‘Dolores Duran é amor cultivado desde adolescência. Fui surpreendida pela sua inteligência e humor’, diz Nina Becker


A cantora, que em 2014 lançou o disco ‘Minha Dolores’, fará hoje (dia 26) uma apresentação no Centro da Música Carioca Artur da Távola, no Rio, no lançamento do DVD do projeto Cantoras do Brasil

Nina Becker se apresenta hoje no Centro da Música Carioca Artur da Távola cantando Dolores Duran, no lançamento do DVD Cantoras do Brasil

*Por Rafael Moura

Uma das maiores vozes do gênero samba-canção, Dolores Duran (1930 – 1959), será homenageada hoje (dia 26), pela cantora Nina Becker, no Centro da Música Carioca Artur da Távola, no Rio de Janeiro. “Dolores é um amor que cultivo desde a adolescência. Fui surpreendida pela sua inteligência e senso de humor. Uma mulher negra que se empoderou nos anos 50, um momento ainda muito retrógrado. Gosto tanto do repertório que me inspirei para essa homenagem. Quero todos a relembrem através do meu olhar e possam sentir o que mesmo que eu quando a ouvi pela primeira vez”, comenta Nina.

O show ‘Minha Dolores’ (dico lançado por Nina em 2014) celebra o lançamento do DVD das temporadas três e quatro do programa Cantoras do Brasil, um projeto que faz uma simbiose entre passado e presente da música brasileira com cantoras de diferentes gerações. Grandes nomes da atualidade foram convidadas para soltar a voz e revisitar ícones da MPB, como Karol Conka, Mahmundi, Letrux, Alice Caymmi, Thaís Gulin, Flora Matos, para citar algumas – homenageando ilustres artistas como Cássia Eller, Chiquinha Gonzaga, Jovelina Pérola Negra, Ana Terra, Sueli Costa, entre outras.

Nessa apresentação, Nina será acompanhada do bandolinista Luis Barcelos, e de Lucas Porto, com o violão de sete cordas, dois instrumentistas que transportam a voz de Becker e o universo de Dolores para novos planos de audição. Esse trio em perfeita união pretende emanar muita beleza e sentimentos para o público presente em um show mais intimista. “O uso da voz por um cantor acontece magicamente de formas muito diferentes conforme a energia e a personalidade de cada um. No meu caso, certamente sinto que exige mais precisão. No entanto, também tem um certo conforto de não ter tantos elementos no sistema de som e com isso poder cantar mais baixinho, que é o meu jeito favorito, mas que nem sempre é possível”, ressalta.

Dolores cantava em diversas boates no mais boêmio e encantador bairro daquela época: a Lapa, no Centro do Rio. Sua fama se espalhou e foi contratada pela Rádio Nacional, uma das maiores do país e que na época só escolhia apenas os melhores cantores. Era o espaço mais disputado pelos artistas, afinal, para fazer sucesso, tinha que estar no Rio, capital política e cultural do Brasil.

Nina ressalta que fez uma pesquisa profunda para compor as faixas desse álbum lançado em 2014, visto seu amor por Dolores Duran. “Eu sou uma canceriana que gosta de olhar álbuns de fotos antigas, visitar antiquários e saber como as pessoas eram e viviam em outras épocas. Pesquisei sobre aquele momento na História do Brasil e do mundo”, pontua. Para ela, Dolores era uma artista muito versátil, cantava todos os estilos muito bem “e foi parceira de Tom Jobim (1927 – 1994), Vinícius de Moraes (1913 – 1980), Lucio Alves (1927 – 1993)… Quis mostrar um pouco de cada faceta dela, o senso de humor perspicaz, as canções de dor de cotovelo, a fase mais solar que antecipou a Bossa Nova no encontro com o Tom, e até pegada nordestina que ela explorou em um certo momento da carreira”, enfatiza. Todos os ciclos estarão no show que se tornou uma extensão do álbum homenagem. “É um espetáculo que vale muito a pena. É bem rico”, frisa.

O site HT pediu a Nina que fizesse uma reflexão sobre as mudanças do mercado fonográfico e as novas formas de consumo de música e como esses fenômenos vêm alterando o comportamento dos ouvintes. “Eu nasci e cresci numa época em que para ouvir uma música você tinha que levantar a bunda da cadeira, pegar um LP e botar na vitrola, rsrs! O ritmo do consumo de música que acontece hoje em dia, fica um pouco fora do meu tempo natural para absorver e curtir coisas. Quase tudo é acessível hoje, mas o excesso de informação me perturba, preciso de filtros para ouvir com calma e também preciso de silêncio”. Becker enfatiza que está sempre em busca de novidades, mas é impossível dar conta de tudo. “Ao mesmo tempo, preciso colocar o meu trabalho na rede e divulgar, então, faço o que é necessário para as plataformas estarem atualizadas, mas sem muita preocupação com respostas imediatas”, relata.

E a bela Nina aina revela que nesse segundo semestre vem com muitas novidades. Uma delas é a banda Fira Banaba. “Além da nova banda estou pesquisando repertório para o meu próximo trabalho solo. Além disso, atuo como diretora de arte, de vídeos e cenógrafa. E assim vou conciliando esse lado que eu também adoro com os shows e de uma forma bem orgânica”.

Serviço:

Nina Becker canta Dolores Duran – DVD Cantoras do Brasil

CMC – Rua Conde de Bonfim, 824, Tijuca – Rio de Janeiro

Horário: 20h

Ingressos 10,00 – 20,00

Telefone: (21) 3238.3831

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