*Por Rafael Moura
Como todo bom escorpiano, o carioca, tijucano, Tiago da Cal Alves, mais conhecido como Papatinho, é corajoso, destemido, ambicioso e quase sempre consegue o que quer. Não é por acaso que ele é o fundador da Papatunes. Recentemente, o beatmaker lançou a faixa ‘Lance Criminoso’, com participação de com Xamã, MC Cabelinho e BK e antes disso a faixa ‘Tá com o Papato’, uma parceria com Anitta, Dfideliz e BIN, que já tem mais de 16 milhões de visualizações em seu videoclipe.
O DJ é um especialista em criar matches de sucesso, os famosos feats que têm cada vez mais dominado as playlists mundo afora. “Cada caso é diferente. Eu produzo as faixas e penso quais artistas se encaixam melhor. É tipo um jogo de quebra cabeça. Algumas vezes acontece naturalmente. Por exemplo, em ‘Ta com Papato’, a Anitta escutou a música e quis muito participar e acabou entrando. Geralmente, eu vou montando esse quebra cabeça, mas às vezes rola isso de acontecer por acaso. É uma junção interessante. Artistas de países e gêneros diferentes agregam muito porque isso conecta os públicos e ritmos variados. Agrega muito juntar não só gêneros variados como áreas e países variados”, revela, ao site Heloisa Tolipan.
Uma das maiores referências no mercado nacional de produção musical, o DJ é um dos fundadores do grupo de rap ConeCrewDiretoria, além de fazer produções e parcerias com grandes artistas como Marcelo D2, Gabriel o pensador, Anitta, Criolo, BlackAlien, Mc Guime, entre outros. O apelido Papato é uma variação de Papatinho, que vem de ‘sapatinho’. “É uma expressão pra quem é tímido e ‘chega com calma'”, conta. O início de sua carreira se deu na cena alternativa ao ser campeão da Battle Beats Brasil, em 2008 e da batalha da Festa B.E.A.T.S, em 2009.
Um autodidata na arte de criar samples, ele usa toda essa notoriedade para compartilhar seu talento. “Eu comecei fazendo experimentos sozinho e, conforme meus amigos também começaram a rimar, nós nos juntamos para formar a Cone Crew Diretoria. Ali eu percebi que havia talentos diferentes, eu queria fazer acontecer e não sabia como. Daí comecei a fazer os beats e percebi que tinha um feeling para aquilo. Isso abriu portas pra mim, porque nós fomos um dos maiores fenômenos da internet brasileira. Nós tocamos nos maiores festivais como Lollapalooza, Planeta Atlântica, tour internacional, etc. Essa foi minha maior escola e me preparou para produzir outros artistas grandes como Marcelo D2 e Anitta. Em seguida vieram as viagens internacionais, mas sempre gosto de lembrar que eu vim do rap, das batalhas de beat, batalhas de mc’s, bem underground mesmo”, agradece.
Apesar do boom, Papatinho ainda preserva sua humildade e faz questão de ressaltar que é um produtor de música urbana. “Essa é uma maneira de englobar o rap, trap, r&b, funk, reggeaton e o que vier. Eu cresci no Rio de Janeiro, então estou acostumado a ouvir funk, sempre fez parte da minha trilha sonora e foi um processo natural expandir meu gênero de produção. Um exemplo interessante foi ano passado em que em uma semana eu produzi o álbum do Black Alien, que inclusive ganhou álbum do ano no Multishow e tive o lançamento de ‘Onda Diferente’, um funk 150 bpm com Ludmilla, Anitta e Snoop Dogg. Essa versatilidade é muito interessante e fico feliz de ser reconhecido por fãs que gostam de diferentes trabalhos que já participei”, revela.
Sobre o disco novo, o artista nos conta que ‘Workaholic’, ainda sem data de lançamento, irá mostrar toda a sua versatilidade como criador e que o público pode esperar muito gingado nas playlists e pistas de dança de todo o país. “Com esse meu projeto produzindo faixas, mas lançando como artista, eu tenho esse poder de misturar e é muito legal ver essas parcerias na pista. Às vezes é até bom para o artista experimentar novas aventuras. O Ferrugem, por exemplo, é do samba, gravou no meu primeiro EP a faixa ‘Dois Copos’ e misturei ele com o L7NNON que é do rap e o Kevin O Chris do funk. A música é estourada nos três segmentos e cada um canta nos seus shows. É muito maneiro fazer essa parceria. É o trunfo que eu tenho”, enfatiza.
O funk apesar de todo o sucesso, que sacode multidões de todas as classes sociais, ainda tem gente que torce o nariz. Perguntamos ao produtor como mudar essa divisão do gênero. “O funk tem um poder de fazer qualquer pessoa reagir de alguma maneira e é muito interessante isso no exterior, inclusive. Muitas pessoas veem o funk brasileiro como um ritmo brasileiro envolvente e de sucesso. Sempre que eu faço sessões fora do país, deixo meu kit preparado de tambores e percussões de funk e eu sempre tento botar uma pitadinha disso nas produções, o que agrada muito aos gringos. O Will.I.Am, do Black Eyed Peas, por exemplo, quando ele veio pro Rock in Rio a gente se conheceu e acabou fazendo várias músicas. Ele ficou doido com o funk”, conclui.
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