Gal Costa: “Se todos fossem tropicalistas, o mundo estaria melhor”


À convite do camarote Folia Tropical, a tigresa tropicalista cantou pela primeira vez na história da Marquês de Sapucaí

Gal Costa divando no palco do Folia Tropical (Foto: Folia Tropical)

Gal Costa cantou na madrugada deste domingo, dia 9 pela primeira vez na história dos 33 anos do Sambódromo da Marquês de Sapucaí. O responsável pelo convite foi o camarote Folia Tropical, que recebeu a tigresa tropicalista para um show permeado por nuances de samba, com “Bloco do Prazer”, “Samba do grande amor” e “Balancê”.

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No camarim do alto do terceiro andar do Folia, Gal recebeu HT para uma conversa, poucos minutos antes de a Estação Primeira de Mangueira riscar a Avenida. A escola foi a grande campeã que levantou o troféu após um enredo crítico, reescrevendo a história do Brasil, apontando ditadores como assassinos, bandeirantes como dizimadores e os grandes nomes do Brasil Imperial como exploradores.

“Eu acho que a manifestação das escolas de samba do Rio de Janeiro é a mais enriquecedora culturalmente. É uma beleza como um povo sofrido, sem dinheiro, consegue fazer um Carnaval, desfilar. Escola de samba para mim é inexplicável, de tão forte que é. É um deslumbre. Eu respeito e valorizo muito o desfile de escola de samba”.

Agremiações essas que pareceram pedir ajuda aos céus com enredos críticos que foram desde a questão política até a falta de educação do brasileiro. É o Carnaval levando para a Apoteose fruto do que a sociedade respira: tempos de intolerância. “Esse ódio todo me incomoda. Eu gostaria muito que o mundo fosse diferente. Quando assisto na televisão os horrores, os casos terríveis de assassinato e de roubo, fico muito chocado. Gostaria de viver num mundo onde tivesse paz. Eu acho que a gente está à beira do apocalipse. É um prenúncio tamanha a violência que estamos vivendo no mundo inteiro. É uma aberração na minha opinião”.

Com um repertório recortado por ritmos de samba, Gal cantou “Balancê” (Foto: Divulgação)

Para evitar esse colapso, então…e se todos fossem um pouco tropicalistas? “Acho que estaríamos bem melhores. Se todos fossem um pouco tropicalistas, o Brasil seria livre, lindo, sem preconceitos, sem ódio. À época do tropicalismo não foi fácil, era ordem, não podia nada, era ditadura. Agora, vamos ver com que forma esse governo vai tomar. Mas, por enquanto, eu não estou receosa.”

Em tempo: depois de lançar em setembro o disco “A pele do futuro” – e agradar a crítica – Gal grava um novo DVD nos dias 22 e 23 de março na Casa Natural Musical, em São Paulo. No repertório, Novos Baianos, Caetano Veloso e Roberto Carlos.