ID:Rio Festival – Fernanda Abreu entrega tudo em show que reuniu hits inesquecíveis e o lifestyle do Rio de Janeiro


Antes de subir ao palco do ID: Rio Festival – multiplataforma que impulsiona a identidade/energia criativa do Estado do Rio de Janeiro – Fernanda bateu um papo exclusivo com o site e falou sobre a vida nos 40 anos de carreira, o momento atual, paixão pela moda e sobre fazer questão de amadurecer em paz e cercada de afeto. A cantora também comentou o fato de ser uma mulher empoderada desde sempre e de se tornar referência para outras artistas que vieram depois: Minha relação com o funk carioca começou em 1989, no primeiro álbum do DJ Malboro. Coloquei a cara, e passei a ser uma defensora dessa expressão que sempre foi tão marginalizada. Acho que a imprensa já me batizou, ‘mãe do pop dançante brasileiro’ e ‘madrinha do funk'”, frisa

Fernanda Abreu, a nossa eterna “garota carioca, suingue sangue bom”, fez uma apresentação para ninguém ficar parado no último final de semana no ID:Rio Festival, multiplataforma que faz a sinergia entre moda, capacitação, empreendedorismo, feira de design, jornada de conhecimento, gastronomia e música impulsionando a identidade/energia criativa do Estado do Rio de Janeiro. Não faltaram no repertório hits como ‘Veneno da lata‘, ‘Garota sangue bom‘ (a própria), ‘Kátia Flávia, a Godiva do Irajá‘, ‘É hoje‘, ‘Baile da pesada‘, ‘Jorge Capadócia‘. “Foi uma vibe linda e com o Brasil com novos horizontes é hora de a gente comemorar”, vibrou, em entrevista exclusiva ao site. “Um evento grande como esse que dura quatro dias e tem gastronomia, moda, talks, música, é sinônimo de relevância para o Rio de Janeiro”, acrescentou sobre o ID:Rio, que é apresentado pela Enel, com patrocínio do Governo do Estado do Rio de Janeiro e da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, contemplando estímulo em alta potência ao trade da moda em conexão com as artes.

Fernanda Abreu deluxe no palco do ID:Rio Festival (Foto: Camila Mendes)

Como avalia esses anos todos vivendo da música? “Não é fácil, já vivo dela há 40 anos, desde que comecei com a Blitz em 1982. A gente passou por vários momentos diferentes da indústria fonográfica, não só do ambiente musical, mas gravadoras, shows, espetáculos. Nós vivemos uma transição muito difícil que foi do analógico para o digital. Para um compositor, músico ou artista, viver exclusivamente de música é complicado, porque as plataformas de streaming pagam pouco e esse é um mercado muito competitivo, mas quem nasce para viver de música e da arte sabe que não tem como escapar. A música é que escolhe a gente”.

Fernanda Abreu: ‘mãe do pop’ e ‘madrinha do funk’ (Foto: Camila Mendes)

Fernanda é mulher abençoada por São Jorge, empoderada há mais de três décadas: cantora, compositora, bailarina e pioneira da música pop dançante brasileira. Se vê como precursora para artistas como Anitta e Luiza Sonza, por exemplo? “Para uma mulher que trabalha com música, o primeiro desafio é enfrentar um universo que é muito masculino, arranjadores, produtores executivos de música, imprensa, cada vez mais as mulheres estão conseguindo ocupar esse espaço, que é muito importante e é preciso muita coragem. Minha relação com o funk carioca, por exemplo, começou em 1989, no primeiro álbum do DJ Malboro, quando o funk ficou mais conhecido. Coloquei a cara, e passei a ser uma defensora dessa expressão que sempre foi tão marginalizada, tão criminalizada. Acho que a imprensa já me batizou, ‘mãe do pop dançante brasileiro’ e ‘madrinha do funk'”.

Fernanda Abreu: “A música é que escolhe a gente (Foto: Camila Mendes)

Estilosa e antenada com o universo ao redor no cantar, se posicionar e vestir, Fernanda fala da sua relação com a moda: “Adoro desde pequena e minha mãe sempre gostou. Ela amava boutiques que eram consideradas avant- garde no Rio de Janeiro. Acho que está no meu DNA, esse gosto pelo estilo e pela moda, sempre curti muito, desde quando era da Blitz e depois com a minha carreira solo. Têm algumas peças que, para mim, são clássicos: jeans e peças básicas, em preto e branco, que facilitam na hora de combinar e são práticas durante uma viagem ou em turnê. Amo também acessórios, que contribuem para o estilo com identidade. Cintos, joias, bijuterias, sapatos…”, revela.

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Amadurecer com paz e amor

“Amadurecer é a uma coisa legal, não tem outra saída. Então, acho que primeiro é tirar a expectativa desse envelhecimento e tentar encarar da maneira mais simples e natural possível, que é o ciclo da vida. Nós vamos envelhecer e morrer, faz parte da vida. Enquanto isso, nós vamos tendo inspiração e disposição para realizar nossos sonhos. Mantenho energia positiva em relação à vida”, divide a cantora.

De corpo e alma: Fernanda Abreu em ação (Foto: Camila Mendes)

E como cuida do corpo e mente sã hoje? “Uma das ações mais importantes para a gente se manter saudável tanto no corpo como na mente, é o exercício físico, a alimentação, o amor e o afeto. Procuro manter uma relação afetiva com os meus amigos, os profissionais que trabalham comigo, meu marido (o músico Tuto Ferraz), meu ex-marido (Luiz Stein), minhas filhas (Sofia, 28; Alice, 21) . O amor é muito importante para a gente manter a capacidade de continuar vivendo a vida”.

Fernanda também faz questão de compartilhar alguns ganhos da jornada até aqui: “Aprendi nesses 40 anos de carreira que o trabalho em conjunto nos leva à uma trajetória longeva. Contamos com o apoio luxuosíssimo de outros artistas, produtores, empresários músicos, amigos e a família. Espero que nesse momento em que existe um movimento muito individualista, a gente consiga reconhecer a importância do coletivo, da parceria, da equipe, e saber que trabalhar junto é fundamental”.

“Mantenho energia positiva diante da vida” (Foto: Camila Mendes)

E fala sobre as novidades para esse 2023 recém-nascido: “Estou cheia de planos para esse ano, mas neste momento quero muito fazer show. Ficamos dois anos parados na pandemia. Nem quando estava grávida das minhas filhas, eu fiquei tanto tempo longe dos palcos. Estou  precisando matar essa saudade. E também estou começando a compor material novo, mas sem data específica para lançar. Não quero ficar com essa cobrança gerando ansiedade e expectativa. Tenho planos, sim, e são bem bacanas”.

Fernanda Abreu em ação (Foto: Camila Mendes)

Que esperanças tem para o futuro do país? “Sou uma pessoa esperançosa. Ainda mais agora que conseguimos nos livrar do governo dos últimos quatro anos. O Brasil, especialmente para nós do setor artístico e cultural, foi assim uma violência. O ex-governo  já chegou demonizando a arte e colocando a população contra os artistas. Tenho esperança no governo Lula, de frente ampla. E ele fez muito bem unindo essas forças em prol da democracia contra o pensamento de extrema direita. Espero que a gente consiga eliminar esses pensamentos são destrutivos, a favor das armas, contra gays, pretos e mulheres”.