“Dizer que não quero gravadora, nem investidor, seria como chutar cachorro morto”, diz o autêntico roqueiro Landau


O ovelha negra, na contramão dos irmãos Rogério Flausino e Wilson Sideral, se assume “casca grossa” e “da roça” e disponibiliza álbum para download na internê. Vem saber!

Um roqueiro “casca grossa”, assumidamente “da roça”, mas nem tão bad boy assim. Este é o cantor e compositor Landau. Sempre assumiu sua autêntica identidade e tem 15 anos de estrada, para quem não sabe, e ainda jura que também é um cara família. Okay! Para comemorar a data, ele acaba de lançar o álbum “Casca Grossa”, apresentando a nova fase de seu rock alternativo de forma consistente, inspirado no Hard Rock dos anos 70. E a compilação completa estará disponível para download de graça (!) nos canais digitais do artista. Mas  afirma que isto não o tornará mais ou menos pobre diante do atual cenário musical. E como sua estrada não tem freio, Landau inicia a turnê “Casca Grossa” pelo Brasil neste mês.

Embora as referências circulem entre The Cult, Creedence Clearwater Revival, Steppenwolf e Zé Ramalho, o novo disco traz uma liberdade em conceito e cria o seu próprio, assumindo a identidade de “roqueiro da roça”, como ele mesmo diz. Como em todos os álbuns, este conta com letras biográficas, que em 10 faixas inéditas vestem uma construção musical mais complexa, cheia de elementos novos, banjo e percussão. A pegada blues marcante no novo trabalho é bem representada por Netto Rockfeller. Além do próprio Landau, o disco é produzido por Paulo Senoni (expoente das produções musicais independentes do Brasil e com quem trabalha há 8 anos), e masterizado por Steve Corrao (Sage Audio) de Nashville, USA, quem costuma trabalhar com múltiplos artistas articulados em todo o mundo.

Das faixas marcantes, “Pé na Estrada” evidencia a personalidade rock pop de Landau, mas desta vez, com uma nova malícia e um lado country inédito explorado pelo artista. “Eu Sou Terrível” é uma surpresa boa do CD e uma das faixas que tem o blues enraizado. A música “O bem e o mal” vem séria, exige cordas vocais mais graves do cantor, e com a companhia da melancolia, ganha uma face inédita da MPB. “Amores Possíveis” vem com romantismo que habita na sua casca não tão grossa assim, mas que ganha um ar de cowboy solitário morando em São Paulo. “Casca Grossa” representa a liberdade sonora do novo álbum, com uma veia mais rock’n roll e rústica.

Confira a entrevista com o roqueiro casca grossa! E aproveite seus links para pegar tudo sem pagar nada abaixo!

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HT: Você é mesmo um cara casca grossa?

L: Musicalmente, sim…(risos). Mas, pessoalmente, tenho meus momentos família, noiva e amigos que me deixam com o miolo mole (risos).

HT: Qual a sua porção “da roça” e qual a sua porção urbana? Por que você também é um cara com ideias bem modernizadas, ao mesmo tempo em que assume essa postura de cowboy solitário. 

L: Na verdade, acredito que eu seja 45% da roça, 45% urbano e 10% “nerd”. Preocupo-me bastante em divulgar meu trabalho na internet (risos)! Acho que esse equilíbrio me faz ser quem eu sou.

HT: O que caracteriza a sua porção “da roça”?

L: Eu moro em São Paulo há 12 anos, então, quando me pego com saudades do mato, a inspiração parece vir mais rápido, e isso me deixa em uma situação bastante confortável pra compor. Minhas angústias, as visões solitárias no meio das pastagens do Sul de Minas e o cheirinho de café já estão impregnados em mim. Minha obra é um reflexo da minha migração pra maior cidade do país. Aparentemente  sei que é um discurso muito comum e muito parecido com o dos meus principais ídolos, mas é isso mesmo, esta mistura de guitarras distorcidas com cheiro de cavalo é um prato cheio para minha inspiração… Algo do tipo Crocodilo Dundee de Alfenas.. (risos).

HT: As suas músicas são autobiográficas e as letras propõem um cara intrigantemente autêntico. Como é a sua rotina, ou você não alimenta rotina como todo bom roqueiro?

L: A minha rotina se tornou estar sempre preparado pra por o pé na estrada com a guitarra a tiracolo…! Quando estou em casa, fico tocando guitarra, ensaiando, montando meus próprios flyers dos shows e bolando as estratégias de divulgação do meu trabalho. Confesso que sou apaixonado por ele. Mas adoro ver filmes de cowboys, fico viajando nas trilhas sonoras… isso me inspira demais.

HT. Por que disponibilizar download? Não tem medo de ficar pobre?

L: Na verdade, quanto tinha gravadora, era mais pobre ainda…! Mas é sério, desde quando comecei a cantar, em 1998, conheci várias bandas através da internet; eu faço parte dessa geração em que a informação é mais rápida e bem mais democrática. Mas acredito que a nossa classe musical fatura muito mais em shows do que na venda de CDs. O mercado alternativo sobrevive até melhor assim.

HT: Você se considera um cara na contramão do sistema, da indústria fonográfica? Ou é só uma questão de atitude rock’n’roll de um autêntico roqueiro? 

L: Um pouco das duas. A situação da indústria fonográfica não anda nada boa faz tempo. Faço parte de uma geração que sentiu na pele o declínio dessas grandes companhias. O sistema online de distribuição de música, clipes e tudo mais vieram só para afirmar a possibilidade de alternativa comercial. Porém, o mercado digital, que inicialmente era a “contramão” do sistema, hoje também se tornou um grande business quando o trabalho é intensificado e bem feito. Também existe o “Jabá” online, mas essas ações não são tão escancaradas quanto nas grandes mídias. Então, seria como “chutar cachorro morto” ao dizer que não quero gravadora, nem investidor, nem nada.

Links onde o artista disponibiliza os trabalhos:

Álbum completo:  https://soundcloud.com/landau e https://www.youtube.com/watch?v=vuLYx5QyDxs e https://itunes.apple.com/us/album/casca-grossa/id846075793?l=pt&ls=1

http://www.landauonline.com/

https://www.facebook.com/flaviolandau

https://twitter.com/@landauoficial

App Landau: http://app.vc/landau

Vídeo novo “Pé na Estrada”