*Por João Ker
Para aqueles que conhecem os caminhos obscuros da internet, a manhã desta quarta-feira (17/12) começou com uma surpresa boa e bombástica: 13 músicas novas de Madonna vazadas online. Claro que, em questão de horas, a notícia já havia rolado inúmeros sites e chegou até os ouvidos da própria cantora. Ao invés de quebrar um iPod e xingar muito no Instagram, dessa vez a Rainha do Pop resolveu fazer a fofa, agradecendo a todos os fãs que “não ouviram” as faixas.
Agora que o buzz interminável já passou e todo mundo se acostumou com a ideia de que essas músicas soltas online são na verdade demos e que o álbum ainda não está finalizado, uma coisa é certa: algumas dessas faixas certamente estarão no produto final – algumas com features de gente como Nicki Minaj e Alicia Keys, provavelmente – e a partir daí já dá para se ter uma ideia do que esperar. Afinal, o último álbum da cantora, MDNA (2012), não foi lá um grande sucesso de crítica e vendas. Logo, a expectativa para o seu 13º lançamento de estúdio é alta. Abaixo, HT analisa rapidamente música por música e dá a você os motivos positivos para acreditar que, sim, a Rainha do Pop está voltando ao trono com força total. Afinal, ainda demorará bastante para que ela perca sua majestade.
“Addicted (The One That Got Away)”: Apesar do título, essa música não tem nada de Katy Perry. Madonna começa com um violão para depois explodir em uma profusão de batidas eletrônicas, uma característica que é a cara da produção de Avicii e irá se repetir por grande parte das demos vazadas. A letra fala sobre um amor viciante que a destruiu e a deixou sozinha. O refrão lembra um pouco demais “I’m Addicted”, do álbum antecessor. Mas a popstar não é nenhuma novata em se autorreferenciar. Atenção para a última parte, na qual ela grita os versos e mostra o melhor daquela fúria que o mundo tanto vê em entrevistas.
“Bitch I’m Madonna”: HT admite que essa música está coçando no nosso imaginário desde que Diplo nos contou sobre ela durante a Copa do Mundo. É fácil perceber o motivo pelo qual o produtor estava tão empolgado com o resultado. Cantando de maneira divertida como uma adolescente, Madonna faz uso da filosofia carpe diem em versos como “we go hard or we go home/ we gon’ do this all night long”, em algo que soa como uma versão atualizada e mais animada de “We Can’t Stop”, da Miley Cyrus. O dubstep aqui traz o melhor de Major Lazer, lembrando músicas como “Jah No Partial” no refrão. Provavelmente renderá uma das melhores performances que a Rainha fará para promover o lançamento. A semelhança do título com o famoso bordão de Britney Spears, “It’s Britney, bitch”, é até perdoado.
“Borrowed Time”: Chega a hora da Madonna reflexiva e preocupada com o mundo. É um hino de aceitação e “filosofia do amor” que lembra bastante as letras de “They Don’t Care About Us”, de Michael Jackson. Em termos musicais, parece algo requentado de Avicii, com partes muito similares a “Wake Me Up”.
“Illuminati”: Madonna em sua melhor forma como compositora. Provocativa, irônica e sem medos. Nessa produção de Diplo, ela brinca com os boatos acerca da sociedade secreta dos Illuminati, falando que eles não são “Beyoncé, Jay-Z, Nicki Minaj, Barack Obama, Google, Bill Clinton, Rihanna, Lady Gaga” ou o que quer que seja. “O olho-que-tudo-vê está vigiando hoje à noite/ É isso que ele significa / Verdade e luz / É como se todo mundo nessa festa estivesse brilhando como Illuminati”. O ritmo agitado faz com que a música seja perfeita para as pistas de dança.
“Joan Of Arc”: Típica baladinha de Madonna. A produção de Mozella é visível através do violão arrastado e das letras dramáticas, lembrando seu trabalho como artista solo em “Light Years Away”. Nada memorável, mas serve para mostrar um lado mais vulnerável de Madge, com letras que não chegam a ser tão pessoal quanto o álbum ultra pessoal “Ray Of Light”.
“Living For Love”: Uma das preferidas entre o público, com uma grande mistura da era Disco, se transformando mais tarde em clássico EDM. Na faixa, é possível ver claramente a influência de Disclosure entre os gemidos e gritos do refrão, os ecos e as camadas de vozes sobrepostas, lembrando principalmente o recente e ótimo trabalho da dupla britânica com Mary J. Blige ou ainda a música “What’s In Your Head”. É possível ouvir o piano tocado por Alicia Keys e ainda imaginar como seria a cantora fazendo um featuring através do coral empolgado que aparece no final e adiciona uma grandiosidade ainda maior à produção de Diplo.
“Make The Devil Pray”: Mais uma vez o violão aparece em uma das letras que provavelmente causarão mais problemas críticos à Madonna, graças à apologia nada implícita que ela faz ao uso de drogas. Um instrumental meio celta somado às cordas faz com que a música seja quase uma mistura entre “Love Spent” e “Falling Free”, do MDNA, com um toque de Ray of Light nos vocais puros.
“Messiah”: Essa provavelmente será a maior surpresa quando a produção estiver concluída. Violinos e uma orquestra transformam a faixa sobre amor devoto, em mais uma provocação da Rainha do Pop a temos religiosos. Apesar de não ter grande alcance vocal, ela consegue se manter bem através da música, que é uma forte candidata à balada mais poderosa de sua carreira.
“Revolution”: Uma referência ao seu último projeto “Art For Freedom”, na qual ela chama o público para uma revolução entre palmas e um violão que destila latinidade no som em uma produção que parece bem promissora. Aqui o intuito não é levantar uma revolta apenas contra o atual estado da arte, mas de tudo. “Não há como nos parar hoje / Melhor tomar cuidado, você está no nosso caminho / Nós somos as crianças do futuro, não sabia?”.
“Unapologetic Bitch”: Várias estrelinhas douradas para essa faixa. Madonna investe finalmente em um ritmo no qual nunca tocou – o reggae. Aqui ele aparece mesclado à produção eletrônica do Major Lazer, mas é um som perfeito para o verão (afinal, apesar de serem apenas demos, é óbvio que as músicas chegarão Às pistas de dança). Aqui, tudo pede por uma participação de Rihanna: desde o título fazendo referência ao último álbum de Rih (“Unapologetic“), à letra irreverente, o suingue jamaicano, a letra falando sobre o fim de um relacionamento e uma certa maneira de entoar os versos. Já dá até para imaginar as duas descendo até o chão com o passinho da borboleta enquanto dão tapinhas na virilha. Mas se não rolar, Gwen Stefani também funcionaria.
“Heartbreak City”: Bem, se você ainda não suspeitou pelo título, essa não é uma música animada. Na verdade, é uma grande mistura de dor de cotovelo com raiva e remorso na maior depressão das faixas vazadas. O produto final provavelmente terá uma grandiosidade infinita, vide a orquestra de fundo que já aparece na demo. Aqui ela reencontra a Madonna de “Frozen” com um pouco do ódio de “Gang Bang”, em estrofes e versos perfeitamente construídos.
Clicando aqui você lê o que dissemos sobre os leaks anteriores de “Rebel Heart” e “Wash All Over Me” e a fase fetichista que Madge reviveu para a Interview.
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