*Por Rafael Moura
Uma celebração à música popular brasileira. Foi assim a festa virtual que Teresa Cristina (TT para os íntimos) fez para Marisa Monte, que hoje completa 53 anos recheados de emoções, sentimentos, amores e até gatilhos. Uma celebração que contou com 15 mil convidados entre anônimos e famosos como Maria Gadu, Veronica Bonfim, Felipe Veloso, Vidal Assis, Carolina Dieckmann, Bela Gil, Tarcísio Motta, Silva, Silvia Borba, Mariana Ximenes, Patricia Pillar, Pedro Baby, Carol Castro, Sophie Charlotte, Thalita Rebouças, Pedro Luiz, Simone Mazzer, Marcelo Rosembaum, Renata Souza, Paulo Miklos, Fernanda Paes Leme, Marcos Veras, Cleo, Pathy Dejesus, Leandra Leal, Carlinhos e Chico Brown, Duda Beat, Rodrigo Suricato, Renata Souza, Daniela Mercury, Preta Gil, Lucio Mauro Filho, Xênia França, Caio Prado, entre outros. TT abriu as janelas e as portas de seu ‘Infinito Particular’ e foi impossível não se perder ao entrar.
E como uma águia altaneira, a portelense, canceriana e diva, aniversariante chegou para euforia, rendendo e rasgando muito elogios para a amiga. “Eu me sinto muito honrada de receber essa homenagem. Fico muito agradecida”, disse Marisa. Ela conta sobre seu primeiro sucesso, ‘Speak low’, de 1988, ‘Já sei namorar’, ‘Bem que se quis’, uma composição de Nelson Motta, (versão para E Po’ Che Fa do compositor italiano Pino Daniele), que virou trilha em ‘O Salvador da Pátria’, de Lauro César Muniz (1989).
Aos 19 anos, Marisa abandonou o curso na Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e mudou-se para Roma, na Itália, onde durante dez meses estudou belcanto. Após esse período, passou a fazer apresentações em bares e casas noturnas cantando música brasileira, acompanhada de amigos. Um desses espetáculos virou show no Rio de Janeiro, no Canecão, e o ‘Veludo Azul’ despertou o interesse das gravadoras.
A multi-instrumentista já fazia muito sucesso de público e crítica antes de ter o primeiro disco. Na época foi convidada pela TV Manchete a gravar seu primeiro especial, que foi lançado em dois formatos: LP e VHS, com o nome MM. Este álbum vendeu 500 mil cópias, um sucesso para uma artista estreante no Brasil. O disco está na lista dos 100 melhores discos da música brasileira feita pela revista Rolling Stone Brasil na posição. Paula Lavigne comenta na live que ‘Painho estava arrumado e penteado’… E eis que ele chega, já cantando ‘De noite na Cama’, ‘Rosa’, de Pixinguinha, que deixa TT com os marejados. Caetano diz que cantou essa música em 64.
“No meu terreiro quando a gente bate palma é acima da cabeça”, explica Teresa. E completa. “Você ouriça a gente em lugares que você nem queira saber”, brinca. O baiano agradece a sambista e Paula Lavigne grita “canta mais uma Caetano, não está fazendo nada. Tá aqui há três meses olhando para a minha cara”. O compositor rende elogios para Teresa. “Você tá sendo a maravilha dessa quarentena” e encerra sua participação com ‘Tigresa’. “Eu não acho normal o Caetano entrar na minha live, não sei vocês. Não vou achar normal nunca”, revela a anfitriã, que segue cantando ‘Infinito Particular’.
O titã Paulo Miklos entra e conta que sua primeira lembrança com a aniversariante é dos camarim dos shows e de muita emoção. “Já conhecíamos o trabalho dela, que chamou atenção desde o seu primeiro disco, que veio com uma enorme capacidade de emocionar. Depois pude acompanhar o Nando Reis produzindo o disco dela. E a coroação foi a participação no nosso acústico de 15 anos, 2002, que cantou com o Branco Melo, ‘Flores’, uma gravação antológica”, revela. O música dá uma palinha da canção que encheu a caixa de comentários de emojis de flores. E brinca com Teresa: “As suas lives são um maravilhoso buffet de festas”. E já aceita o convite para uma live especial sobre o Dia do Rock, 13 de julho.
“Eu nem perguntei se ela queria entrar, mas eu chamei e seja o que Deus quiser”, comenta Cristina sobre sua próxima convidada, Maria Gadu. “Teresa do céu, meu coração está muito acelerado. Não estou acreditando que estamos aqui juntas falando dessa mulher que eu amo. Meu Deus, a Marisa me trouxe muitas coisas lindas, e uma delas foi poder conhecer você. A primeira vez que te vi foi cantando no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, 2002, e a hora que você entrou eu fiquei embasbacada”, revela. E brinca: “Eu vou escrever meu endereço aqui, porque se eu sumir vocês chamem o Samu. É muita emoção”.
Gadu conta que conheceu a aniversariante no camarim de um de seus show. Eu a abracei e chorei muito. Que vergonha. Obrigado por tudo isso, por nos aproximar e nos abrilhantar com teu conhecimento e tua generosidade”, enfatiza, acrescentando: “O disco Barulhinho Bom, de 1995, é todo um gatilho para mim. A primeira canção dela que me marcou foi ‘Ainda Lembro’ e depois Maraçá. Você acredita que eu nunca vi Marisa cantando essa música ao vivo?”. Acompanhada de seu violão, a cantora e fã brinda o público com ‘Maraçá’. ‘No meu filme/ Pinta baticum na mesa/ Alegria com cerveja/ Entidades e nações’…
Carlinhos Brown é visto nos comentários e começa uma campanha ‘Entra Brown’ e Teresa fica nervosa. “A hora que ele entrar eu vou dar um berro que ele vai ouvir lá da Bahia”, brinca. Rola uma tensão e uma grande expectativa. A audiência manda muita energia positiva e até um tutorial de como o Brown deveria fazer para entrar na live. “Que dificuldade foi essa aí minha preta. Eu estava mais desesperado do que você para entrar. Às vezes não conecta, mas as nossas almas são conectadas”, comenta Brown. Acompanhado pelo piano, o Tribalista canta ‘Verdade, uma ilusão’, que emociona a todos. “A minha filha é sua fã, e eu sou fã do seu filho. É um emaranhado de amor”, conta TT. “O samba construiu uma grande família e as pipocas de Obaluaê saem estourando amor por aí”, diz o compositor. Brown revela que está se organizando para fazer uma live no Dia dos Pais junto com os filhos.
“Eu posso dizer que eu tenho uma irmã em que eu encontro acolhimentos. Poucas pessoas sabem que eu tenho uma insônia gigante, e ela consegue me fazer dormir, quando começa a cantar eu vou para um caminho de lucidez, felicidade e contentamento. Marisa tem uma voz que não é apenas um canto, é pura emoção. Marisa é inteira amor”, elogia. Brown segue sua participação com ‘Seu Zé’, uma das primeiras parcerias da dupla, acompanhado pelo timbau e violão tocado por Miguel, filho do cantor. Encerra a primeira parte dessa live com ‘Parabéns pra você’, do Timbalada.
“Parabéns pra você
Obrigada por ser
Já guardei tantas coisas
Que eu quis lhe dizer
Vou dizer tudo agora”
“Gente eu volto já. É rapidinho, é o tempo que leva um ministro do Bolsonaro”, satiriza Teresa.
Chico Brown abre a segunda parte da live em homenagem à Marisa Monte cantando ‘Arrepio’, ‘Soul by soul’ e um pot-pourri com ‘Lá de longe’ e ‘Vilarejo’. O público vem ao delírio quando Silva entra já com o violão e a postos. O cantor lançou em 2016 um disco de extremo sucesso, ‘Silva canta Marisa’. “É uma honra poder homenagear a minha canceriana predileta. Eu fiz esse disco todo dedicado a ela e foi difícil escolher as 14 faixas, ainda mais para uma carreira de canções tão lindas. Foi um funil muito agressivo”, revela. E completa. “Eu fiquei muito feliz quando conheci Marisa e ela aceitou compor Noturna comigo e com meu irmão, Lucas. Eu amo muito Alta Noite, que eu não gravei”. Mas tocou para o deleite dos fãs.
“Uma coisa que eu sempre gostei da Marisa é que ela sempre foi muito brasileira e por mais que trouxesse influências gringas, ela sempre levantou a bandeira da nossa música, ainda mais nos anos 1990 que tínhamos um grande estrangeirismo e ela lutou com muita garra”, explica Silva. O capixaba encerra sua participação no piano cantando ‘Pelo Tempo que durar‘, uma música que rompeu as barreiras do mundo, no encerramento das Olimpíadas dos Rio, em 2016, na voz de Mariene de Castro. Preta Gil chega elogiando Silva. “Ele é um artista incrível com uma voz doce e aconchegante, e ainda canta as músicas da deusa. Estamos aqui 8 mil pessoas engatilhadas emocionalmente”. Teresa brinca dizendo que vai acordar muita gente quando acabar a live.
“É como se estivéssemos bêbadas. Eu estava aqui lembrando que quando eu conheci Marisa, eu era adolescente, a fita do álbum ‘Mais‘, não saia do carro. Era uma paixão tão avassaladora. Ela fez uma temporada no Imperator, e eu lembro que íamos de bonde da Zona Sul para o Méier”, revela Preta, que canta ‘Bem que quis‘, sendo convidada pela anfitriã para sua primeira live em homenagem ao público LGBTQIA+, nos próximos domingos.
Passava da 1h da manhã quando Margareth Menezes chegou para desejar seus votos para a cantora. “Obrigado a Deus e ao universo por me permitir conhecer essa grande amiga. Nos conhecemos em Nova York, e depois quando ela faz sua primeira apresentação no Canecão, me convidou para cantar ‘Ensaboa‘, Mais tarde fizemos um quarteto, com Brown e Arnaldo Antunes com ‘Passe em casa‘. Lembro ainda que Marisa me ligou e, pelo telefone, me mostrou uma música, que ela ainda ia gravar: ‘Beija Eu’“, conta Maga. Que foi a sua canja.
Encerrando essa festança virtual, depois de 4 horas, veio Pedro Baby. “Sua live virou um lindo ponto de encontro de amigos”, elogia o músico. “A minha birosca está aberta só para você Baby”, brinca TT. E completa. “A gente tem que botar nosso projeto em prática. Esse assunto existe, né? Para não ficar no passado”, deixa no ar a cantora. “Eu conheci Marisa tinha 16 anos e ela já era uma estrela. Com 18 anos decidi ir para os Estados Unidos e todo mundo me chamou de louco e ela disse: vai que isso vai mudar sua vida. Ela ligou para casa do meu amigo em Nova York e cantou ‘Velha Infância’, foi assim que surgiu a nossa primeira parceria”, expõe Pedro, que canta ‘Vilarejo’ e ‘Aliança’, que sussurrava para não acordar seu filho, afinal era 1:50 da madrugada. (nesse momento esse repórter ficou extremamente emocionado). “Em todas as mesas pão é o que eu desejo para todo o Brasil”, almeja Teresa e finaliza essa live cantando ‘De mais ninguém’.
Artigos relacionados