Ensaiando seus primeiros passos fora da banda Radiohead, o guitarrista Ed O’Brien revelou recentemente à rádio “BBC 6 Music” que tem planos de lançar um disco solo já no primeiro semestre do ano que vem. Mas calma, porque as surpresas não param por aí. De acordo com o músico, a grande inspiração para do novo trabalho surgiu a partir do período em que viveu com a família no interior de São Paulo, aqui no Brasil, entre os anos de 2012 e 2013. Logo após o nascimento de seus dois filhos, Ed decidiu mudar-se para uma cidadezinha mais tranquila, onde seus filhos pudessem brincar livremente e entrarem em contato novas culturas.
O’Brien contou ainda que, apesar de não ser um grande conhecedor da música brasileira, clássicos de Tom Jobim, Caetano Veloso, João Gilberto e Jorge Benjor — especialmente “Take it Easy, My Brother Charles” — fizeram parte de sua vida desde 1997, ano em que descobriu o nosso som verde e amarelo. À rádio inglesa, ele relatou que as primeiras tentativas de compor não foram muito frutíferas, mas um convite para assistir ao desfile das escolas de samba no Rio fez toda a diferença em seu processo criativo. “É o maior espetáculo do mundo. Foi a melhor experiência que eu já tive em termos de música. Então, claro, as batidas, o que eles chamam de ‘bateria’, e todos aqueles ritmos. Todo mundo canta. Devem ter umas 4 mil pessoas em cada escola de samba que desfila, e a combinação de escrever música com a sensação de estar lá e sentir que a música poderia ser daquele jeito. Foi muito profundo, e alimentou a minha inspiração e composição”, disse ele, afirmando que a experiência foi um divisor de águas em sua vida.
Na época em que veio de mala, cuia e guitarra para o Brasil, ele havia acabado de lançar o álbum “Ok, Computer” com o Radiohead – disco aclamado pela crítica. Apesar do sucesso, O’Brien ainda se sentia incompleto. Mas as coisas começaram a mudar quando o artista ganhou a coletânea “Red Hot & Rio”, produzida por Paul Heck. De imediato ele se identificou com as belas melodias. “No Brasil, eles usam a palavra ‘saudade’, que é uma forma de melancolia e tristeza, a vontade de estar em um outro lugar. E era isso que eu sentia antes, eu queria estar em outro lugar, um lugar onde fosse feliz”, contatou ele, acrescentando que, depois disso, veio para o país muitas outras vezes com a mulher.
No entanto, o momento era de solucionar questões pessoas. Na época, ele relembra que chegou até a cogitar que a banda lançasse um álbum sem a sua colaboração. “Disse que ia viver durante um ano no Brasil, e para não sentirem que não podiam fazer um álbum comentei: ‘façam-no sem mim, eu depois apareço ou algo assim’”, contou, acrescentando que tinha tido várias aventuras com a banda e queria ter uma aventura com a minha família. “Fomos viver no interior do Brasil, e moramos em um sítio, em uma casinha basicamente do tamanho da sala ao lado. A vida era realmente simples. As crianças se matricularam na escola local. Ninguém falava inglês, mas eles aprenderam, brincavam, etc. E a vida se reduziu às suas partes simples. Para mim, tudo era música e a minha família”, completou.
Artigos relacionados