Em noite de carecas e cabeludos, é de Marillion que elas gostam mais!


Em passagem pelo Brasil, o grupo britânico mostra sua força de 35 anos na estrada, entre mulheres apaixonadas e casais saudosistas lotando o Vivo Rio

Quem tem mais de 30 anos com certeza se lembra de “Beautiful” e “Kayleigh”, músicas da banda inglesa Marillion, que está em turnê no Brasil e já passou por Belo Horizonte e São Paulo. Neste sábado, os músivos se apresentaram no Vivo Rio e deixaram a plateia comovida com aqueles clássicos que todo mundo adora. O público era de carecas, “cabeludos”, pais de 40 anos com filhos de 17 e casais apaixonados que se declaravam ao som de “Beautiful”. Que atire a primeira pedra a mulher que não chorou com os personagens Fernanda (Christiane Torloni) e professor fofo Rubinho (Luís Melo) aos beijos na novela “Cara & Coroa”, ao som desta música.

A banda que fez sucesso nos anos 1980 e 1990 vendeu CDS e camisetas na casa de shows, bem naquele clima saudosista, foi uma noite de casa lotada. Mais uma prova de que o grupo britânico, há 35 anos no mercado, resiste ao tempo. Sucesso nas rádios na década de oitenta com os hits “Kayleigh” e “Lavender”, do álbum “Misplaced Childhood” (1985), o grupo inglês fez sua primeira visita ao Brasil no Hollywood Rock, em 1989. Agora, comandada pelo novo vocalista — Steve Hogarth no lugar de Derek W. Dick —, a banda segue na ativa, com 16 álbuns de estúdio lançados. No set list do show, sucessos como “Beautiful”, “Hooks in you”, “Fantastic Place”, “Neverland” e “Ocean Cloud” balançaram os coraçõeszinhos da plateia.

A empresária Fernanda Bastos, de 43 anos, foi comemorar o aniversário de 12 anos de casamento com o maridão, que só será daqui há duas semanas, mas acredita que não havia melhor ocasião. “Não poderíamos perder essa oportunidade, assim damos início às comemorações agora, com muito estilo. Essas músicas lembram nossa fase de namoro, do início do casamento, da fase de “apaixonite”. Ih! Se essas lembranças falassem… melhor não”, brinca a empresária.

Já o publicitário Leonardo Siqueira, de 39 anos, que também estava “in love”, foi com a namorada mais nova, de 26 anos, mas era ela quem mais gostava da banda. “Eu vim mais para acompanha-la, ela gosta muito dessas músicas, eu já curto outro rock and roll, mas respeito a banda pela trajetória. Olha há quanto tempo os caras estão na estrada e ainda lotam uma casa desta no Brasil, país onde se escuta muita porcaria. Mas acho muito datada, muito saudosista, minha namorada gosta mesmo de uma velharia, veja só! (risos)”, brinca com a diferença de idade do casal. Brincadeira à parte, o publicitário tem alguma razão, esses tiozões não “comeram nenhuma mosca” em todo este tempo de estrada.

A formação da banda é de 1979 e eles são um grupo de rock progressivo, da geração posterior ao Genesis e Pink Floyd. Quando o mercado fonográfico começou a balançar, os ingleses do Marillion saíram na frente. No início da década de 1990, depois de perderem o contrato com uma grande gravadora e o vocalista e fundador Fish, eles tiveram uma solução inusitada para época, mas que hoje é tão corriqueira quanto ter e-mail. Em meados desta década, quando a internet era discada (!), o grupo criou seu próprio domínio (www.marillion.com) e fez uma vaquinha virtual, o que sites especializados chamam atualmente de crowdfunding. A banda foi a primeira a usar tais artifícios, opção que a manteve na ativa e a fez dar uma banana para modismos, grandes gravadoras e modelos ultrapassados. Êta dinossauros visionários!

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