“O meu trabalho é com a música”. Filho do gênio Gilberto Gil, Bem Gil não negou suas origens artísticas. Em uma carreira plural no cenário da música, Bem atua desde o microfone à produção de CD’s e shows. Atualmente, ele dedica seu tempo à banda Tono, que também tem Ana Claudia Lomelino, Bruno di Lullo e Rafael Rocha na formação, e à produção de novos projetos. “Eu trabalho basicamente com música. Então, além da agenda e dos compromissos da Tono, eu tenho produzido novos álbuns, dirigidos shows… A música não acaba só em sons, letras e melodia. Ela é entretenimento, manifesto, apoio, resistência, inspiração. Eu tento, da minha maneira, estar trabalhando com todos esses elementos, que representam tudo o que a gente quer para o mundo. Porém, pensar assim é muito louco”, manifestou-se Bem que sempre desejou viver da e com a arte sonora.
“O meu fascínio é muito mais pelo ambiente do que pela música em si. Eu demorei a tocar um instrumento e trabalhar a música. O meu desejo inicial era só poder estar sempre em contato com aquele clima de bastidores, camarins, viagens. Desde pequeno eu sempre acompanhei essa realidade com o meu pai e amava a experiência de fazer parte deste mundo”, disse o músico que nasceu em meio ao Rock In Rio de 1985.
Outra questão que tem dividido o tempo e a dedicação de Bem Gil nos últimos meses é a política brasileira. Super engajado, o músico reconheceu o momento de crise geral no país. “Eu acho que não só a arte, mas todos os setores estão com dificuldades. Porém, para mim, é justamente nesse contexto que a gente tem que fazer um esforço para manter a chama acesa. O Brasil está passando por uma crise enorme que não é só econômica, mas também institucional. Hoje, nós vivemos em um país muito dividido, polarizado e extremado”, avaliou.
Ainda assim, Bem Gil destaca o lado positivo dos tempos de cólera. Segundo ele, as recentes notícias, investigações e descobertas públicas dos últimos tempos despertaram o lado cidadão dos brasileiros. “A política passou a fazer parte do cotidiano das pessoas. O debate de ideias, mesmo que muito radical e até um pouco cego, é uma realidade presente. Eu estou muito envolvido nesse contexto, assim como todo mundo, e tentando fazer do meu núcleo de amigos e família uma resistência e um ponto de emanação do que a gente quer e valoriza. No entanto, antes de uma mudança na esfera global, acho que precisamos olhar mais atentamente ao que faz parte do nosso cotidiano. A nossa política tem que ser feita no dia-a-dia, na maneira com que a gente trata nossos parentes e vizinhos, por exemplo”, destacou.
Mas não é só a política que é motivo de preocupação e comemoração na vida do músico. Aliviado depois dos últimos sustos de seu pai, que levaram Gilberto Gil ao hospital por duas vezes em dois meses, Bem contou que está tudo mais calmo em casa. Apesar dos tratamentos contínuos, Gil se recupera bem do quadro de insuficiência renal. “Esses últimos acontecimentos foram um susto por causa da freqüência ao hospital e dessa relação com uma medicina mais terrena. Por isso, foi meio chato. Ele fez um tratamento que gerou um pequeno mal estar nele e na gente. Não que tenha sido grave, mas esse processo foi desgastante. O ambiente de hospital não era um local em que ele se sentisse a vontade. Mas meu pai está bem e está retomando a agenda e os compromissos aos poucos”, contou. Que boa notícia!
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