Com 12 anos de carreira, a banda Move Over teve seu grande break na mídia nacional quando participou do reality show musical “Superstar”, no ano passado. Desde que soltou a primeira nota, a vocalista Adriane Santana conquistou tanto os jurados, quanto o público. Até hoje, mesmo sem ter ganhado a edição, o grupo é o recordista de votos do programa, e definitivamente caiu no gosto popular com sua mistura de pop e rock, tanto na música quanto na atitude.
Com alguns EPs e muitas músicas autorais, passagens por festivais como a Virada Cultural e três DVDs no currículo, eles agira lançam o primeiro disco com uma gravadora grande, “Elemento Surpresa”, ao mesmo tempo em que se preparam para mais uma leva de shows no país. O nome da banda, retirado de uma música de Janis Joplin, pode ser traduzido como “ir além”. E foi exatamente o que eles conseguiram.
HT bateu um papo com Adriane e Leandrinho, o casal que formou a banda logo de início, e falou sobre a participação do grupo no programa da Rede Globo, o aprendizado acumulado nesses 12 anos de grupo, como é trabalhar 24/7 com seu cônjuge e mais uma porção de tópicos que você confere abaixo:
HT: O que a experiência no “Superstar” rendeu para o aprendizado de vocês como banda?
MO: A gente ganhou demais, porque foi uma experiência maravilhosa, um presente e um divisor de águas na nossa carreira. A gente já tinha 11 anos de estrada, mas éramos algo regional e pequeno. Lá, tivemos uma experiência de algo muito grande, e pudemos nos conectar com nossos fã clubes pelo Brasil. Amadurecemos demais, tivemos contato com pessoas que levamos no peito até hoje.
HT: Qual o melhor conselho que vocês receberam de algum dos jurados?
MO: Tudo o que a gente ouviu ajudou bastante. A Ivete [Sangalo] especialmente, que era nossa madrinha, falou que contou muito com a gente. Tudo o que aconteceu nesses 12 anos foi uma escola, tudo o que vivemos foi um aprendizado que mudou nossa vida. O que ganhamos lá não foi só o recorde de votação, foi mais do que o prêmio, mas uma oportunidade de trabalhar com o que a gente ama.
Move Over apresenta “Roar”, da Katy Perry, e bate o recorde de aprovação do “Superstar” com 94%>
HT: Vocês já têm 12 anos de carreira, mas apenas no ano passado conseguiram alcançar uma projeção nacional sólida. Já pensaram em desistir em algum momento?
MO: Nunca pensamos em desistir. Houveram alguns momentos difíceis, em que precisamos respirar fundo. Não é fácil, mas ninguém falou que ia ser. Desde pequeno, quando você decide que quer seguir uma carreira com música e arte, você precisa saber que está escolhendo algo incomum, principalmente no Brasil.
Eu costumo dizer que a gente não escolhe a arte, é ela quem lhe escolhe. Houveram sim alguns momentos de cansaços maiores. Mas desde antes de o “Superstar” sempre fizemos muitos shows. Às vezes chegávamos para uma apresentação em outra cidade sem ter hotel – e aí voltávamos tarde da noite de carro – ou a alimentação era zoada… Mas nunca pensamos em desistir. E valeu muito a pena. Quando Deus dá um propósito na nossa vida, pode
acontecer o que for, que você segue.
HT: Como vocês se conheceram e como é trabalhar junto com seu marido/sua esposa? Vocês separam trabalho de casa ou acabam misturando tudo? Chega a ser cansativo?
MO: Nós nos conhecemos em 2001 e, primeiro, ficamos amigos. Queríamos falar sobre músicas, shows e artistas que gostávamos, passávamos horas no telefone conversando sobre isso. Aí percebemos que a amizade estava um pouco colorida e foi muito natural. Começamos a namorar, mas cada um tinha uma banda diferente, e então resolvemos fazer disso um projeto em comum. Montamos a Move Over e com 20 dias de banda já estávamos fazendo show.
No dia a dia, acabamos falando de música 24h. Se não é da Move Over, é do Lenine, do Seu Jorge, de algum artista novo…
O papo sempre cai em música. Desde antes do relacionamento, nós temos essa amizade que é um ponto positivo e acaba dando certo. É bom, porque queremos a mesma coisa, então podemos dividir tudo, inclusive os momentos bons. Viajamos juntos, estamos sempre nos ajudando e, apesar de existir uma correira diária, é importante que nos apoiemos. Talvez seja por isso que estejamos há tantos anos com a banda. Às vezes, paramos para pensar e nos damos conta ‘caraca, já passou tudo isso?’.
HT: Como é o processo criativo de vocês? Aproveitam todo esse tempo juntos para compor?
MO: A inspiração vem para você, não tem como controlar. Às vezes, estou dormindo e tenho que acordar para anotar o que pensei, porque no outro dia a ideia já foi embora. Às vezes, o Leo está tocando violão na sala, eu estou na cozinha, escuto uma melodia e falo ‘não para, porque está vindo uma letra na minha cabeça’. Depende muito, porque eu também gosto bastante de ficar sozinho para escrever, assim consigo me inspirar nesse sentimento deprê.
Na maioria das vezes, ficamos mais criativos quando estamos em casa com tempo livre. Eu pego o violão para instigar o clima, a Dri vem comigo e muitas músicas surgem assim. Até quando vamos viajar para descansar, ela pergunta ‘está levando o violão?’.
HT: Durante o “Superstar”, Dinho Ouro Preto questionou em certo momento a mistura entre pop e rock que vocês fazem, perguntando com qual gênero vocês mais se identificavam. Como é transitar entre esses dois universos musicais?
MO: Achamos maravilhoso. A música te permite experimentar e nós somos uma banda de rock e de pop,
então podemos brincar com vários elementos, como a eletrônica, que inserimos bastante no último álbum. Nesse disco, ainda colocamos uma pintadinha a mais, porque assim podemos criar sem ficarmos nos limitando demais. Fizemos até uma música com viola caipira. Escolher apenas um gênero é acabar se limitando.
Move Over – “Pra Te Entregar”
HT: Como foi gravar o primeiro videoclipe do álbum com o Maurício Eça, que já trabalhou com gente como Pitty, O Rappa, Marcelo D2 etc?
MO: Foi muito incrível, ele é um grande diretor e sempre admiramos o trabalho que ele faz. Quando a gente contou nossa ideia e o que queria passar no clipe, ele entendeu perfeitamente. Queríamos passar a ideia de que eu posso
sentir o amor no meio da rua por alguém que nunca vi antes. “Não dá para impedir a chuva de cair e o amor de chegar”. Posso dizer que nos últimos dois anos nós já realizamos muitos sonhos na nossa carreira.
HT: E quais ainda faltam ser realizados?
MO: Eu sempre tive o sonho de poder tocar fora do Brasil com a bana – na oitava série eu ganhei um concurso e fui cantar na Itália, mas fui sozinha. Agora, em novembro nós já temos uma turnê marcada no exterior, com Paris confirmada no roteiro. Então esse sonho também conseguimos realizar recentemente. Fora isso, gostaria de ter uma carreira concreta, poder tocar com nossos ídolos, conhecer nossos fãs pelo Brasil afora, fazer uma parceria com a Rita Lee, quem sabe…? A nossa vida é movida por sonhos.
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