Dônica lança o segundo álbum este ano e Tom Veloso, integrante e filho de Caetano, comenta a relação do pai com a banda: “O contato é muito pouco”


Com seis anos de estrada, os jovens artistas tiveram o primeiro disco produzido por Milton Nascimento e se preparam para lançar o próximo ainda em 2017. Sobre o caminhar do grupo rumo ao sucesso, o vocalista confessou que não acreditava 100%. “Quando a gente começou, nós realmente tínhamos a vontade de que tudo acontecesse de fato. Mas eu confesso que não dessa forma”

Um grupo de cinco ou seis adolescentes que decidem se juntar para fazer uma banda. História bastante comum, ? Pois bem, mas eles não são só mais um grupo de jovens apaixonados por música que decidiram se unir para fazer um som. Há seis anos juntos, a Dônica se prepara para o segundo álbum da carreira depois da repercussão positiva do primeiro disco, lançado em 2015. Atração de abertura na noite do show do Capital Inicial na Arena Banco Original, os meninos, que têm entre 19 e 20 anos, conversaram com o HT e adiantaram o que virá em breve no caminho da Dônica.

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Ainda sem nome, ou pelo menos não divulgado pelos integrantes, o segundo álbum da Dônica terá uma sonoridade diferente. Enquanto o primeiro, “Continuidade dos Parques”, tinha uma pegada mais de rock e com uma forte carga instrumental, o segundo será mais cancionado. Caso não saiba o que isso significa, Lucas Nunes, guitarrista, explicou a diferença. “Enquanto a instrumental pode soar mais confusa para quem ouve, nesse, a proposta é que o violão se destaque. Nesse segundo álbum, as músicas podem simplesmente serem acompanhadas apenas por um violão, como se fossem aquelas que a gente toca na fogueira entre amigos, sabe?”, apontou.

Essa nova proposta musical do disco surge com um diferente contexto para o disco. Como disse Zé Ibarra, vocalista e tecladista da banda, o próximo álbum não terá uma temática própria, assim como o primeiro também não teve. No entanto, o fio condutor do novo trabalho será a sonoridade violada. “Nós temos um contexto e uma narrativa em termos de estética. Esse trabalho será muito mais violado, ao contrário do último, que tinha uma pegada mais de rock. O que nós queremos fazer é uma mistura de tudo o que tem de mais internacional com a essência da música brasileira, como a batucada e o violão de nylon”, explicou Zé que acredita que, na novidade, esta mistura estará muito mais orgânica.

Com essa mudança na sonoridade da Dônica e a identidade musical tão singular que eles possuem, os integrantes da banda contaram que não conseguem definir o estilo do som deles. Segundo Zé Ibarra, a Dônica não se encaixa única e exclusivamente dentro de um gênero. “Não sei explicar, não tem como. Propositalmente, a gente já tem uma ideia de mistura. Então, não dá para definir um estilo. Em geral, é MPB feita por brasileiros”, tentou explicar o vocalista que também é responsável por algumas composições da Dônica. Sobre o trabalho de criar novas músicas para o grupo, Zé Ibarra confessou que ele e os companheiros são “mais lentinhos”. No entanto, os cinco jovens músicos estão sempre se dedicando às novidades. “A música pode vir de várias formas. Por isso que eu sempre digo que fazer música é sorte, o desafio está em desenvolver. A primeira ideia geralmente vem do nada. E aí depende do seu talento conseguir trabalhar em cima daquela letra”, contou Zé Ibarra.

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No entanto, como destacou Zé, uma música não se consiste apenas na composição. Com a letra pronta, os integrantes da Dônica passam para uma outra etapa, considerada por eles a mais difícil. “A parte mais demorada é o arranjo, em que a gente tem que tornar aquela letra possível. Nesta etapa, precisamos conseguir potencializar o que aquela música tem de básica, que é melodia, harmonia e ritmo”, apontou Zé Ibarra que foi completado por Lucas Nunes. Para o guitarrista da Dônica, há ainda uma outra etapa fundamental para a consolidação de uma nova música para o repertório da banda. “Outro ponto, como um grupo, é que precisamos fazer com que todos os integrantes entendam e sintam aquela canção. Só assim, nós conseguimos absorver e agir com naturalidade, como se aquela letra e melodia já fizessem parte de nós”, acrescentou Lucas.

O fato é que, apesar do trabalho e das dificuldades, a Dônica segue seu caminho no cenário da música nacional. Além do talento e da dedicação dos músicos, os jovens também possuem nomes geniais acompanhando os bastidores da banda. Um deles é Milton Nascimento, que foi responsável por produzir o primeiro álbum e cantou com Zé Ibarra uma das faixas. O outro é Caetano Veloso, pai de Tom, compositor e violonista da Dônica. Discreto e sem chamar muita atenção, Tom quase não participou da nossa conversa. Ele, que é assumidamente tímido, veio apenas nos contar como é ter Caetano Veloso como pai e fã do trabalho dele e de seus amigos. “É um prazer e uma honra maravilhosa. Mas a gente não sente uma pressão e nem que a presença dele e do Milton atrapalhem na nossa carreira. A emoção de estar com esses caras é maior do que qualquer ponto negativo”, disse Tom Veloso que reconheceu a importância do incentivo atrás dos palcos. “O contato é muito pouco, mas óbvio que ajuda”, completou.

Com ou sem a ajuda dos grandes gênios da música brasileira nos bastidores da Dônica, a banda já se apresentou em festivais grandiosos como Rock in Rio e Lollapalooza. A oportunidade, que não foi conquistada por muitas bandas que estão há mais tempo no mercado, por exemplo, mostra que os jovens artistas não estão para brincadeira. Até porque, lembra que dissemos que a Dônica não é só mais uma bandinha de amigos adolescentes? Sobre esse possível amadorismo da idade, Zé Ibarra contou que não faz o perfil do grupo. No entanto, o vocalista e tecladista da Dônica confessou que não esperava que o caminho deles seria tão frutífero assim. “Quando a gente começou, nós realmente tínhamos a vontade de que tudo acontecesse de fato. Mas eu confesso que não dessa forma, porque a gente não acreditava direito. Não que tenha sido fácil, mas foi bom”, avaliou.