Kevin O Chris: “Boto fé que uma hora as pessoas vão se acostumar com o preto lá em cima”


O cantor de funk carioca, que acaba de gravar seu novo DVD na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, com o público em cercadinhos, conversou com o site Heloisa Tolipan e falou sobre a ansiedade e a felicidade desse novo trabalho.
Com 22 anos, o artista é considerado um dos maiores nomes do cenário brasileiro. “Papai, eu continuo sendo o mesmo Kevin, que quer deixar o público amarradão e também dar conforto para a minha família. Tenho trampado demais, colocado outros ritmos nos meus funks para alcançar cada vez mais gente aqui e fora do país”, agradece

Kevin O Chris acaba de gravar seu DVD, Todo Mundo Ama o Chris, na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro (Foto: Daniel Pinheiro/ AgNews)

*Por Rafael Moura

“Pô, tô ansiosão, cara”, foi assim que Kevin O Chris começou essa conversa com o site Heloisa Tolipan, revelando que foi um misto de ansiedade e euforia a gravação do seu mais novo DVD – Todo Mundo Ama o Chris, na Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. “Eu praticamente morei no estúdio nessa brabeira de quarentena. Estava com muita coisa parada, e a pandemia deixou eu ter tempo para pensar nessas músicas e fazer outras. Passei pelo isolamento social ligadasso até o dia que eu ia mostrar todo o meu trampo novo para o público. Agora chegou a hora! O DVD vai ser estouro”, frisa o cantor.

Kevin O Chris na gravação do DVD – Todo Mundo Ama O Chris (Foto: Daniel Pinheiro/ AgNews)

Respeitando as regras de flexibilização definidas pelas autoridades do Rio de Janeiro, o reencontro com os fãs aconteceu no melhor do ‘juntos, mas separados’, afinal na plateia foram 150 cercadinhos, ocupados por apenas seis pessoas em cada espaço. “Estou com mó saudade de ver o público, olhar a galera cantando o meu som e curtindo o meu trampo. A intenção do DVD é também levar alegria nesse momento difícil”, conta Kevin.

Essa festa contou com as participações de Dilsinho, Dennis DJ, Gaab, MC TH, Xamã, Filipe Ret, MC Marks, MC Nathan, Mãolee e Dfideliz. “Eu chamei as pessoas que geral estão tirando onda nessa quarentena. Dilsinho, BG, Léo Santana, Gaab, Xamã, Filipe Ret, Dfideliz… todos esses artistas têm tudo a ver comigo, porque todo mundo se amarra neles e são meus amigos… e que também fazem uma mistura boa. Quis trazer também uns MCs de favela para mostrar para o mundo os talentos que a gente tem aqui, como MC Marks e MC Nathan”, revela.

Este slideshow necessita de JavaScript.

‘Evoluiu’… É o nome do álbum que o artista lançou no dia 7 de novembro de 2019. Um ano depois, ele grava um novo show, ‘Todo Mundo Ama o Chris’. Perguntamos ao ídolo o que mudou nesse um ano em que foi coroado como o dono do universo funk-pop carioca? “Papai, eu continuo sendo o mesmo Kevin, que quer deixar o público amarradão e também dar conforto para a minha família. Tenho trampado demais, colocado outros ritmos nos meus funks para alcançar cada vez mais gente aqui e fora do país”, agradece. Lembrando que na edição de 2019, do Lollapalooza, Kevin O Chris participou do show de Post Malone, cantando ‘Vamos Pra Gaiola’.

O Spotify divulgou que entre as 200 músicas mais ouvidas em sua plataforma em 51 países, o funk é destaque entre os gringos, levando a nossa cultura para diferentes cantos do mundo. “Pô, temos muitos artistas brabos agora. A produção ‘evoluiu’ muito. Faço um som com ritmos diferentes, e os gringos tão se ‘amarrando’. A gente mostrou que consegue juntar vários estilos diferentes, assim como muitos artistas fazem lá fora. Agora, eles querem conhecer a nossa realidade, a nossa cultura. Funk é cultura!”, enfatiza.

O Funk sofre preconceito porque é um movimento de periferia e aborda questões que as pessoas não estão acostumadas a lidar. Esse ritmo sobre a vida na periferia e o preconceito das classes mais altas com o funk e a cultura que o envolve e apesar de todo o sucesso do que sacode multidões de todas as camadas sociais, percebemos que o funk ainda é marginalizado. “Uma forma de mudar esse preconceito é continuar cantando a nossa realidade. Outro dia mesmo o MC Cabelinho foi chamado pela polícia por causa de uma letra que fez. Mas como o artista vai cantar o que ele não vive? A gente não mente e nem conta caô. A gente escreve sobre tudo o que a gente vê, e estamos conseguindo subir na vida com a nossa arte. Boto fé que uma hora as pessoas vão se acostumar com o preto lá em cima”, espera.