*Por Pedro Willmersdorf
O público que, tradicionalmente, frequenta a Marquês de Sapucaí está mais do que acostumado com correria, cronometragem apertada e a aflição da corrida contra o tempo. Bem, se algum fã dos desfiles das escolas de samba esteve pela Praça da Apoteose na noite deste domingo (20), com certeza conseguiu fazer um link entre a folia de Momo e o show dos americanos do Maroon 5.
Durante cerca de 90 minutos, Adam Levine e seus parceiros desfilaram uma metralhadora de hits, em uma apresentação urgente, eficiente e pragmática. Trata-se da quarta passagem da banda pelo Rio de Janeiro. Antes, estiveram aqui em 2008, no Rock in Rio 2011 e no ano seguinte. Em todas as ocasiões, apesar da objetividade no palco, faltou aos californianos o gabarito de um quesito importante: a montagem de seu setlist.
Sobra carisma (e boa forma) em seu vocalista, sobra talento na sonoridade instrumental do grupo, mas falta ainda uma certeza “esperteza” na ordem das faixas executadas. E tal vacilo, mais uma vez, impediu que o show, apesar de eficiente, terminasse em uma catarse coletiva que as 30 mil pessoas presentes na avenida estavam preparadas para vivenciar.
O show
Na tentativa de equilibrar o peso da artilharia de hits, mais uma vez a banda negligenciou seus dois melhores álbuns: “It Won’t Be Soon Before Long” (2007) e “Hands All Over” (2010). Do primeiro, o público ouviu apenas “Wake Up Call”, do segundo, “Moves Like Jagger”. Uma pena.
O início, com “Animals”, trouxe à tona sons da floresta, uma iluminação temática e uivos proferidos por Adam Levine. E que dariam o tom durante toda a apresentação. Dali em diante, uma série de sucessos seria disparada sem cerimônia: “Harder To Breathe”, “Maps”, “This Love” (a mais cantada da noite), “Sunday Morning” e “Payphone”. Entre solos de guitarra, versos mela-cuecas e reboladinhas discretas, o mais próximo de comunicação verbal com o público, até então, havia sido um “obrigado” dito baixinho por Adam. Até então.
O bis
Um banquinho, um violão e um gringo com cabelo descolorido balbuciando simpaticamente “Garota de Ipanema”: assim, de forma inusitada, a banda voltou para a canja final. Enfim, um ponto fora da curva de produção de um pop fordista. Aplausos calorosos. E uivos, claro.
Em seguida, vieram “She Will Be Loved”, “Moves Like Jagger” e “Sugar”, que, apesar de ser o sucesso mais recente do grupo, parece ter proporcionado um final aquém do esperado. Afinal de contas, um show acelerado pede um encerramento explosivo. Menos doce, mais ácido. Entre a competência e a apoteose, fica a ressalva ao setlist, capenga de formação, mas eficiente em sua execução.
Setlist:
ANIMALS
ONE MORE NIGHT
STEREO HEARTS
HARDER
LUCKY STRIKE
WAKE UP CALL
LOVE SOMEBODY
MAPS
THIS LOVE
SUNDAY MORNING
PAYPHONE
DAYLIGHT
GAROTA DE IPANEMA
SHE WILL
MOVES LIKE JAGGER
SUGAR
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