Nos lançamentos musicais da semana, a cena foi dominada pelos retornos de Silva, Coldplay e MV Bill, enquanto Banks mostra uma prévia de seu próximo trabalho, Sam Smith relança seu álbum de estreia com mais depressão ainda e Sia mostra o primeiro clipe de “This is acting”. Ao mesmo tempo, Ellie Goulding põe para jogo seu terceiro disco de estúdio e Carly Rae Jepsen continua na tentativa de emplacar um hit sucessor de “Call me maybe”. Play abaixo!
Sam Smith, “Drowning shadows”: em uma tentativa de vender ainda mais do seu álbum de estreia, “In the lonely hour”, Sam relança o trabalho com algumas faixas extras, incluindo um cover de “Love is a losing game”, de Amy Winehouse, algumas parcerias e essa faixa que dá nome ao projeto. Descrita como “a música mais triste que já escreveu”, a canção fala sobre o dilema entre se aventurar pela vida noturna de Londres em busca de amores passageiros ou ir para casa e ter que lidar com a solidão. Como se a volta de Adele já não trouxesse depressão suficiente às rádios…
Sia, “Alive”: apesar de ter dispensado Maddie Ziegler, Sia usa outra criança no videoclipe de seu retorno, dessa vez um mini-samurai em treinamento, com as danças contemporâneas que já ficaram tão recorrentes em suas produções, mas, agora, fazendo alusão às artes marciais ao longo dos passos. Sim, para um carro-chefe, tanto a música quanto o vídeo são bem menos impactantes que “Chandelier”, mas ainda mostram a capacidade lírica e vocal da artista. E um detalhe extra: agora a peruca-chancela de Sia é preta-e-branca, meio Cruela De Vil. Ou seja, nada de reciclar a fantasia do carnaval anterior.
Sia – “Alive”
Carly Rae Jepsen, “Your Type”: no vídeo, a canadense vive uma espécie de Cinderela pós-moderna, que ao invés de ter um sapatinho de cristal e baile da corte para comparecer, se transforma em dama da noite de um inferninho vazio, com botas de salto-agulha e maquiagem carregada. A música é pop até a última nota, fruto da produção do mestre Rami, que vem se mantendo no topo desde os anos 1990. Esquecível? Sim. Mas rende uma boa balada.
Carlye Rae Jepsen – “Your type”
Banks, “Better”: a artista se prepara para o seu segundo álbum com um single que traz os mesmos gemidos e a dor de um coração partido que lhe tornaram tão elogiada na cena alternativa. O vídeo é altamente artístico e se casa muito bem com a produção mais experimental do que suas faixas anteriores, o que por si só já é um bom sinal, como uma prova de que ela não pretende se afastar muito da sua estética original.
Banks – “Better”
Silva, “Eu sempre quis”: o capixaba também anuncia seu retorno, com a divulgação do primeiro single de “Júpiter”, seu próximo disco com lançamento marcado para o dia 20. Romântico, transbordando amor e poesia, o cantor vem com a voz delicada e suave, enquanto é acompanhado por uma produção semelhante à de Jamie XX e chama seu dengo para povoar outro planeta.
Silva – “Eu sempre quis”
Coldplay, “Adventure of a lifetime”: carro-chefe de divulgação do álbum “A head full of dreams”, que chega às lojas em 4 de dezembro, a faixa traz a sonoridade pop à qual o grupo tem se fixado nos últimos dois álbuns, vide a produção assinada por Stargate, que traz guitarras bem parecidas às de Nile Rodgers. Mais positivo do que o primeiro single de “Ghost stories”, “Magic”, este fala sobre um amor que desperta a vida em alguém, talvez uma declaração tardia de Chris Martin para Jennifer Lawrence. De qualquer forma, uma ótima maneira de voltar às rádios e criar impacto.
MV Bill, “Contemporâneo”: o rapper lança o EP e já abre o trabalho com uma porrada na postura da polícia e nas injustiças no tratamento da mesma com os menores de idade, os negros e os moradores da periferia, em “Incursão policial”. Em “Cêélouco”, MV Bill incorpora um traficante no eu lírico e ataca o vício à cocaína, dos morros à alta sociedade, sem papas na língua ou qualquer tipo de freio. A realidade das crianças que vendem drogas também é abordada na parceria com Kmilla CDD em “Meninos do tráfico”, sobre os “jovens, pretos, vítimas do gueto”, que “já entram no negócio sabendo que morrem cedo”. Em tempos onde o hip hop carece de nomes que coloquem o dedo na ferida, com poucos representantes do gênero dispostos a se arriscarem, é bom ver um dos ícones brasileiros volar à ativa com material novo.
Ellie Goulding, “Delirium”: a britânica lança seu terceiro álbum de estúdio, bem pop dançante, e com produções de Greg Kurstin, Ryan Tedder e Max Martin. Ao longo do trabalho, parece que Ellie se perde em alguns momentos, na tentativa de criar uma eletrônica popular e com sentimento. Mas, quando ela acerta o tom, consegue trazer o seu diferencial novamente e é aí que conquista, como em “Keep on dancing”, faixa altamente influenciada pelo bass e pelo trap, mas que traz um resultado excelente, como se fosse uma “Shake it off”, da amiga Taylor Swift, mas gravada para as pistas e fortemente influenciada pelo estouro mundial de “Lean on”, do Major Lazer, vide o refrão.
“Holding on for life”, com o dedo de Mozella na composição, e “Don’t need nobody” são pontos altos do disco, enquanto os amantes da fase acústica de Ellie, traço tão forte no álbum “Lights”, ainda encontram resquícios desse período em “Lost and found”, mas em uma versão mais upbeat. “Devotion” parece, inicialmente, uma tentativa de se assemelhar à sonoridade do Disclosure, com batidas minimalistas oferecidas por Klas Ählund, mestre do estilo.
Se “Halcyon”, seu álbum anterior, trazia o término com Skrillex como uma forma de apresentar um trabalho unitário, um corpo verdadeiro e condizente, que tratava um único tema do início ao fim, o que une as faixas de “Delirium” é a estética eletrônica, enquanto ela se reveza entre declarações para o atual namorado, Dougie Poynter, e alguns corações partidos pelo caminho.
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