Becky G e Papatinho.

Coincidentemente ou não, o lançamento de “Escândalo Íntimo” se alinha com o anúncio e o ruidoso término do relacionamento da cantora com o influenciador Chico Moedas. Muito foi questionado, inclusive, se o álbum não se relacionava com uma possível ação de marketing, quando apenas era vida acontecendo. ‎E as redes sociais eram implacáveis. Como lidar com a toxicidade da internet? Segundo Luísa, isso é algo com o qual “não há muito como fugir. Temos que cuidar da nossa saúde mental, para aprender a conviver com os benefícios e malefícios das redes sociais de forma saudável. Saber o que absorver e o que ignorar”.

Num tempo tido como o da “música descartável ou de consumo”, que torna tudo muito efêmero, Luísa diz acreditar que este é um cenário inescapável, especialmente em razão de um comportamento do próprio mercado. “Não temos como fugir do atual cenário da indústria da música. Mas eu acredito que precisamos valorizar os números sem perder nossa essência e sem colocar a arte de fazer música em segundo plano. Foi isso que tentei fazer em ‘Escândalo Íntimo’, mostrando quem eu sou de uma forma poética, verdadeira, artística”. Ainda que seja uma queixa recorrente dos músicos a questão dos direitos autorais, a cantora tem uma visão ponderada sobre como sobreviver apenas dos ganhos inerentes desses direitos. “Depende de quantas músicas o artista dispõe e do alcance da música. Mas, pelo fato de ter gravadora, de geralmente ter muita gente envolvida nisso, e de hoje em dia os direitos autorais serem divididos por todos os envolvidos, fica mais difícil. É possível, porém não é fácil”.

“Escândalo Íntimo” é o novo álbum de Luísa Sonza e agora está disponível na íntegra nas redes sociais (Foto: Pam Martins)

LUÍSAS

Especialmente diante de momentos de redes sociais, muito se questiona sobre os limites entre privacidade e exposição, sendo difícil saber estabelecer onde um começa e o outro acaba. Para isso, a cantora separa suas personas: “Nos últimos tempos, aprendi que a Luísa Sonza deve expor aquilo que ela é: uma cantora, compositora, profissional, que vive e respira música. Já a Luísa Gerloff precisa prezar pela sua privacidade, viver sua vida realmente de forma íntima. Às vezes, elas se misturam, é claro, mas a gente vai aprendendo como caminhar nesse equilíbrio”.

Com a transparência que lhe é peculiar, Luísa nunca se furtou de falar sobre as questões com as quais convive. Mesmo as de ordem mental. Tano que abriu-se para tocar no tema  depressão com muita naturalidade. Aliás, este ainda seria um tema tabu? “Para mim não é e acho que não deveria ser para ninguém. Já falei sobre isso abertamente várias vezes também como uma forma de ajudar a quem ainda tem medo de falar sobre o assunto.

A depressão é uma doença muito séria, incapacitante, que precisa ser tratada e que merece atenção. O acompanhamento medicamentoso, no meu caso, foi importante por um período, e junto a ele pratiquei terapia, Yoga, me comprometi comigo mesma com consciência a respeito. Estas foram algumas das formas com as quais encontrei para lidar com a depressão – Luísa Sonza

Nascida em Tuparendi, cidade distante em mais de 500 quilômetros de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, Luísa lastima que seu estado tenha sido devastado pelas chuvas. De fato, os desequilíbrios climáticos são contundentes e devastaram a região. E justamente essa questão climática não recebe a atenção devida.

Infelizmente, os holofotes só se viram para esses assuntos quando alguma catástrofe acontece, como agora no Sul. Principalmente as autoridades, mas nós todos precisamos passar a colocar essa pauta como prioridade e eleger governantes que coloquem o meio ambiente como uma das principais causas – Luísa Sonza

Ela prossegue dizendo que a sua cidade natal não foi duramente atingida, mas que ver o Rio Grande em situação crítica é doloroso. “Ver essa destruição é um sentimento inexplicável. Algo que a gente nunca imagina virar realidade. Estou fazendo tudo o que posso. Comecei doando do meu bolso, arrecadando com amigos e outros famosos. Segui ajudando na movimentação, desde doações em dinheiro até a entrar em contato com marcas, Vakinha e agora com o Festival Salve o Sul. Também estou ajudando sendo um contato direto com as pessoas, pedindo as ajudas necessárias, fazendo essa ponte tanto com ONGs quanto com pessoas que podem e querem ajudar. Acabei de adotar uma gatinha resgatada de lá também. Acho que toda forma de ajuda é válida. Toda forma de amor nesse momento é válida, que seja uma palavra, uma oração, já ajuda muito”, finaliza.

Luísa Sonza fala sobre o desequilíbrio climático e a devastação no Sul (Foto: Pam Martins)