Festival Sarará reúne de Gilberto Gil a Duda Beat, em Belo Horizonte, com 12 horas de música


Silva, Letrux, Marina Lima, Baco Exu do Blues e Baiana System também passaram nos palcos do evento que reuniu mais de 40 mil pessoas em sua quinta edição

Letrux transformou a Esplanada do Mineirão na Tarde de Climão (Foto: Divulgação)

*Por Rodrigo Cohen

Era um sábado de sol em Belo Horizonte e às 12h30 subia ao palco do Festival Sarará, a primeira atração de muitas que viriam: Letrux. Dando continuidade ao show “Letrux em Noite de Climão”, a cantora fez o start com o pé direito e o esquerdo levantando a empolgação do público com todos os maiores sucessos do álbum. Mesmo com problemas técnicos no som, Letrux não se abalou: cantou, protestou e performou. O diferencial ficou por conta de sua convidada, a icônica Marina Lima. Juntas cantaram “Puro Disfarce”, “Pra Começar” e “À Francesa”.

Letrux e Marina Lima cantaram juntas ‘Puro Disfarce’ e ‘À Francesa’ (Foto: Divulgação)

Da elétrica e intensa tarde de climão, o Sarará foi entregue as mãos de Silva: um dos mais aguardados do dia. Sempre romântico e apaixonante, Silva embalou a tarde com seus maiores sucessos, como “Duas da Tarde” e “Feliz e Ponto”, mas também deu espaço para músicas clássicas da MPB como “Toda Menina Baiana”, de Gilberto Gil, afinal, o Sarará preza o encontro de músicos e gerações. Silva mandou ver também nas versões das canções de Marisa Monte. Mesmo tendo sido lançado há três anos, o álbum continua a encantar e apaixonar o público todas as vezes que Silva canta “Beija Eu” e “Não Vá Embora”.

Silva encantou com seus sucessos e clássicos da MPB (Foto: Divulgação)

A tarde seguiu ainda com as apresentações políticas de Djonga e Mano Brown que marcaram presença e fizeram discursos sobre a luta contra o racismo. Os rappers, que já têm letras extremamente politizadas e conscientes, ainda reforçaram as mensagens de repúdio à violência contra os negros. Além da excelente música, Djonga e Brown provaram que todo momento, mesmo os de lazer, podem nos trazer reflexões importantes.

Djonga e Mano Brown (Foto: Divulgação)

Voltando ao clima de romance, a banda Lagum embalou o público com seus hits “Deixa” e “Não Vou Mentir”. O ápice do show ficou na mão da diva Iza: a convidada especial animou o Sarará com seu pop que não deixa ninguém ficar parado. Com seu carisma e charme irresistíveis, Iza prendeu todos os olhos do público em suas performances e botou todos para dançar com “Pesadão” e “Brisa”. O fenômeno Iza ganhou seu espaço de destaque no meio de um line up dividido entre rappers e MPB.

Lagum e Iza no Festival Sarará, em Belo Horizonte (Foto: Divulgação)

O fim da tarde ficou na conta de Baco Exu do Blues. O rapper estava doente e quase teve que cancelar a apresentação, mas resistiu por sua “facção carinhosa” e fez um show contagiante. Os fãs pararam para ouvir a poesia apaixonante (e apaixonada) de Baco. Entre uma música e outra, ele conversava com o público com tanta intimidade que parecia estar na sala de sua casa com 10 convidados. O rapper tem muito barulho para fazer.

Baco Exu Blues (Foto: Divulgação)

A pernambucana Duda Beat emocionou a todos em Belo Horizonte. Com suas letras simples e intensas, Duda fez o público cantar junto “Bixinho” e “Bédi Beat”. Nem quando a Pabllo Vittar se juntou a ela o show perdeu seu tom emocional. Juntas cantaram, “Disk Me” e “Problema Seu”, da Pabllo, e “Pro Mundo Ouvir”, de Duda. A sintonia das duas era tanta que parecia que já se apresentaram como dupla há anos. Um grande acerto da organização do festival reunir as duas em uma única apresentação.

Duda Beat, a nova Rainha da Sofrência, emocionou os corações do Sarará (Foto: Divulgação)

Já se encaminhando para o final, Baiana System provou que não deixaria ninguém ficar parado ou se lembrar do cansaço (caso estivesse no festival desde o início). Ao som de “Lucro” e “Bola de Cristal”, os músicos fizeram a Esplanada do Mineirão ganhar uma energia como se todos estivessem chegando naquele momento. O rock-reggae baiano trouxe uma diversidade importante ao line up do festival, que reuniu os maiores nomes da música brasileira de 2019.

Baiana System levou seu rock-reggae para Minas e anima público (Foto: Divulgação)

Mas se o Festival Sarará é uma grande celebração da música brasileira e dos encontros, não poderia faltar um grande nome para encerrar as 12h com chave de ouro. E esse artista foi Gilberto Gil, que recuperado de todas as complicações de saúde que teve no ano passado, cantou com a energia e empolgação dos novatos que haviam se apresentado antes. Composto nem só de canções suas, o baiano montou um repertório digno de todo festival: “Is This Love”, “Aquele Abraço”, “Esperando na Janela” e “Pro Dia Nascer Feliz” encantaram e embalaram Belo Horizonte até a nota final.

Gil encerrou as 12h do Festival Sarará para cerca de 40 mil pessoas (Foto: Divulgação)

Em sua 5ª edição, o Festival Sarará reuniu cerca de 40 mil pessoas na Esplanada do Mineirão para celebrar e curtir boa música e refletir sobre o cenário atual do país. No final do manifesto divulgado pelos organizadores sobre o evento, uma frase marca e resume toda essa grande festa: “Ao refletir sobre empatia e acolhimento, nosso convite é de continuarmos tentando entender sobre o que somos. Afinal, precisamos seguir em ( r ) evolução.”

Cerca de 40 mil pessoas se reuniram para conferir a 5ª edição do Festival Sarará, em BH (Foto: Divulgação)