* Por Carlos Lima Costa
Para os fãs da boa música, o encontro musical de Fafá de Belém com sua única filha, Mariana Belém, além das espontâneas participações das netas Laura e Júlia, tornou o domingo de Dia das Mães ainda mais especial. A live foi pura descontração e emoção, principalmente quando a estrela exaltava a mulher e, nessa hora, homenageou Paulo Gustavo, que morreu na terça-feira, dia 4, vítima da Covid, aos 42 anos. “É de uma mulher a primeira voz que a gente escuta ainda na barriga, a voz da mãe. Essa foi uma semana delicada, em que perdemos Paulo Gustavo, um artista que sintetizou todas as mães do Brasil. Dona Hermínia é a síntese. Mando um abraço a Déa Lúcia (mãe do artista) e para o Paulo, onde quer que ele esteja causando. Ele foi um ser de luz”, frisou ela, que cantou Mamãe, eternizada na voz de Agnaldo Timóteo (1936-2021), que perdeu a luta para a mesma doença.
Em seguida, Fafá emendou com Nossa Senhora, de Roberto Carlos. O cantor que, em abril, completou 80 anos, marcou o Dia das Mães do ano passado presenteando os brasileiros com uma live. Este ano, ele preferiu passar a data recolhido, em casa. Mas Fafá mostrou vários clássicos do repertório do Rei na parte inicial do show. “Este é um grande e afetuoso abraço virtual pra toda a família curtir e se emocionar. Para quem está perto se abraçar, e quem está longe assistir e pensar no maior amor do mundo, que é o de mãe”, definiu a estrela, sobre a live realizada na sala de seu apartamento, em São Paulo, e transmitida, através de seu canal no YouTube, em seu Facebook e nos canais 500 e 530 da Claro TV.
Fafá iniciou a live pontualmente, às 16hs. “A gente sai de casa buscando novos caminhos, mas a casa é sempre o porto e o porto é o colo da mãe. Saímos buscando novos universos. Quando uma mãe reclama da gente, isso é cuidado, porque a gente que é mãe não consegue largar um filho, que sempre será criança para nós. Estamos sempre preocupadas com o que está acontecendo. Mãe é aquela que gera, adota, que cuida do sobrinho, dos pais, da gente. Nós todos ficamos isolados nesse ano difícil. Então, nada como abrir a live com o nosso king Roberto Carlos. Tudo que queremos ouvir são as canções do Roberto”, disse, após interpretar O Portão, emendando com o eterno hit Como É Grande o Meu Amor Por Você, com De Tanto Amor, Outra Vez e Desabafo, lembrando que esta última ela interpretou no especial Elas Cantam Roberto.
Pertinho de Fafá , assistindo a sua performance estavam as netas Laura e Júlia, filhas de Mariana. Fafá repetiu algumas vezes que estava nervosa, o que realmente transpareceu no início. Mas ela não perdeu em nada a intensidade de sua performance como intérprete. E lembrou que foi em 1975, que assistiu pela primeira vez um show do Roberto. Graças ao apresentador Flávio Cavalcanti (1923-1986), que conseguiu um ingresso para ela.
“Naquela época, Roberto estava lançando essa música”, disparou cantando Além do Horizonte. No meio da canção, quando já passava dos 40 minutos de live, a filha Mariana entrou entoando o refrão e suas filhas também. A partir daí, além da emoção, o show foi ganhando descontração. As meninas giraram, uma plantou bananeira e toda vez que acompanharam a mãe e a avó cantando, mostraram voz afinada, como na canção Meu Coração É Brega, um clássico paraense.
“Decidi que íamos fazer em casa essa live e deixar as meninas soltas, porque a base da relação das pessoas é o afeto. Temos vivido período difícil, delicado, seguindo regras. Um dia realizei que a minha missão é levar alegria e descontração com a música. Daqui a pouco vamos olhar para trás e ver que tudo ficou para trás”, frisou Fafá, em mensagem de esperança.
Fafá cantou Sob Medida, de Chico Buarque, Maria Solitária, de Milton Nascimento. “Meu maior ídolo de todos os tempos, o Bituca”, confessou Mariana sobre Milton, se referindo a ele pelo apelido. Foi a deixa para Fafá dizer que Maria Bethânia estava conferindo a live.
A cantora, então, passeou por clássicos sertanejos como Nuvem de Lágrimas, que ela gravou com Chitãozinho e Xororó, além de É O Amor, o primeiro e maior sucesso da dupla Zezé Di Camargo e Luciano, e Tocando Em Frente, de Almir Satter. “O Brasil é tão interessante, ele tem uma pluralidade. Fui criada ouvindo jazz, MPB no rádio”, lembrou. Mariana, então, mandou abraço para sua saudosa avó paterna, Carminha Mascarenhas (1930-2012). “Grande cantora de rádio”, disse a neta, orgulhosa.
Fafá revisitou a infância, interpretando Tamba-Já. “Essa canção é do Pará, aprendi na escola, cantava toda hora. Eu a dedico a minha amiga e grande ‘ídola’ Maria Bethânia”, observou a estrela, que ainda lembrou o cantor e compositor José Augusto com Aguenta Coração, e a popular Vermelho, canção símbolo, do Boi Garantido, agremiação folclórica de Parintins junto com o Boi Caprichoso.
Ao final de duas horas e meia de live, Fafá novamente transmitiu mensagem de fé, esperança e otimismo em dias melhores “Este é um momento delicado, mas precisamos lembrar que maior é Deus. Tem que ter fé na vida. Brasileiro conhece fé, esperança e alegria. Deus é maior. E não esqueçam: Usem máscara, álcool em gel, façam isolamento social . Eu já tomei as duas doses da vacina. Quem não tomou ainda, espere a vacina. Não ao negacionismo e sim à vacina”, disse, emocionando a todos e a filha, que mais cedo havia postado em seu Instagram uma linda declaração de amor à mãe. “O que eu puder fazer na minha vida para te retribuir as noites mal dormidas, eu sempre vou correr atrás para fazer por você. Obrigada pela mãe e avó incrível que você é e por tudo que você me deu de valor, e que me ensina todos os dias através do seu dia a dia, do seu trabalho, de como você é correta em relação a tudo. Te amo muito”, escreveu Mariana.
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