Exclusivo! Antes de subir ao palco, Fernanda Abreu desabafa: “A Seleção agora tem a obrigação de golear pelo terceiro lugar”


A garota sangue-bom faz coro ao resto dos brasileiros que desejam boa sorte ao Felipão, mas bem longe da Seleção Brasileira.

*Por João Ker

Apesar da triste, amarga e surreal derrota que o Brasil sofreu nesta tarde de terça-feira (08/07) contra a Alemanha, a Copa do Mundo ainda não acabou – por mais irônico e cruel que pareça celebrar uma festa sem a presença do dono da casa. Em todo o país, os centros oficiais de torcida, FIFA Fan Fest, continuam a ferver com os gringos que ainda não perderam a esperança e com aqueles que vieram ao Brasil por farra e diversão. E, nesta quarta-feira (09/07), quem comandou a animação dos hermanos argentinos foi a União da Ilha, seguida por todo o funk-supingue da garota sangue bom Fernanda Abreu. Antes de a musa carioca subir ao palco de Copacabana e encarar o calor de quase 40 graus, HT se encontrou com a cantora no backstage para bater um papo sobre futebol com uma das torcedoras mais veementes do Vasco da Gama e, por consequência, da Seleção Brasileira.

Quem já viu ou ouviu Fernanda dando alguma entrevista, sabe que a carioca não poupa palavras e vai direto ao ponto. Já nos cumprimentos iniciais, com o habitual “Oi, tudo bem?”, a cantora dispara: “Ninguém tá bem, né? Depois de ontem, ninguém tá bem”. A pergunta seguinte, sobre como foi o jogo e qual a reação de Fernanda diante da infame goleada, evocou uma enxurrada de desabafos que, ao seu jeito, fazem eco ao que passou pela cabeça de todos os brasileiros assistindo à partida: “A minha reação foi de revolta total! Ninguém entendeu o que o Felipão fez naquele jogo. Depois do segundo gol, era para diminuir o ritmo, fazer um jogador cair no chão, uma falta, qualquer coisa, menos permitir que aquilo acontecesse. Foi o fim da picada”, comenta a cantora que, enquanto assistia ao jogo do Rio, sua filha Sofia, de 22 anos, sofria direto da casa do inimigo, em Berlim, onde estava em uma festa com amigas.

Linda detrás de seus óculos escuros espelhados com lentes amarelas, vestindo um conjunto Nica Kessler feito sob encomenda e com uma pele de pêssego que era impossível passar despercebida, uma das integrantes originais da banda Blitz nos anos 1980 continua a destilar sua inconformidade com o resultado da partida: “São quase 100 anos de Copa. O Felipão comprometeu a reputação do futebol brasileiro no mundo. Agora, nós temos a obrigação moral e profissional de dar uma goleada no próximo jogo (sábado, no Estádio Nacional Mané Garrincha em Brasília), independente de quem seja o adversário”. Mas, ao contrário da linha de pensamento na qual vários discursos infundados vêm nascendo desde ontem, Fernanda Abreu mantém a sensatez e a compostura, mesmo responsabilizando o técnico do futebol pela derrota: “É claro que um jogo não é feito por um homem só. É feito por todo mundo: técnico, jogadores, massagistas, time reserva, árbitro e por aí vai. Mas, ali naquele momento, o Felipão era o comandante do time, cabia a ele tomar o controle da situação e dar as coordenadas necessárias”. Então a derrota significaria a morte profissional do técnico? “De jeito nenhum, Felipão morreu não! Eu desejo muita boa sorte para ele, só que longe da Seleção Brasileira. O que ele tem que fazer agora, é mostrar serviço e dar uma goleada no próximo jogo. esse é o meu recado para a Seleção”.

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Fotos: Vinícius Pereira

Vascaína doente, daquelas que já chegaram a fazer campanha de apoio ao time quando este foi rebaixado para a segunda divisão, Fernanda Abreu prova que não é fã de futebol só em época de Copa. “Eu tenho tudo do Vasco em casa, praticamente um altar. Camisa, livro de 100 anos,  medalha, bandeira…”. E sua opinião sobre o esporte é daquelas lúcidas e coerentes, servindo de exemplo para fechar a boca de muito marmanjo machista por aí que ainda acredita na falta de inteligência da mulher sobre o futebol. “Já que o Brasil não ganhou a Copa, eu escolho a Holanda para levar a taça. A Alemanha tem um futebol maravilhoso, mas a Holanda está sempre ‘quase lá’, então eu torço por ela”, disse minutos antes da partida do time contra a Argentina no Itaquerão.

Futebol e goleada à parte, é hora do aguardado e agitado show de Fernanda Abreu. “Música é música. Nós estamos aqui para fazer festa”, comenta a cantora já entrando no clima da apresentação. Era 15h quando ela subiu ao palco para um  público minúsculo e majoritariamente formado por argentinos. Talvez pelo seu suíngue intacto até hoje, pela sua energia positiva, pelo clima de comemoração que ainda não abandonou a cidade ou pela proteção de São Jorge que ela pediu de maneira tão veemente, mas fé que em menos de meia-hora as areias de Copacabana estavam lotadas. Durante o setlist, Fernanda reforçou as mensagens exigentes à Seleção, agradeceu à Blitz, fez cover do Planet Hemp e, como confessou minutos antes, foi correndo para casa assistir ao jogo bem quietinha de lá.

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Fotos: Vinícius Pereira