* Por Junior de Paula
Valesca Popozuda não está para brincadeira. Aos 35 anos e depois de muitas polêmicas, ela quer marcar seu território de forma ainda mais efetiva no pop brasileiro. Sim, isso mesmo, no pop.
Apesar de ser uma legítima e orgulhosa representante do funk carioca desde o começo de 2000, quando surgiu liderando a turma da Gaiola das Popozudas, Valesca tem tudo para se transformar na próxima estrela da Poplândia brasileira em 2014, destronando ou reinando junto de Anitta, a estrela de 2013 nesta seara.
Valesca é esperta, não tem medo de rir de si mesma e sabe como poucas usar a mídia a seu favor. Quem não se lembra do seu ensaio para a Playboy em 2009, no qual em uma das fotos aparecia nua em cima de uma foto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva? A admiração, dizem, mútua, começou quando eles se conheceram no Complexo do Alemão, no ano anterior, e rendeu várias homenagens por parte de Valesca.
Além da tal foto, ela compôs um funk que dizia: “Conheci o Lula no Complexo do Alemão, e ele não tirou o olho do meu popozão”. E alguém julgaria o ex-presidente se isso fosse, realmente, verdade? Claro que não. Valesca tem o poder e sabe disso. E brinca com isso. E não tem medo disso.
Seu último clipe, aliás, é a prova que faltava para garantir a Valesca um lugar de destaque no mundo pop. Beijinho no Ombro, um funk-pop delicioso de refrão chiclete e versos que funcionam com statement de uma mulher que não está para brincadeira, ganhou um clipe ainda mais delicioso.
Dirigido pela Map Style, com imagens rodadas em um castelo em Itaipava com direito a tigres, águias, bailarinos e muitas trocas de roupa, Valesca encarna uma rainha cheia de autoconfiança que deseja a todas as inimigas uma vida longa para que elas possam ver a sua vitória. E elas, se é que ainda vão ter coragem de se rebelar contra a nova rainha do pop, devem estar impressionadas com o poder de fogo de Valesca.
O filme, que tem mais de sete minutos – três deles só para que ela tivesse oportunidade de agradecer a todo mundo nos créditos (rainha humilde!) -, já foi visto por mais 1,3 milhão de pessoas em apenas uma semana e, dizem as más línguas, foi um dos mais caros já produzidos no Brasil. Detalhe: corre à boca pequena que teria custado cerca de R$ 437 mil.
Pelo sim, pelo não, o que importa é que temos um vídeo que não deixa nada a dever às produções internacionais e que não tem medo de ser grandioso, ambicioso e sem papas na língua, ocupando um espaço vago no mundo dos clipes, que apela cada vez mais para registros ao vivo ou produções intimistas, minimalistas e politicamente corretas.
Vida longa à Valesca. E para quem discorda, tudo bem, late mais alto, que de onde ela está ela não te escuta. Beijinho no ombro!
* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura.
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