“Eu que já não sou assim, muito de ganhar, junto as mãos ao meu redor, faço o melhor que sou capaz, só pra viver em paz”, foi assim, com estes versos cheios de significado e significantes de “O Vencedor” que Marcelo Camelo, Rodrigo Amarante, Rodrigo Barba e Bruno Medina deram o pontapé inicial na série de quatro shows em solo carioca, que marca o reencontro dos músicos depois de um hiato de três anos. O quarteto desembarcou em sua terra natal para encerrar a turnê que passou por 9 cidades brasileiras e que celebra o retorno aos palcos da banda mais iconônica e importante dos anos 2000 a surgir no cenário nacional.
Os Los Hermanos, para quem estava em outra galáxia nos últimos 15 anos, é capaz de arrebatar multidões que cantam a plenos pulmões praticamente todos os versos, estrofes e poesias espalhadas por seus quatro discos. E não foi diferente nessa sexta-feira, na Marina da Glória, local escolhido para comportar cerca de 15 mil maníacos pelo som dos caras na série de apresentações que segue firme e forte até segunda-feira. Todos os dias, é bom dizer, com ingressos esgotados.
Mas antes de falar do show em si, é bom abrir um parênteses para elogiar a estrutura armada e a organização do evento, realizada por Simon Fuller, da Quizumba Kappamakki Produções. Desde a entrada, com muitas placas de sinalização e segurança, até o esquema de compras de fichas para os bares, a praça imensa e variada de alimentação – de food truck de coxinhas a Hare Burger -, passando pelos muitos banheiros, tudo foi muito bem pensado e cuidado.
Se levarmos em consideração que quase nunca os eventos são assim na cidade, onde o amadorismo quase sempre impera, é preciso destacar quando as coisas são bem feitas. O único senão no aspecto da organização fica pelo pouco número de lixeiras e o acesso aos taxis na saída que é realizado na pista do Aterro, expondo motoristas e pedestres.
Bom, mas vamos ao que interessa: o show de retorno dos Los Hermanos ao palco. Com setlist generoso e duas horas cravadas de apresentação, eles passeiam por toda sua história com a maestria de sempre. De “Iaia”, “Moça”, “Todo Carnaval Tem Seu Fim”, “Vento”, “Pois é”, “Morena”, “Paquetá”, “Sentimental”, “Conversa de Botas Batidas” e outras, que sempre fazem parte do setlist, eles arriscaram colocando outras que raramente apareciam em shows, como “Suin” e “Azedume”.
A generosidade na escolha das canções foi o suficiente para comunicar com o público a alegria genuína que eles demonstravam de estar juntos de novo, já que poucas foram as palavras ditas no palco. Camelo agradeceu a alegria da plateia, os sorrisos no rosto e por estarem os recebendo, mais uma vez, de braços abertos. Amarante arriscou um obrigado. E só. Mas quem precisa de conversinha, quando tanto se é dito em letra de música, não é?
Depois de encerrar a primeira parte da apresentação com “Flor”, eles voltaram para um bis poderoso, que, literalmente, levantou poeira: “Adeus Você”, “Anna Julia”, “Quem Sabe” e “Pierrot” para finalizar uma noite linda, de lua escandalosa no céu, gente feliz de frente para os seus ídolos ouvindo a trilha sonora de muitas vidas. Que venham os próximos shows e os próximos reencontros.
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