Exclusivo! Tiê vê sua produtora Rosa Flamingo virar gravadora, enquanto planeja grande festival de música e parceria com Caetano Veloso


O primeiro disco pela Rosa Flamingo é do cantor André Whoong. O show de lançamento aliás, será nos próximos dias 25 e 26 no Teatro Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro. “Espero conseguir lançar um disco bacana por ano e fomentar a música, dar um suporte bacana para as pessoas que estão começando”, disse Tiê em entrevista ao HT

Tiê morou em Nova York no ano 2000. Lá, ouviu o conselho de uma chefe que nunca mais esqueceu. “Ela me falou que se eu conhecesse as quatro estações da cidade eu viraria noiva iorquina e que eu poderia voltar sempre, pois me sentiria em casa”. Dito e feito. “Acabei conseguindo voltar todos os anos. Semana passada fui pela primeira vez para passear, tomar um brunch e fazer uma reunião importante. Mas não fiz show e foi uma viagem curta”, relatou em entrevista ao HT. Viagem curta, porém marcante. Ela serviu para o reencontro de Tiê com o músico, compositor e produtor escocês David Byrne; um dos fundadores da banda Talking Heads e colecionador de Grammys. Bons amigos e parceiros musicais.

David Byrne, Tiê, Jesse Harris e Mauro Refosco: reencontro em Nova York (Foto: Reprodução)

David Byrne, Tiê, Jesse Harris e Mauro Refosco: reencontro em Nova York (Foto: Reprodução)

“O conheci há quatro anos quando fiz um show em NY. Peguei o e-mail dele e depois de dois anos chamei para almoçar. Nesse almoço, eu pedi uma música, disse que estava muito desestimulada, sem conseguir compor. Ele me mandou uma canção, que acabou gerando uma parceria que entrou no meu disco ‘Esmeraldas’ (2014/Warner Music Brasil) e no final ele acabou cantando. E agora eu convidei o David, o Jesse Harris [co produtor] e Mauro Refosco [percussionista] para um reencontro”, lembrou. O assunto da conversa? “Foi deliciosa. Falei que ‘A noite’ [hit de Tiê que está na trilha da novela global ‘I Love Paraisópolis’] está estourada”.

E se você acha que essa paulista foi ousada com Byrne, não imagina o que ela já anda disparando de sua caixa de saída. “Eu tenho sonhado direto com o Caetano Veloso e tenho mandado uns e-mails para ele. Falo: ‘Caetano, sonhei que você veio cantar no meu jardim’. Acho que, qualquer dia, deve rolar alguma coisa porque estão acontecendo esses sonhos intuitivos”, compartilhou. Enquanto não vira realidade, Tiê joga nas onze: continua saracoteando o país em turnê e trabalha duro na nova fase da Rosa Flamingo, sua produtora musical que acaba de virar gravadora. O trabalho de start é o lançamento do primeiro disco solo de André Whoong, “1985”.

O show de lançamento do disco acontecerá nos próximos dia 25 e 26 no Teatro Oi Futuro Ipanema, no Rio de Janeiro, com a participação dela labutando no backstage e também no palco, já que compôs e canta com ela a faixa “Botas”. A situação do mercado fonográfico em tempos de recessão econômica, a dualidade de funções – entre a cantora e a executiva – e seus planos, incluindo um gigantesco festival de música, Tiê debate e revela nessa entrevista exclusiva ao HT. Só seguir em frente.

HT: Nas suas palavras, a Rosa Flamingo nasceu produtora e virou gravadora. Como se deu essa evolução?

T: Eu sempre fui muito autogestora. Sempre trabalhei muito pela minha carreira, tanto que meu primeiro disco foi feito de forma totalmente independente. Eu mesma fiz, desde os RG’s das músicas, até a fábrica, a gráfica, a capa. As burocracias e a parte criativa. Sempre soube trabalhar sozinha e me virar com essas coisas. Tenho contrato com a gravadora [Warner Music Brasil], mas nunca virei diva, nunca deixei de fazer nada. Eu brinco que tenho a alma independente. Por isso, há dois anos, eu parei de fazer produção de brincadeira e realmente abrir a Rosa Flamingo. A gente faz venda de shows, projetos, editais, todos os produtos de merchandising das lojinhas. E, de repente, com esse disco do André, a gente virou gravadora mesmo.

HT: Por que começar com o André o que pretende fazer depois desse pontapé?

T: O André é meu grande parceiro do “Esmeraldas”. A gente fez quase todas as músicas juntos. Aí eu peguei, sempre fui muito fã dele, e falei: “André, deixa eu te ajudar. Quero fazer seu primeiro disco”. Aí eu assumi isso em janeiro e participei de tudo. Assino toda a produção executiva do disco e espero que faça várias vezes porque foi muito divertido. O que eu fiz foi ajudar a escolher repertório, até dar palpite na capa, na instrumentação, no cronograma de quando fazer a burocracia. Me deu muito orgulho ler agora no jornal a Rosa Flamingo como gravadora e eu espero conseguir lançar um disco bacana por ano e fomentar a música, dar um suporte para as pessoas que estão começando. Do mesmo jeito que eu tive suporte e aprendi a fazer na raça,eu quero passar isso para as pessoas. Já começamos muito bem para o disco de um cara que ninguém conhece ainda.

 

HT: Como você avalia o cenário fonográfico para quem é cantor e para quem é executivo?

T: Todos os mercados, num geral, estão todos muito cheios. Acho que, apesar da crise, já que não tem jeito, o dólar está caro, está todo mundo assustado, o lazer é o primeiro a ser cortado; hoje com a internet e a força de vontade cada um pode fazer o que quiser. Eu acho que é muito fácil ficar reclamando. A gente dá um jeito. Eu quando não podia sair para tocar, porque estava grávida, comecei a fazer shows na minha casa. Sei lá, se vira. Vai cantar, vai jogar vídeo na internet. O que não dá é ficar com a bunda parada na cadeira. É um trabalho que tem muito esforço envolvido. Quem acha que é questão de sorte, está enganado. É basicamente uma extrema ralação diária.

HT: Como será sua participação no show no Teatro Oi Futuro Ipanema? Os cariocas que forem lá conhecer o André e matar saudade de você vão ouvir o que?

T: Eu vou cantar “Botas” do disco do André, que é uma música que eu fiz a letra e acho que tem potencial de hit. É linda, eu tenho feito nos meus shows e as pessoas já saem cantando de tão especial que é. Vou cantar uma versão de “A Noite”, que o André meu parceiro nela, e mais uma surpresinha. E vou estar trabalhando enlouquecida. Vou levar lojinha, vai ser muito legal. É um lugar que eu sempre gostei no Rio de Janeiro, que já é um lugar muito especial. Então, tenho certeza que vai ser legal. Estreia sempre é um show difícil, especialmente para o artista, mas tem que começar de algum jeito e estou feliz que seja no Oi Futuro.

HT: Conta um pouco das dores e delícias dessa empreitada de produtora executiva…

T: Eu não quero depender dos meus próprios shows só, não quero ficar esperando, porque às vezes o mercado tá bem, às vezes vai mal. Então eu sou uma empreendedora, eu tenho dado palestra, é um lado meu que eu gosto e me fortalece como cantora. Me deu um amadurecimento, mas é uma coisa que eu carrego há anos. Essa coisa do guerreira está na minha pele. Eu ajudo minha mãe desde os 12 anos. Ah, e eu também tenho o projeto de um festival gigante para o ano que vem. E eu não quero fazer pequeno. Tenho que dar um jeito de fomentar a música de quem está começando porque, por exemplo, eu recebo tanta música de fã que não sabe o que fazer com o que me manda, que eu quero mostrar o que fazer, ajudar de alguma maneira.

HT: Você foi vidrada em “Avenida Brasil”, do João Emanuel Carneiro. Até chegou a fazer sarau na sua casa, com amigos, cantando músicas da trama. E agora com “A Regra do Jogo”, do mesmo autor, tem acompanhado?

T: Fui vidrada. Fiquei louca, fiz saral, cheguei a fazer show no Réveillon da [Avenida] Paulista com músicas da novela. Mas eu confesso que foi a única novela que eu vi na minha vida (ri). Eu adoro assistir “A regra do jogo”, mas eu não consigo mais, não sei se é o horário que eu estou colocando minhas filhas para dormir, enfim, não consigo mais. Mas hoje, com a produtora, com os discos, os shows, as duas filhas, o marido, cachorro, papagaio, não dá.

Serviço

Show de lançamento do disco “1985”, de André Whoong

Quando: 25 e 26 de setembro

Onde: Oi Futuro Ipanema (R. Visc. de Pirajá, 54 – Ipanema. Tel.: (21) 3201-3000)

Ingressos: R$ 2o

Horário: 21h