Tu pode ser um pronome pessoal, um apelido ou simplesmente um encontro de duas letras. Mas, de simples, TU, de Tulipa Ruiz, não tem nada. Este é o nome do novo álbum da cantora que estreia o repertório hoje à noite no Rio. No Theatro Net Rio, em Copacabana, Tulipa apresenta o novo disco que mistura canções inéditas e regravações em uma parceria pessoal e familiar. Irmãos, Tulipa e Gustavo Ruiz se encontram na música em uma dobradinha que foi consolidada em Nova York, onde o álbum foi gravado.
“À princípio eu queria fazer um disco de voz e violão com releituras do nosso repertório. Eu e o Gustavo, meu irmão, produtor e parça, tocamos muito em dupla, em vários países inclusive. Durante cinco anos, Gustavo tocou com a Vanessa da Mata, ao lado do baterista francês Stéphane San Juan, que hoje mora no eixo Rio-Nova York. Além de participar de todos os meus discos, Stéphane sempre quis que fizéssemos um disco da dupla. Ao assumir a produção e nos convidar para gravar nos Estados Unidos, no estúdio do seu amigo Scotty Hard, no Brooklyn nova-iorquino, acabou se juntando a nós e viramos um trio”, contou.
De two, mais uma variação da pronúncia de TU, o álbum ganhou força com o terceiro integrante e forma na cidade que nunca dorme. Em Nova York, Tulipa Ruiz tirou do papel o projeto que, desde o nome, já traduz a ideia da cantora para este momento da carreira. “Geralmente o título do disco me surge no finalzinho do processo, mas com TU o nome veio no começo. Muitas pessoas me chamam assim, é a abreviatura do meu nome. Para mim TU é você e tem o som de “two” em inglês, ou seja, eu e o Gustavo, ou eu e o ouvinte. Mas também pode ter muitos outros significados”, comentou.
O que também é plural no novo trabalho de Tulipa Ruiz é o repertório. De uma ideia de regravações, canções inéditas passaram a integrar a seleção, que ficou ainda mais carregada de sentimentos e lembranças. Sobre o processo de escolha, a cantora contou que não foi uma tarefa tão simples. “Muito foi levado em conta. Mesmo para as releituras. “Pedrinho” e “Desinibida”, por exemplo, são personagens contemporâneos. “Dois Cafés” e “Algo maior”, são letras que precisavam ser explicitadas. As novas surgiram durante ou a partir do processo. Não contávamos com elas. “Pedra” é uma música composta pelo meu pai na época em que nasci, sobre um poema do Dirceu Rodrigues, amigo dele. Eu gosto da arquitetura da canção. “Terrorista del Amor” nasceu em um almoço na casa da Ava Rocha em que Saulo Duarte e Paola Alfamor estavam presentes. “Tu” e “Game” são minhas e do meu irmão e “Pólen” só minha”, detalhou Tulipa que, inclusive, tem “Game” como o primeiro single lançado deste álbum.
E deste repertório, que seria “o maxi-single” da carreira de Tulipa Ruiz se fosse só de regravações, como ela mesma definiu, o resultado é um álbum bem singular. Bem Tu, de Tulipa. Talvez, o ponto que afaste o novo disco da essência musical da cantora é o formato. Como nos contou, Tulipa é daquelas nostálgicas, que tem o vinil, inclusive, como item de coleção. Mas, em seu novo álbum, o trabalho foi lançado em formato 100% digital. “Estava pensando em gravar com a banda só no ano que vem, mas ele foi crescendo e alcançando uma sonoridade que só um Scotty alcançaria. E pode ser que cresça mais ou tome um caminho inesperado, próprio”, contou a cantora que comentou a possibilidade de lançar “TU” em CD.
O fato é que seja em vinil, CD ou digital e com inéditas ou regravações, este é mais um trabalho para a coletânea de Tulipa Ruiz. Com oito anos de carreira, TU é o quarto álbum da cantora e o seguinte ao que ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro, “Dancê”. Sobre as portas internacionais que a premiação lhe abriu, Tulipa disse que as oportunidades pelo mundo foram maiores que dentro do Brasil. “O Grammy Latino é um prêmio muitíssimo reconhecido na América Latina, no mercado americano e no global. O Brasil é que sempre se colocou meio distante dele. Nossas apresentações no México foram resultado do Grammy e acredito que aos poucos seus frutos se tornem conhecidos”, analisou Tulipa que não para na carreira. “Tenho trabalhado o tempo todo. Tenho participado dos discos dos amigos, feito shows no Brasil e fora deles, conhecido gente. Quando comecei a sério, em 2009, tinha somente as músicas do set list. Hoje o set list aumentou”, disse.
E ela comemorou estar com a carreira tão aflorada em 2017. Além de se dedicar aos projetos autorais, Tulipa Ruiz é nome comum entre trabalhos de colegas de profissão. “É maravilhoso ser convidada para cantar com pessoas que admiro. Do Nando Reis, ex-Titãs, cujo disco ganhou o Grammy deste ano na mesma categoria que Dancê, ao Maurício Pereira, da época do meu pai cujo próximo disco será produzido pelo meu irmão. Dividir o microfone com a Liniker ou com a Ângela Rorô, ou seja, com gente que está chegando ou com ícones atemporais, em um espaço de poucos meses, é incrível, é ter o respeito da classe, é ter o respeito do público”, disse Tulipa Ruiz que, além de trabalhar o novo disco, TU, ainda se dedica ao anterior “Dancê”.
Artigos relacionados