*Por Domênica Soares
Fabrício Boliveira é um daqueles artistas hiper talentosos. Mais conhecido como um grande ator, ele não deixa de surpreender e desempenha com muita habilidade outras funções além de sua carreira principal. Desta vez, ele foi diretor do clipe “Tributo a Martin Luther King”, com participação de Wilson Simoninha, Sandra de Sá, Seu Vérciah, Thalma de Freitas, Simone Mazzer, Larissa Luz, Léo Maia, Zé Manoel, Dão, Walmir Borges, João Vítor Nascimento, 4K e Jair Oliveira. “Foi um prazer poder contar com os amigos para fazer essa ação. Que também é uma ação de divulgação do filme (“Simonal”), mas também uma ação de união. Foi muito bom poder conversar com essas pessoas sobre a história do Wilson Simonal. São cantores que também já conheciam a trajetória dele. Foi lindo poder trocar com eles também, entender aonde tinha Simonal em cada um que ali estava”, comenta.
Composta por Wilson Simonal (1938-2000) e Ronaldo Bôscoli (1928-1994), “Tributo a Martin Luther King” foi apresentada pela primeira vez em março de 1967, em cadeia nacional de televisão na entrega do Troféu Roquete Pinto surpreendendo a plateia, a direção do programa e o governo. A faixa que possui frases emocionantes como “Luta negra demais/ É lutar pela paz/ Para sermos iguais”, ganhou um clipe super emocionante e, segundo Fabrício, a ideia dessa construção narrativa audiovisual surgiu a partir da vontade de fazer com que as pessoas se conectassem ainda mais com o cantor. “O objetivo era encontrar o que restou desse cara, desse grande ídolo e desse grande astro da música popular brasileira nos cantores contemporâneos. Não só dos novos cantores, mas principalmente dos contemporâneos. De algum jeito a gente foi se esbarrando, mais do que escolhendo somente. Fomos nos esbarrando em pessoas que tinham essa afinidade com o trabalho do Simonal. Então a ideia é tê-lo hoje, nesses cantores brasileiros”.
Em entrevista exclusiva ao site Heloisa Tolipan, o artista refletiu sobre a importância do audiovisual nas produções musicais, comentando que para ele, ambos possuem uma ligação totalmente direta nos dias atuais. De acordo com o diretor, a maioria dos cantores no mundo de hoje já lançam seus singles novos, acompanhados de um videoclipe divulgação e por isso, diz que os vídeos são uma ampliação da música como um todo. “Não podemos ficar aprisionados à essa construção de ter uma imagem correspondente para que haja liberdade de imaginação com o corpo, principalmente na dança, e com menos coreografias isso pode ser visto de uma forma melhor. Contudo é muito bom ter uma conexão entre imagem e som, pois cria-se um universo e sensação de complementação, e isso expande o trabalho de um cantor para poder criar uma atmosfera do que está querendo contar dentro dessa nova música”.
No filme, Fabrício Boliveira interpreta Wilson Simonal, o cantor que saiu da pobreza e conquistou as maiores platéias do Brasil. Dotado de uma voz magnífica e domínio de palco inigualável, Simonal conseguiu transformar as inseguranças da infância em grandes conquistas. O elenco conta ainda no elenco com Isis Valverde, Leandro Hassum, Mariana Lima, Silvio Guindane, Caco Ciocler, Bruce Gomlevsky, Fabricio Santiago, Letícia Isnard, João Velho, Dani Ornelas e outros grandes talentos do cinema brasileiro.
Fabrício comenta que interpretar o papel principal foi muito importante e diz que Simonal é uma referência para ele. “Enxergar a história dele hoje significa, além de poder homenageá-lo, poder vibrar com som e com toda sua história além de também poder refletir na caminhada do país. A história dele cruzou muito com a do Brasil, então, é para o corpo e também para o cérebro”. O ator faz ainda uma breve análise da questão da representatividade na TV e no cinema, explicando que a mesma é de extrema necessidade, mas que além disso, é importante também que a discussão sobre o tema seja ampliada para que mais pessoas ocupem esse lugares, e frisa que hoje em dia, um ou dois que representem determinadas camadas da população não são mais suficientes, e que tem que existir mais quantidade, uma simbologia mais harmônica de pessoas diversas convivendo em um mesmo espaço. Para ele, em questão à evolução da sociedade em relação ao preconceito está acontecendo uma caminhada. “Acho que só o fato de a gente poder falar disso mais livremente com outras pessoas, que não “fazem parte do grupo” de pessoas que estão requerendo essa voz, poder falar disso entre os seus mostra que esses assuntos ficaram populares. É um avanço sim para uma melhoria e para além da discussão”.
Sobre sua trajetória no mundo da arte, ele conta que foi um longo percurso para chegar em patamares altos e diz que agradece bastante aos encontros que teve com diretores, fotógrafos, cenógrafos, artistas entre outros. Segundo ele, todas as pessoas que cruzaram seu caminho deixaram um pedaço delas em sua alma. Ele é grato também aos personagens que fez, pois pôde contar muitas histórias de diferentes formas e significados. Em relação à resistência ele afirma: “É a gente sobreviver com saúde e podendo pensar para além de nós mesmos e se colocar no lugar do outro. Pensar no coletivo e em necessidade que são maiores do que a nossa. Isso é um estado possível de equilíbrio, saúde e, consequentemente, de poder ser resistente dentro de uma existência tão diversa. Acho que o termo também se reflete no diálogo, comunicação e novos caminhos, principalmente o da escuta”.
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