Elba Ramalho sobre live que fará com Juliette, campeã do BBB21: ‘Amorosa e deixa rastro de carinho onde passa’

Elba Ramalho, linda, celebra 70 anos em agosto (Foto: Reprodução Instagram/Rodrigo Farias)

* Por Carlos Lima Costa

Encontrar algo positivo em meio às dificuldades que a vida apresenta ajuda a manter o equilíbrio. Ano passado, em meio à pandemia, Elba Ramalho se tornou avó. Em isolamento, sem poder realizar shows, se manteve em casa, acompanhando como nunca o cotidiano com a família e o desenvolvimento da neta, Esmeralda, que completou um ano, em abril. “Se teve algo bom foi ver minha neta nascer, porque minha vida foi uma loucura. Durante 40 anos, era sobe e desce de avião, ir para hotel, voltava para casa, conversava um pouco com os filhos e dormia. No outro dia, pegava outro avião. Então, agora, posso ficar aqui com a minha neta e eu estou encantada. Ser avó é ser mãe duas vezes. Acompanho Esmeralda no caminhar e no dormir. É o lado positivo dessa história, porque não é fácil enfrentar a pandemia”, revelou a cantora, em entrevista ao programa Conversa com Bial.

Esmeralda é filha de Luã Yvys com a comunicadora Amanda Mezkta. “Essa avó é coruja. A Esmeralda realmente trouxe renovação. Até hoje está encantada. Todos nós estamos”, ressaltou Luã, que é cantor, compositor e produtor, fruto do casamento de Elba com o ator e cantor Maurício Mattar, entre 1985 e 1990. Nas redes sociais, a cantora já expressou inúmeras vezes o sentimento pela netinha: “Hora do chamego é com a vó! Amo muito. Um ano de gostosura a seu lado. Obrigada por me fazer tão feliz”.

Elba Ramalho e a neta, Esmeralda (Foto: Reprodução Instagram)

Antes desse ‘novo normal’, nesta época do ano, Elba Ramalho estaria com a agenda lotada fazendo os show de São João. Foi, inclusive, durante essa festividade que Luã nasceu prematuro, em 1987, após Elba realizar um show de São João ao lado de Luiz Gonzaga (1912-1989) e de Dominguinhos (1942-2013).

Elba explicou como vem lidando com esses dois anos sem festas nos meses de junho e julho. “Me entristece. As festas juninas são a cultura de um povo, essência em nossas vidas, Não é uma onda, um movimento que veio e passou. É o dia a dia, o costume, a tradição, envolve muitas áreas como a comida, as danças, as músicas. É toda uma tradição gostosa. Mas, estamos nos contentando com as lives. Espero que, no próximo São João, em 2022, a gente possa descontar tudo aquilo que não comemos de canjica, de pamonha, tudo aquilo que a gente não pôde dançar e suar de forró”, comentou.

Uma das lives que Elba tem programada será nesta quarta-feira, dia 23, a partir das 22h30, com a participação de Juliette Freire, a campeã do Big Brother Brasil 21, que, no último dia 13, brilhou no Arraial do Gil, cantando com Gilberto Gil, outro ícone da música brasileira. “Cantando lindo, gentil, amorosa, ela deixa rastro de carinho onde passa. Por isso merece tudo e um pouquinho mais. Já está tudo pronto para a nossa live, em Campina Grande”, postou Elba, em seu Instagram. “Minha rainha! Obrigada por tanto! Que venha pra gente viver essa noite de São João juntinhas”, devolveu Juliette na postagem de Elba. A live vai ser transmitida pelo canal do YouTube de Elba.

Nesta quarta-feira, dia 23, Elba Ramalho realiza live de São João com Juliette Freire (Foto: Reprodução Instagram)

No São João de 2019, o último antes da pandemia, Elba gravou, em Campina Grande, um DVD ao vivo, ainda não lançado com a participação de Tony Garrido, Agnes Nunes, Rogério Flausino, Wilson Sideral e Zélia Duncan, com quem cantou Natureza das Coisas, canção que foi disponibilizada nas plataformas digitais no início desse mês. “Foi uma noite especial”, lembrou.

Logo após essa fase de festividade mesmo na web, Elba vai comemorar os 70 anos, no dia 17 de agosto. E ela lembrou a infância, em Conceição, no Vale do Piancó, sertão da Paraíba, sua terra natal, onde nasceu também a paixão pela arte. “Sempre se diz que quem nasce no sertão é um povo bravo, forte, destemido, porque tem tantas adversidades. A gente já nasce tendo que sobreviver à seca, fome, pobreza e miséria. No sertão todo mundo tem essa visão e, no meu tempo, era muito assim: a seca cruel”.

Em sua infância, o pai era dono do cinema local, o que foi importante em sua formação. “Vivia dentro do cinema assistindo filmes incríveis, os que ele deixava e os que eram proibidos. Quando meu pai viajava, a gente dava umas escapulidas, pegava o projetor e levava pra casa, botava um lençol na parede e projetava os filmes em casa”, recordou no talk show.

Durante o programa, ela reviu cenas de trabalhos como atriz como no especial da Globo O Morto do Encantado, onde contracenou com Flávio Migliaccio (1934-2020), e a peça Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto (1920-1999). Depois do teatro, ela, inclusive, interpretou este texto em especial global. “Eu gosto do teatro, na verdade eu sou uma ‘cantriz’. Acho que a atriz inventou a cantora. Eu sempre acho que sou melhor atriz do que cantora. Agora, me sinto mais cantora, mais madura, com mais técnica e sentimento”, comentou.

“Espero que, no São João, em 2022, a gente possa descontar tudo aquilo que a gente não pôde dançar e suar de forró” (Foto: Reprodução Instagram)

Antes do especial de 1981, que contou com músicas de Chico Buarque, ela conheceu o ídolo, ao conquistar um papel no espetáculo Ópera do Malandro, escrito pelo cantor e compositor que no último sábado festejou 77 anos de idade participando da manifestação contra o governo do presidente Jair Bolsonaro, na Avenida Presidente Vargas, Centro do Rio. “Fiz tudo para conseguir esse papel para a minha sobrevivência e eu só pensava assim: Eu vou fazer uma peça de Chico Buarque que desde s 14 anos era meu grande ídolo. Foi um desafio e uma emoção conhecer Chico, uma pessoa muito especial, pra mim um dos maiores compositores”, ressaltou Elba (ela participaria ainda, em 1985, da versão cinematográfica dirigida por Ruy Guerra). A partir deste trabalho no teatro, a carreira dela começou a despontar. Elba, então, gravou Ave de Prata, em 1979, o primeiro de seus 39 discos, tendo já emplacado 37 músicas em trilhas de novelas.

Hoje, vê o filho Luã, aos 34 anos, seguindo seus passos musicais e como parceiro de trabalho. Foi ele quem produziu Eu e Vocês, o mais recente disco de Elba. “Ele é parecidíssimo com o pai, fico procurando uma coisa minha nele, aí falo que o pé é chato igual ao meu”, brincou no programa, ao lado do filho, que se especializou em música pela Berklee, nos Estados Unidos. “Quando eu decidi ir para Boston estudar , foi muito também para sair um pouco desse ambiente, dessa projeção que as pessoas fazem naturalmente sobre a questão de pai e mãe famosos. Perguntavam: ‘Você vai seguir o caminho do pai ou da mãe?’ Eu dizia que iria seguir o meu caminho”, observou. Posteriormente, foi um dos produtores do álbum da mãe, Do Meu Olhar Pra Fora, em 2014. “De lá em diante, fui produzindo outros artistas independentes”, explicou Luã, que compõe desde os 17 anos. “Nunca tinha lançado nada autoral, exatamente por ter um senso de responsabilidade muito grande. Fui experimentando e achando a sonoridade. Acho que já tinha dentro de mim até chegar no meu trabalho, no final de 2019”, completou ele, que, à época, lançou Essenímico, seu primeiro álbum.

Elba Ramalho e o filho, o cantor, compositor e produtor Luã Yvys (Foto: Reprodução Instagram)

Elba lembrou esse momento: “Ele ficou dois anos gravando e não me mostrava nada. Ele cantou, gravou, produziu, tocou, fez todos os arranjos. No estúdio que tenho em casa, quando eu e o Maurício ouvimos, ficamos parados. O disco é um espetáculo, uma viagem muito louca. O som é muito ele. Foi bem emocionante para mim e para o Maurício ver que o Luã tinha uma arte própria”.

O mais recente álbum de Elba, Eu e Vocês, foi produzido por Luã, no estúdio, em casa, e teve como inspiração a neta Esmeralda. “Esse disco nasceu de uma vontade dela de falar, bom, está tudo parado, estamos na quarentena, na pandemia, então, vamos, eu quero criar, eu quero fazer algo”, contou ele. “Um disco simples, forrózinhos românticos, músicas que a galera jovem gosta de cantar”, explicou Elba.

Entre as canções está Ainda Tenho Asas, parceria dela e de Luã. “Acordei um dia lá em Trancoso, coloquei uma foto no Instagram e escrevi assim: ‘Ainda tenho asas, minha alma voa, não espero você me chamar, vou me dar meu jeito de te confundir, se já é o fim que bom, nem precisa começar’. Aí eu mostrei para ele, disse que talvez ele pudesse continuar”, contou. “Eu nunca tinha musicado uma letra, que é um processo diferente de você fazer uma música e depois colocar a letra. Mas quando peguei veio na hora”, acrescentou Luã sobre o nascimento da parceria. Já na faixa título, ela conta com a companhia das filhas Maria Esperança, Maria Paula e Maria Clara como backing vocals.

Elba vem trabalhando em um livro para falar de suas experiências místicas, religiosas com Nossa Senhora Aparecida. “É um desafio. Gosto de livros, mas não sou escritora. Mas no arroubo místico, eu falei: ‘vou ter que contar’. É uma história longa, profunda, delicada, porque acho que cada pessoa tem o seu encontro, a sua experiência particular com Deus. A minha foi arrebatadora, transformadora. Eu mudei muito o jeito de pensar, me voltei muito para as orações, para uma vida mais espiritual do que material”, revelou.