Grammy Latino: noite brasileira ganha edição especial online, mas não empolga e tem tropeços na apresentação

* Por Carlos Lima Costa

Na 21ª edição do Prêmio Anual do Grammy Latino, sob o tema A Música Nos Humaniza, a Academia Latina da Gravação inovou ao dedicar uma cerimônia especial, a Première Brasil, com transmissão online, para anunciar ao público brasileiro os vencedores das oito categorias de canções em língua portuguesa. Mas o que poderia ser uma noite mais vibrante, mesmo sendo transmissão online, acabou se tornando meio sem sal. A começar pela mestre de cerimônias do evento, a modelo Laís Ribeiro. Apesar de ter caprichado no visual, elegante em um vestido com decote generoso, ela estava visivelmente muito tensa e se atrapalhou em alguns momentos, como a própria admitiu no decorrer da noite. “Me sinto honrada de fazer parte deste grande espetáculo que enaltece a excelência musical de nossos cantores, compositores, produtores e gênios do som. Quero parabenizar a todos vocês e lhes desejar uma boa sorte”, ressaltou ela, na abertura direto de Miami.

A top model Lais Ribeiro estreia como Mestre de Cerimônias (Foto: Reprodução Grammy)

E para quem esperava ver veteranos medalhões da MPB vitoriosos, a única exceção foi João Bosco. Nomes como Martinho da Vila, Maria Bethânia, Elza Soares e Ney Matogrosso ficaram apenas na indicação.

Antes de serem revelados os vencedores, Lais, explicou que tudo começaria com uma música vibrante. “Nada melhor do que duas estrelas da nossa terra. A primeira, uma lenda pop brasileira e o outra, um poeta de ritmos improvisados, duplamente indicado nesta noite. Hoje, se reúnem para nos oferecer uma iguaria musical, que é uma mistura de seus talentos”, afirmou chamando Emicida e Marcos Valle. “Fico muito feliz de ter sido convidado para apresentar a minha música Pequenas Alegrias da Vida Adulta com esse mestre”, frisou Emicida, antes de cantar, com os dois tocando teclado.

Emicida e Marcos Valle cantam Pequenas Alegrias da Vida Adulta (Foto: Reprodução Grammy)

Logo no início da transmissão, Laís pediu para que os vitoriosos da noite mantivessem o discurso em 30 segundos. “Quero pedir que se o ganhador for um grupo, apenas uma pessoa fale por todas. Se outras pessoas começarem a falar, seu microfone será cortado. Por favor, fale apenas uma pessoa”, disparou, reproduzindo, é claro, uma orientação meio indelicada da parte dos promotores desta celebração da música.

Melhor álbum de Música Cristã foi a primeira categoria a ter o nome do vencedor revelado: Reino, de Aline Barros. Mas em uma cerimônia especial dedicada a língua portuguesa destoou o discurso de agradecimento da estrela feito em espanhol. “Aleluia, glória a Deus. Não tenho palavras para agradecer. Temos milhões de motivos para agradecer a Deus, pela vida, pela saúde, pela família, tudo que Deus tem dado a todos neste tempo de pandemia. Então, agradeço por mais esta conquista. Estou muito contente e vamos criar expectativas e crer que dias melhores estão por vir. Eu creio e estou segura disso”, ressaltou Aline que superou, entre outros, o Padre Marcelo Rossi, que concorria com o álbum Maria Passa À frente.

Na Melhor Canção, prêmio aos Compositores, a vitoriosa foi Abricó-de-Macaco, de Francisco Bosco e seu pai, João Bosco. “Em nome do meu parceiro, quero dizer que estamos muito felizes com esta distinção. Obrigado a todos que nos prestigiam. Digo e repito, a música vai nos salvar, vamos em frente”, disse João Bosco.

Em seguida, Amarelo, de Emicida, foi eleito Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa. “Obrigado meu São Benedito, obrigado a todo mundo que acreditou em nós e a todas as pessoas que participaram do projeto. Minha esposa, meus filhos, este disco é dedicado a vocês, a todas as pessoas que acreditam que é possível construir. Obrigado também a Academia pelo reconhecimento”, frisou ele, que concorreu também com Amarelo, na categoria vencida por João Bosco.

Superando Maria Bethânia, Martinho da Vila, Moacyr Luz e Zeca Pagodinho, o cantor Cláudio Jorge, com Samba Jazz de Raiz, Cláudio Jorge 70, levou o troféu de Melhor Álbum de Samba/Pagode. “Maravilha, muito obrigado à Academia, que alegria, que prazer. Obrigado Rodrigo Lopes, meu co-produtor, obrigado a todas as pessoas que participaram desse trabalho. Amanhã (esta sexta-feira), 20 de novembro, aqui no Rio de Janeiro, é Dia da Consciência Negra. Quero dedicar esse prêmio aos pretos do passado que fundaram o samba e o jazz”, discursou em tom festivo.

“Eles compõem as melodias que o mundo precisa nos dias de hoje, com positividade, alegria, letras bonitas expressando sentimento de paz em cada canção. Hoje, eles são indicados ao Latin Grammy na categoria de Melhor Álbum Pop Contemporâneo. Vamos voltar para São Paulo e dar boas vindas ao Melim”, disse Lais Ribeiro. Do topo de um prédio, em SP, a banda formada pelos irmãos Rodrigo, Gabi e Diogo Melim mostrou um medley com Eu Feat. Você, canção homônima ao disco que estava concorrendo, e Gelo. “Que alegria fazer parte dessa celebração da música que tem nosso álbum indicado ao Grammy Latino”, frisaram os integrantes. O prêmio ficou com com APKÁ!, da cantora Céu.

Uma das atrações musicais do evento, a Banda Melim (Foto: Reprodução Grammy)

Por sua vez, Toninho Horta superou o trabalho de Zeca Baleiro, Ney Matogrosso, Elza Soares, e Caetano Veloso & Ivan Sacerdote, ficando com o troféu de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira, com Belo Horizonte. A gritaria na casa de Toninho era tanta, mas ele mandou ver: “Sem palavras, porque eu esperei muito esse resultado e foi muito legal. Obrigado, Academia. Todos vocês escolheram um disco representativo da música brasileira de um instrumentista e compositor. Isso é muito bacana pra gente. Dedico esse prêmio aos meus companheiros da Orquestra Fantasma e a todos os músicos do mundo. Estou feliz e nervoso ao mesmo tempo, agradecido aos todos os concorrentes e indicados e quero deixar um recado para o futuro da música mundial. Tenham saúde, acreditem no seu talento, tenham muito sucesso e amor no coração pra fazer música. Sem amor para fazer música, não adianta nada”.

A cantora Paula Fernandes ganhou como Melhor Álbum de Música Sertaneja, Origens (Ao Vivo em Sete Lagoas). Como Paula não estava online, Lais avisou: “A academia fará ganhar, chegar, gente desculpe estou um pouco nervosa, tudo bem, é a primeira vez, fará chegar até você Paula Fernandes.” Em sua rede social, Paula explicou, porque estava ausente. “Na hora que anunciou deu pane na internet, mas esse prêmio é nosso. Estou muito emocionada e feliz”, postou.

Já Mariana Aydar , com Veia Nordestina, levou na categoria Melhor Álbum de Música de Raízes.

Tirando um pouco mais do brilho da noite, além de Paula, Mariana e Céu, a última a ter a vitória revelada, também não estavam linkadas prestigiando o evento, que encerrou com Laís parabenizando todos os vencedores.

PREMIADOS:

• Melhor álbum de Música Cristã – Reino, de Aline Barros
• Melhor Canção, prêmio aos Compositores – Abricó-de-Macaco, de Francisco Bosco e João Bosco
• Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa – Amarelo, de Emicida
• Melhor Álbum de Samba/Pagode – Samba Jazz de Raiz, Cláudio Jorge 70, de Cláudio Jorge
• Melhor Álbum de Música Popular Brasileira – Belo Horizonte, com Toninho Horta.
• Melhor Álbum de Música Sertaneja – Origens (Ao Vivo em Sete Lagoas), de Paula Fernades
• Melhor Álbum de Música de Raízes – Veia Nordestina, de Mariana Aydar
• Melhor Álbum de Pop Contemporâneo – APKÁ!, da cantora Céu

Lais Ribeiro encerra a premiação (Foto: Reprodução Grammy)