Aloísio de Abreu vai comemorar 35 anos de carreira no lugar onde mais gosta de estar: no palco. O ator, cantor e escritor celebra sua trajetória totalmente dedicados às artes com o show “Eles e Eu”, no Flashback, em Ipanema. No espetáculo, Abreu canta grandes clássicos de Cole Porter, Frank Sinatra, Nat King Cole, Chico Buarque, Vicente Celestino, Tom Jobim, além de resgatar sucessos do espetáculo “Subversões”, que interpretou ao longo de 22 anos nos palcos brasileiros. “Quando comecei, não sabia nada. Continuo sem saber nada, só que com mais experiência”, entregou ele, ao risos. “Escolhi esse repertório depois de uma grande pesquisa feita junto com Marshall Netherland, meu grande amigo, diretor musical, pianista e co-criador junto com Luís Antonio Martinez Correia do Theatro Musical Brazileiro. Marshall pinçou pérolas que ele achou que tinham a ver com minha têmpera de palco. Tem música romântica, irreverente, sentimental, debochada, melodramática, enfim, são partes do meu todo. Eu sou esse show”, revelou.
Com 34 peças encenadas, 20 escritas e 15 dirigidas, Aloisio trabalhou, produziu, dirigiu e cantou com muita gente importante da nossa cultura. E é justamente cantando que ele vai celebrar seu aniversário de carreira. “Vai ser uma festa recheada de relações premiadas. Vou apontar autores, cometer compositores, liberar arranjos antes nunca conhecidos. Tenho muitos cúmplices nessa jornada. Vou entregar todo mundo”. adiantou ele, ressaltando que, apesar de muito irreverente, não fará um stand-up comedy no palco. “Não é um show de humor. Mas eu estou longe de ser uma pessoa que se leva a sério. Sou da enfermaria que curte injeções de leveza, bom humor e irreverência. Isso aparece numa conversinha aqui e ali durante o show”, entregou.
Com uma vida dedicada aos palcos do nosso país, Abreu trabalhou com grandes nomes que riscaram a nossa história teatral como Maria Clara Machado, Lucia Coelho, Jacqueline Laurence, Miguel Falabella e Stella Miranda. Apesar do carinho que sente por todos, a inesquecível Marília Pêra ganha um espaço todo especial durante o espetáculo. “É uma homenagem a todo mundo que passou na minha vida. São músicas que, de uma maneira ou outra estão ligadas a algum momento da minha trajetória nos palcos. A canção ‘Modinha’, por exemplo, é uma que eu canto em homenagem à Marília Pêra, com quem excursionei no Brasil e nos Estados Unidos fazendo “Apareceu a Margarida”. Ela cantava essa canção em momentos de camarim. Era lindo”, recorda o artista, que com tantos talentos não consegue escolher uma só área para atuar. “Me dá uma caneta, um microfone ou um palco que eu me jogo felizão”, constatou.
Cheio de opiniões cabíveis, Abreu participou recentemente do debate sobre as consequências da LGBTfobia a lado de Carlos Tufvesson e Michel Toder, no Rio. Segundo ele, a bancada de conservadores na Câmara tem ajudado para que as leis que defendem os gays fiquem cada vez mais frágeis. “Acho um absurdo, preocupante e assustador o congresso ter virado um balcão de negócios por conta de votos e coligações espúrias. As bancadas ultraconservadoras não deixam que políticas de direitos humanos e direitos da população LGBT sequer entrem em pauta”, disse ele, que se mostrou atuante na defensoria da causa. “Senti vontade de fazer a minha parte e fiz. Em 2014 produzi um vídeo que defende a criminalização da homofobia. Está no YouTube. São quaro vídeos. “HOMOFOBIA É CRIME #1”. As pessoas estão matando as outras por ódio puro e simples. Isso não pode continuar”, pontuou.
Questionado sobre o processo de impeachment sofrido pela presidente afastada Dilma Rousseff, o ator de 55 anos, que começou a carreira nos palcos, fazendo curso de teatro amador com Milton Dobi, garantiu estar totalmente pessimista com o futuro do nosso país. “Sou contra o impeachment. Não gosto da Dilma Rousseff, mas ela foi eleita, não foi? Então, paciência. Nesse governo interino só tem cobra ruim. Nada mudou. Nada mudará. Sou pessimista neste ponto”, garantiu ele, que no entanto, acredita que as Olimpíadas no Rio serão um grande sucesso. “Acho que as Olimpíadas serão o máximo e ponto final. Acho um saco essa torcida contra. A cidade sempre foi uma zona, sempre foi mal administrada, roubada, saqueada, sacaneada, violenta e o escambau. Mas é aqui que eu vivo e é aqui que eu quero morrer” comentou. “E faço a minha parte, que é cuidar do meu prédio, do meu bairro, do meu entorno. Se todo mundo fizer isso, acho que melhora um pouco. E que comecem os jogos pra gente ver aquele monte de gente linda competindo”, revelou, aos risos.
Modesto, ele promete que pretende celebrar mais 35 anos de muito babado, confusão e gritaria. “Acho que tenho uns dezesseis fãs em todo o mundo. Eles podem esperar mais 35 anos de sassarico e música. Quem viver, verá. Ouvirá. E me verá impávido como Mohammed Ali”, completou. O show “Eles e Eu” será apresentado nesta quinta-feira, às 22h, no Fhashback Rio. Entrada: R$ 40.
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