Ele já viajou o mundo por causa da música. Ele se tornou pai dos três sobrinhos do dia para a noite. Ele é filho da lenda do reggae Dr. Alimantado. Ele era backing vocal da diva do jazz, Amy Winehouse. Existem diversas faces do cantor britânico Zalon Thompson que podem ser descobertas em seu novo LP ‘Liquid Sonic Sex’. Lançado recentemente, o início do álbum foi produzido com a ajuda de Amy antes de seu falecimento em 2011. Inclusive, em honra ao falecimento da cantora, o compositor se destacou ao divulgar ‘You Let Me Breathe’ que levou muitos fãs as lágrimas na época. O show que apresentou as novas músicas ocorreu no dia 20 de julho, em Camden Town, Londres, e teve os ingressos esgotados. Os brasileiros passaram a reconhecer a carreira do rapaz de 33 anos ao escutarem suas canções, como ‘The Click’ e ‘What’s A Man To Do’, em uma das turnês da famosa. O compositor assinou com a gravadora de Amy, a Lioness Records, antes de sua morte. “Amy me deu a inspiração para começar o álbum, me deu o caminho. Inicialmente, quando estava criando as primeiras músicas tudo o que queria com aquilo era ser famoso. No entanto, ela me disse para ser apenas eu mesmo que tudo daria certo. Ela contribuiu para o sucesso na minha carreira e serei eternamente grato por isso. Mas acredito que se eu não tivesse a minha própria energia e criatividade, não acho que as pessoas reparariam em mim. Agora, quando escrevo canções que realmente me conecto e amo, com isso as pessoas começam gradativamente a escutar as minhas composições. Sinto que as pessoas estão muito animadas para escutar o que produzi. Quero, com a divulgação, dar um gostinho do que o público pode esperar com a turnê no final do ano”, informou Zalon.
O inglês cresceu em uma área complicada no noroeste de Londres e sempre foi um exemplo dentro da família. A morte de Amy não foi a única inspiração do cantor. Anika Gay, irmã do rapaz, morreu no início de 2013, pouco tempo depois da famosa. Estes acontecimentos foram o ponto de partida o que motivou o mesmo a expressar seus sentimentos no formato musical. “Terminar este álbum foi ainda mais importante para mim porque foi algo que comecei com a Amy. Durante uma turnê, me deu quinze minutos no palco onde pude expor meu talento. Ela me inscreveu para ser o próximo artista que faria parte de sua gravadora. Depois de sua morte, tudo mudou. Minha irmã, ao mesmo tempo, faleceu de câncer aos 34 anos e deixou a guarda de seus três filhos pequenos para mim. Com isso, não tinha tanto suporte financeiro para continuar apostando na carreira de músico e recebi mais responsabilidades. Esse álbum se construiu neste momento muito especial e conturbado da minha vida e, por isso, resolvi reformular o CD inteiro para passar tudo o que estava sentindo. Estou muito honrado de ter realizado este trabalho”, contou o artista. Tais dificuldades impulsionaram a vontade do músico de ter uma carreira bem-sucedida.
Liquid Sonic Sex foi lançado progressivamente durante o mês de julho. Primeiro o clipe do single ‘Erica’ e depois a o LP completo. Zalon recorreu a um estilo voltado para a música soul. O ritmo começa bem devagar e vai aumentando progressivamente até o final. Erica, por exemplo, faz parte do fim. “Para fazer este álbum, recorri ao estilo que escutava na minha adolescência, minha visão de mundo daquela época. Pesquisei os artistas dos anos 90, nos Estados Unidos, que falavam sobre o amor e intimidade. Comecei a pensar sobre o que eu gostaria de ouvir e acabei me apaixonando pelas minhas criações. Por isso acho que é um CD que pode ser tocado do início ao fim, sem pausas, porque é leve e fluido”, garantiu o rapaz.
A música ‘Erica’ foi a escolhida para liderar esta nova fase da carreira de Zalon. Na letra, o cantor pede que a garota pare de dizer mentiras e seja sincera. “Erica, originalmente, era chamada de Mídia Mídia. Se baseia em uma história de alguém que foi baleado pela polícia e a mídia acabou criando muito medo nas pessoas que ficaram nervosas com o que tinha acontecido. Quando essa ideia me veio na cabeça, não consegui pensar nas letras, foi muito difícil. No entanto, de uma hora para a outra a composição surgiu e eu a escrevi em cerca de vinte minutos. Uma das pessoas que trabalha comigo me disse que falar mídia levaria o CD para um lugar muito político. Inicialmente, fiquei muito irritado com esta opinião e disse que não iria mudar, mas a minha produtora me aconselhou a mudar. Me perguntou se eu já tinha me envolvido com alguma mulher que fosse muito inteligente para mim e quando confirmei ela me falou para trocar o nome por Erica. Dessa forma, funciona tanto para uma relação amorosa quanto uma questão política, de manipulação”, explicou o autor. Durante o lançamento, o artista chegou a ser comparado com o timbre de voz de Marvin Gaye em Let’s Get it On.
O clipe foi lançado no dia 11 de julho e, no vídeo, podemos ver uma paisagem incomum das que vemos em Londres porque, na verdade, foi filmado em Cuba. “Foi lindo filmar em Cuba, nunca tinha ido lá e não conhecia ninguém que conhecesse o país. O local é intocável, porque existe muita história ali. Eu queria um lugar exótico e acabei indo para lá porque sei falar um pouco de espanhol. Quando a minha irmã faleceu tão jovem, eu senti que precisava sair um pouco da minha cidade para visualizar melhor as minhas opções. Sempre fui a base da minha família e não podia deixar transparecer a minha fraqueza. Decidi viajar até lá e senti que seria um bom lugar para fazer o vídeo”, contou o rapaz.
Com pouco tempo de carreira solo, o cantor irá fazer uma turnê de divulgação do seu novo disco no final do ano. A visibilidade vem não apenas por relembrar Amy aos fãs, mas por seu talento e determinação. “Tenho alguns fãs que vieram dela, mas este nunca foi o objetivo. Amy nunca quis que eu fosse seu sucessor, queria que fosse meu próprio artista interior. Ela fazia jazz e estou fazendo soul. São estilos relacionados, mas quero mostrar o meu próprio. Nós não vamos ter uma audiência tão similares”, informou.
O cantor de soul já esteve três vezes em solo brasileiro, sendo uma delas no ano passado, onde esteve por Parati, São Paulo e Rio de Janeiro. Agora, ele se prepara para outra apresentação no final deste ano. Sempre foi muito bem recebido no país e já acumula fãs. O carinho é mútuo. Segundo Zalon, nós sempre teremos um espaço em seu coração. “Em 2011, toquei no país como backing vocal e como cantor soul foi durante uma turnê com a Amy. Estava nervoso, mas as pessoas me receberam muito bem. Dois anos depois, foi a minha primeira vez sozinho e foi muito especial. No ano passado, participei de um festival e este foi um dos shows mais incríveis que já fiz na minha vida. Estes três momentos são a razão do porquê o Brasil sempre terá um lugar especial no meu coração. Sempre estarei grato a vocês”, assegurou.
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