*Por Domênica Soares
Francis Hime, cantor, compositor, arranjador e pianista está produzindo mais um álbum que promete conquistar ainda mais o público. Idealizado para o mês de outubro, a ideia do trabalho musical surgiu no ano passado, quando fez uma música com o poeta Tiago Torres e esse resultado acabou gerando interesse. A partir desse momento, ele começou a pensar em criar um novo disco. O novo álbum chega depois do fabuloso “Navega Ilumina” (2014), o último trabalho com músicas inéditas. “Dessa vez, eu comecei a pensar em fazer um disco comemorando meus 80 anos. Recuperei algumas músicas que tinha no baú e que nem me lembrava mais. Descobri umas 30, mas usei apenas 13 e comecei a dividir com as pessoas que iria convidar”, conta.
Uma das participações especiais é a de Chico Buarque. Eles já fizeram alguns trabalhos juntos, como as mais belas canções “A noiva da cidade”, “Meu caro amigo”, “Trocando em miúdos”, entre outras. “Nosso encontro foi muito emocionante como sempre, Chico e eu nos falamos mais por e-mail, geralmente conversamos sobre futebol, ele é Fluminense e eu vascaíno. Mas falamos de política também. É sempre muito interessante. Nosso último encontro foi há 22 anos quando cantamos “sem mais adeus”, minha primeira música com Vinicius de Moraes. É sempre muito bonito estar na presença do Chico”, revela. Além de Chico, Francis apostou em grandes nomes da música, como Adriana Calcanhotto, Bráulio Pedroso, Geraldo Carneiro, Hermínio Bello de Carvalho, Olívia Hime, Paulo César Pinheiro, entre outros compositores que carregam consigo uma história e relação única com a música.
E, dessa vez, “Laura” é o nome do sucesso que eles vão compartilhar. Francis compartilha com a gente sobre a história desse single e comenta que era uma composição que ele tinha guardada e que sua esposa, Olívia, o lembrou dela. Além disso, encontraram uma coincidência para lá de especial: Laura é o nome da neta mais nova. “Tinha essa letra guardada há alguns anos e era um título provisório por causa de um sonho da época. Não tinha conexão com o presente, mas o acaso acabou sendo muito especial. Minha neta mais nova se chama Laura e, então, fiz algumas modificações e chegamos no resultado final. A voz do Chico e sua interpretação trazem à sonoridade um tom de doçura e leveza, e isso coincidiu muito com nossos desejos tornando a apresentação nada mais nada menos do que graciosa”, diz.
Além de seu disco, em entrevista exclusiva ao site Heloísa Tolipan, o músico também falou um pouco sobre novas tecnologias e o mercado da música. Para ele existe uma linha tênue entre a comunicação que aproxima e a que distância. Ele fala que os pontos positivos valem especificamente para a divulgação dos trabalhos e até mesmo a produção, que se tornou mais fácil de ser comercializada, contudo frisa que mesmo com esses avanços, ele percebe que a comunicação se torna cada vez mais impessoal.
Hime começou seus estudos de piano aos seis anos. Em 1955, se mudou para a Suíça onde consolidou seus estudos sobre a música, mas somente com sua primeira parceria com Vinícius, “Sem mais adeus”, fincou suas raízes e deslanchou inúmeros sucessos conhecidos. Depois de se casar com Olivia Hime e ter suas três adoráveis filhas, se mudou para os Estados Unidos e se dedicou novamente ao estudo da música. Foi reconhecido pelo seu trabalho durante a sua trajetória e, em 2015, ganhou o 26° Prêmio da Música Brasileira. Além do sucesso como cantor, Hime traz consigo o dom de transcrever em palavras suas vivências em suas músicas e livros e prova que o desenlace de sua trajetória é algo intrínseco. O amor pela música tornou Hime um ícone da MPB e ele contribuiu para o movimento se tornar um dos gêneros mais conhecidos no Brasil e mundo afora.
Muito contente e realizado, ele aproveita o momento para dar uma dica para aqueles que estão começando e cita que a expressão do eu interior é extremamente importante “Acho que quando alguém quer fazer algo precisa expressar aquilo que é de fato e encontrar sua identidade”. Para o cantor, o importante é que o artista expresse verdadeiramente aquilo que ele é, sem imitações ou limitações. É importante que o artista encontre sua personalidade e descubra o que realmente gosta. Por fim, comenta sobre novos trabalhos e revela que já no mês de novembro estará no Festival Villa Lobos e comenta: “Quem sabe não aparece um disco novo em comemoração aos 81 anos?”.
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