*Por Rafael Moura
Depois de três anos do mega sucesso de ‘Sinto Muito’, 2018, Duda Beat está com um novo álbum, o ‘Te Amo Lá Fora’. O trabalho é bem eclético, trazendo ritmos como maracatu, coco, pagode baiano, piseiro e pitadas eletrônicas. ” “Tem música de sofrência, de amor romântico, de amor correspondido também. Tem de tudo um pouco”, garante, acrescentando: “Nesse álbum, me vejo de uma maneira diferente, até rancorosa algumas vezes, em relação ao amor. E mais realista em relação ao sofrimento, em não romantizá-lo tanto. Essa melancolia e tristeza são efeitos do momento que estamos vivendo. ‘Te Amo Lá Fora’ foi um álbum todo criado durante a pandemia. Não falo sobre pandemia nas minhas letras, mas ela me atravessou completamente, está presente na atmosfera mais melancólica deste álbum”.
Segundo a artista um dos maiores desafios ainda é aguardar o momento adequado para pegar a estrada com seu álbum e fazer shows. “Tenho pensado muito nisso, mas também quando ele vier, vai ser muito lindo, tenho certeza. Uma explosão de amor”. A produção assinada por Lux & Tróia (Lux Ferreira e Tomás Tróia) e há dois co-produtores: Patrick Laplan nas faixas ’50 meninas’ e ‘Decisão de te amar’, além de Pedro Straling na canção ‘Game’. O novo álbum ainda conta com as parcerias inéditas da pernambucana Cila do Coco, na faixa ‘Tu e eu’, e do rapper baiano Trevo, em ‘Nem um pouquinho’. “Eu amo fazer uma parceria. É sobre estar em sintonia com aquela pessoa e aberta a ouvir e criar junto. Eu amo esses processos de criação coletiva, colaborativa”, frisa.
A artista pernambucana encara como um desafio lançar um disco neste momento tão difícil para o Brasil e o mundo por conta do novo coronavírus: “Quando um projeto novo nasce, sempre penso na alegria daquele momento, daquele processo. Mas agora é diferente. O que me instiga a fazer música e lançar o álbum é pensar que a arte sempre encontra meios de florescer mesmo que o solo pareça estéril. Às vezes, eu sinto que nada que eu diga é suficiente diante da dor do mundo. E talvez não seja mesmo, porque estamos passando por algo inédito na nossa história. Essa desilusão e sensação de incompletude eu aceitei e usei também no meu processo do disco”.
Com 11 faixas, o primeiro single foi ‘Meu Piseiro’, que reafirma a regionalidade da artista em conexão com sua identidade pop cult. “Foi escolhido principalmente por ter um a narrativa que fala muito pelo álbum, que fala sobre estar tudo perdoado e ninguém é obrigado a me aceitar assim”, frisa. Aos 33 anos, Eduarda Bittencourt Simões apresenta espontaneidade no repertório inteiramente inédito e autoral, excelente acabamento instrumental. Um tempero certo para a fusão do brega pop com o universo da música eletrônica, explorando novas sonoridades e ritmos que se tornaram uma tendência no mercado fonográfico.
O play do disco vem com ‘Tu e eu’ com a voz celebre da octogenária Cecília Maria de Oliveira, a Cila do Coco, uma das matriarcas da música popular de Pernambuco. Dona Cila participa da faixa em que Duda sampleia duas gravações da cantora, ‘Coração de papel’ e ‘Lá vem ela chorando’. Se ‘Meu pisêro’ faz uma reinvenção da pisadinha, subgênero do forró, em ‘Nem um pouquinho’ (Duda Beat, Lux Ferreira, Tomás Tróia e Trevo) liquidificam o pagodão baiano com o swing do trap com o a voz ilustre do rapper baiano Trevo. Além da sofrência, tem muito de amor de correspondido, como as faixas ‘Chega’ e ‘A Decisão de Te Amar’. “Temos um país muito rico sonoramente. É uma felicidade para mim trazer tantas referências. Sou uma pessoa eclética, não tenho nenhuma restrição. Estou sempre aberta a ouvir novas experiências. E tudo influencia meu trabalho, claro. Meu processo de criação sempre passa por mim, pelas minhas vivências. Não vou buscar inspiração lá longe, busco e acho aqui dentro, nesse emaranhado que eu sou”, enfatiza Duda.
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