*Por Simone Gondim
Tudo indica que os 75 anos de Gal Costa ganharam, finalmente, uma comemoração à altura da artista. Depois de uma live marcada por inúmeros problemas técnicos, realizada no dia do aniversário dela, em setembro de 2020, a baiana vem presenteando os fãs com duetos lançados aos pouquinhos com artistas de diferentes gerações, como quem não quer deixar a festa acabar. Já estão nas plataformas digitais oito singles, que farão parte do álbum “#Gal 75”, previsto para ser lançado em fevereiro deste ano pela gravadora Biscoito Fino.
A direção artística de Marcus Preto soube valorizar a voz de Gal Costa e respeitar as cinco décadas e meia de carreira da artista, deixando no passado os registros originais das músicas escolhidas para fazerem parte do projeto. Com a generosidade das grandes estrelas, a baiana abre espaço para seus convidados brilharem. Não há decepção ao ouvir as versões de “Avarandado”, “Nenhuma dor”, “Juventude transviada”, “Meu bem, meu mal”, “Negro amor”, “Coração vagabundo”, “Baby” e “Paula e Bebeto”.
As primeiras canções ficaram disponíveis em 13 de novembro de 2020 e foram lançadas, originalmente, no álbum “Domingo”, de 1967. “Avarandado”, de Caetano Veloso, ganhou delicada releitura com a presença de Rodrigo Amarante, que também assina a produção musical da faixa. No arranjo de base criado por Amarante, ele toca violões, bandolim, baixo e percussão, acompanhado por Felipe Pacheco Ventura (violões e violas) e Marcus Ribeiro (violoncelos). Em “Nenhuma dor”, de Caetano Veloso e Torquato Neto, o falsete de Zeca Veloso aos poucos entra em harmonia com o tom mais doce de Gal até virar segunda voz no fim do single. Dessa vez, Ventura assume os violinos, enquanto é de Zeca o violão que conduz o arranjo.
Em 27 de novembro, chegaram “Juventude transviada”, de Luiz Melodia, em dueto com Seu Jorge, e “Meu bem, meu mal”, mais uma composição de Caetano Veloso, cantada com Zé Ibarra. Na primeira música, Seu Jorge também toca violão e divide a produção musical com Ventura, responsável pelo arranjo de cordas. A percussão marcante do início é de Gabriel Vaz, conferindo um ar sombrio ao tom grave do cantor. Já a parceria de Gal e Ibarra traz um jogo de vozes que se alternam – cabe a ela o grave, enquanto o agudo é dele, até os dois se fundirem de maneira deliciosa no último verso. É de Ibarra o piano que conduz a gravação.
No dia 18 de dezembro, o público conheceu a que talvez seja a versão mais bonita do repertório de “#Gal 75”. Em “Negro amor”, o uruguaio Jorge Drexler solta a voz em português, com sotaque quase imperceptível. A versão de “It’s all over now, baby blue”, de Bob Dylan, feita por Caetano Veloso e Péricles Cavalcanti, tem coprodução de Ventura e Drexler, com um potente arranjo de violinos, violas e violoncelos. “Coração vagabundo”, por sua vez, reedita a parceria com Rubel, que encantou a plateia carioca em uma apresentação do show “A pele do futuro”. Fica bem clara a referência de Rubel à intepretação de Caetano Veloso, que por sua vez remetia a João Gilberto.
Para completar, em 8 de janeiro chegou ao mercado outra versão de uma das músicas mais emblemáticas do repertório de Gal: “Baby”, com participação de Tim Bernardes, que não deixa a desejar em relação à original. Além de cantar, o convidado é produtor musical e arranjador da faixa, orquestrando violas e violinos tocados por Ventura. “Gravando “Baby” juntos eu bati no fundo da terra, na lua e voltei. É uma loucura”, disse Tim Bernardes. No mesmo dia, foi lançada “Paula e Bebeto”, primeira parceria de Milton Nascimento com Caetano Veloso, gravada em 1975, trazendo Criolo como convidado no formato 2021. A produção musical e os arranjos de cordas são de Felipe Pacheco Ventura, enquanto o coro é feito e arranjado por Zé Ibarra.
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