Conhecido por cantar músicas de Chico Buarque com sotaque pernambucano, Tibério Azul ficou um tempo fora dos holofotes mas, agora, o cantor afirma que voltou para ficar. O segundo álbum solo intitulado ‘Líquido ou a vida pede mais abraço que razão’ acabou de ser lançado de forma independente ao lado do seu livro ‘Líquido ou O Homem Que Nasceu Amanhã’ com a Editora Confraria do Vento. Ambos falam da liquidez das coisas no sentido de que os sentimentos e momentos não possuem uma forma, existindo fora do universo material. Tudo começou com a vontade do rapaz de escrever seu segundo CD, porém a quantidade de inspirações foi tão grande que conseguiu preencher as 76 páginas de um livro de poesia com leves momentos de narrativa. “O livro e o disco são muito independentes, apesar de terem vindo de uma mesma matriz e ser parte de uma mesma obra. Planejo esse disco há muito tempo, desde que lancei meu último. Quando comecei a produzi-lo de fato percebi que tinham muitas ideias saindo e que isto poderia se tornar uma segunda coisa. No entanto, não sabia naquele momento que seria o livro. A revelação chegou com o tempo, mas um consegue existir sem o outro”, contou o cantor.
O motivo de sua ausência foi focar no nascimento e criação da pequena Branca, a filha do cantor que tem apenas 3 anos. Durante estes anos de afastamento, se dedicou à produção do disco que possui algumas influencias da mais nova. “A minha filha está muito presente neste disco, apesar de ter começado a produzir antes dela. Criança é um ser que dialoga muito com todos os elementos, mas é uma pessoa ainda em formação”, informou. Depois de focar em Branca, o que Tibério mais quer agora é ser reconhecido no cenário nacional para se consolidar no mercado.
Nas duas produções do cantor, o ser humano está sempre em pauta. Dessa forma, podemos encontrar grandes reflexões sobre o íntimo do cantor e das pessoas que o rodeiam. “Gosto muito de estudar o ser humano e entender o interior das pessoas. Minha arte fala sobre isso. O budismo, dessa forma, é uma grande fonte de inspiração para mim. Costumo frequentar e estudar sobre esta religião. Não me considero parte dela, mas sou um curioso”, sugeriu. É na poesia que consegue aprofundar sobre sua forma de perceber o mundo. Neste disco, existe uma forte influência do elemento água para explicar suas teorias. No álbum passado, a terra dominou seus pensamentos. “Estou construindo um trajeto pelos elementos através de uma sequência lógica minha, particular. Na verdade, nem tinha me dado conta disto até pouco tempo”, comentou Tibério.
É a primeira vez que o pernambucano lida com uma editora. O rapaz assinou o contrato de seu livro com Confraria do Vento e comemora o sucesso da parceria. “A editora é muito próxima e amiga, mas acabo tendo que seguir alguns caminhos que no CD não preciso por decidir o que quero fazer”, complementou. No disco, o compositor não precisou seguir nenhuma regra externa por ter lançado de forma independente. Apesar de não ter tido ajuda externa, Tibério acredita que este formato é mais fácil e tende a continuar no mercado. “É um caminho natural, porque você tem a liberdade de escolher o que vai fazer com essa produção. Ter uma gravadora ou alguém te apoiando é uma raridade tão grande que chega a ser esquisito. Isto reflete uma remodelagem do mercado, porque as gravadoras estão entrando em crise conforme os músicos vão diminuindo a sua dependência. Percebo que os artistas focam muito no seu nicho e não pretendem mais se tornar grandes nomes fora desse núcleo”, refletiu.
Cada vez mais, os artistas estão fazendo shows que unam vários cantores diferentes. Tibério adora este formato já tendo tocado com Chico Buarque, Clarice Falcão e Pedro Luis. “Acho essa troca de informações muito importante, afinal a música é uma arte que deve ser compartilhada. Escolho meus convidados de uma forma afetiva e pela compatibilidade artística. Tenho amigos que são músicos mais tem um estilo muito diferente do meu o que acaba não favorecendo uma parceria. Clarice e Pedro são pessoas que era fã e já considero amigos”, comentou.
Além de fazer parcerias, o cantor possui uma banda que homenageia Chico Buarque. A ideia começou depois do sucesso de sua primeira banda profissional, a Mula Branca cujo projeto falava de literatura. Devido ao sucesso, os jovens músicos resolveram se desafiar cantando um famoso artista brasileiro com o sotaque de Recife. “A ideia foi muito elogiada, tocamos em vários lugares do Brasil sempre com casa cheia. Escolhemos homenagear o Chico por causa do desafio que ele significava para a gente porque são músicas altamente complexas que seriam feitas por garotos. Depois de dez anos cantando ele, o significado desse músico aumentou muito e, hoje, é uma das minhas maiores influências. É impossível escrever uma canção sem algo dele”, informou.
Apesar do conjunto não ter começado por causa de fanatismo, aos poucos os integrantes foram se apaixonando por Chico Buarque. A banda Seu Chico já cantou ao lado da inspiração do grupo e emoção foi o que não faltou. “Nunca esperei me abalar ao encontra-lo pela primeira vez, mas foi muito impactante. Estávamos calados e nervosos. Quando o vimos passamos a entender o quanto significava para a gente e como o idolatrávamos”, relembrou.
Nos últimos anos, os integrantes resolveram focar em trabalhos solos, mas prometem voltar com força total ainda em 2017. Além deste projeto, Tibério volta à ativa com vários trabalhos agendados. “Este ano pretendo focar muito nos meus shows para divulgar meu trabalho e quero fazer recitais onde consiga declamar algumas poesias do meu livro”, contou o cantor.
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