Lollapalooza Brasil 2015: Pitty se destaca no segundo dia e Calvin Harris atrai o maior público com suas batidas eletrônicas


No encerramento do festival, Pharrell Williams deixa a desejar, The Kooks impressiona com carisma e versatilidade, enquanto baiana mais roqueira chama Iansã no Palco Axe

Com o céu nublado e a maioria dos presentes usando capas de chuva, o segundo dia do Lollapalooza Brasil 2015 mostrou que festivais desse porte não precisam de tempo bom para serem um sucesso. Corrigindo alguns detalhes de produção que fizeram diferença no dia anterior – como a abertura completa da rua de acesso ao Autódromo de Interlagos – e com o público chegando mais cedo, o domingo foi marcado por cruzadas de um palco a outro, a famosa “garoa” de São Paulo e, claro, ótimas atrações musicais, com destaque especial para Pitty.

Durante o início da tarde, os americanos do Interpol até que conseguiram reunir bastante gente no Palco Skol, ainda mais considerando que o show foi no auge da chuva e paralelo ao do Three Days Grace. De qualquer forma, a primeira mobilização geral aconteceu na apresentação dos britânicos The Kooks, que conseguiram reunir uma boa mistura de carisma, presença de palco e hits conhecidos do público, principalmente em músicas como “Seaside”, “Naïve” (guardada para o final) e “The Sofa Song”, do primeiro disco “Inside In/InsideOut” (2006). Palmas especiais para o vocalista Luke Pritchard pelo conjunto da obra: o sorriso sincero, combinado com os passinhos de dança e momentos mais vulneráveis ao piano fizeram o moço de 30 anos (!!!) arrancar suspiros e gritinho do público feminino (e grande parte do masculino também, por que não?).

Às 17h30, veio a primeira “escolha de Sophia”do público: Pitty ou Foster The People. Enquanto a banda californiana de “Pumped Up Kicks” reuniu mais gente e agradou por uma apresentação bem amarrada e convincente, onde os fãs se descabelavam a cada interação de seus integrantes, a baiana preparou um verdadeiro ritual de amadurecimento no Palco Axe.

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Pitty não estava ali para brincadeiras e, no Palco Axe, mostrou por que foi a artista nacional de maior destaque dos dois dias, apresentando seu novo disco, “SETEVIDAS”, e trazendo uma artista completa, com mais de uma década de carreira e um catálogo bem conhecido do público, sem medo algum de provocar ou se expor. A performance da baiana foi visceral: a plateia cantava sozinha seus maiores hits, como “Máscara”, “Pulsos” e “Na Sua Estante”, ao que ela apenas erguia o microfone e sorria, agradecida pelo carinho em uníssono.

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Pulando e gritando, mas sem nunca perder o prumo, Pitty não fez uma apresentação contagiante apenas para o público, mas ela mesma parecia estar se curtindo no palco, dando entonação especial a cada sílaba que cantava. Apesar de ter passado por problemas técnicos de som durante o show – bem recorrentes no festival, diga-se de passagem -, a cantora não perdeu o rebolado. Momentos antes, em “Um Leão”, seu novo single que ganhou vídeo semana passada, ela já havia mostrado suas raízes baianas sacudindo dois chocalhos e saudando Iansã, Senhora dos Ventos e das Tempestades no Candomblé, com um “eparrei” poderosíssimo que fez arrepiar até o cabelo da nuca. Foi uma performance para ninguém botar defeito, com originalidade, referências e um amadurecimento que aparecia tanto pela voz quanto pela sensualidade da mulher no palco, mostrando que artistas brasileiros conseguem superar – e em muito – grandes nomes internacionais no palco.

Pitty apresenta “Um Leão” no Lollapalooza

Fosse vindo da Pitty (Palco Axe), fosse vindo do Foster The People (Palco Skol), a atração que mais mobilizou o festival como um todo foi Calvin Harris, tanto pela sua quantidade de hits bem conhecidos quanto pela falta de competição no horário, que coincidia apenas com Young The Giant e Childish Gambino, nomes pouco conhecidos frente ao do DJ-estrela e produtor britânico. Se Skrillex já havia lotado os gramados do Palco Onix na noite anterior, Calvin encheu até onde a vista alcançava com gente pulando ao som de músicas como “We Found Love” (com Rihanna), “Sweet Nothing” (com Florence Welch), “I Need Your Love” (com Ellie Goulding), além de suas produções solo como “Summer” e “Feel So Close”. Foi uma apresentação para nenhum amante de música eletrônica colocar defeito.

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Por fim, o público decidiu ir em massa ao show de The Smashing Pumpkins, deixando Pharrell Williams inicialmente mais vazio do que o esperado. Guardando “Happy” na manga para o final, o produtor, rapper e cantor fez uma apresentação simpática, toda focada em seu último disco, mas nem de longe tão digna assim de encerrar um festival como o Lollapalooza. A maioria dos hits que Pharrell produziu só aparece no palco como playback para as dançarinas, batizada “baes”, se apresentarem com destaque, vide “Hollaback Girl”. Ignorando o marketing pesado que a Adidas ganhou através do uniforme de quem estava no palco, ainda era difícil ouvir a voz do artista mesmo nas músicas em que ele mesmo protagoniza os vocais, como “Beautiful”, “Drop It Like It’s Hot” (parcerias com Snoop Dogg) e outras dos tempos de N.E.R.D. e The Neptunes. Não fosse pelos discursos agradecidos e os convites de fãs para subirem ao palco, teria sido o mesmo que ir a uma balada, mas com um DJ performático.

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E assim se encerrou a edição 2015 do Lollapalooza, entre surpresas positivas e negativas, cancelamentos, momentos épicos e muita, mas muita caminhada.