Diva music potencializada: Aretha Franklin volta ao jogo e canta “Rolling In The Deep”, de Adele


Cantora retorna ao cenário musical e relembra ao mundo como a verdadeira música boa deveria ser

*Por João Ker

Aos 71 anos e a consagração como uma das maiores lendas da soul music, Aretha Franklin ainda não está pronta para abaixar seu microfone. Depois de três anos curtindo a vida de mansinho, a cantora responsável por clássicos como “Respect”“Bridge Over Troubled Water” sacudiu a poeira e anuncia agora um disco de covers, intitulado “Aretha Franklin Sings The Great Diva Classics”. E a primeira diva que ela decidiu homenagear? Adele, a sensação britânica que explodiu no mundo inteiro e despensa apresentações. Na versão de Aretha para “Rolling In The Deep”, o impossível acontece, com a veterana imprimindo ainda mais poder vocal e sentimentos a uma música que, se já era perfeita antes disso, agora entra para o catálogo eterno dos repertórios mundiais.

Versão de Aretha para “Rolling In The Deep”

Com produção assinada em parceria por Aretha e o chefão da Sony Music, Clive Davis, o álbum está programado para chegar às lojas no próximo dia 21 de outubro. Entre as regravações, a cantora passeia pelas décadas e elege a nata musical para agraciar com sua voz, escolhendo faixas que vão de “At Last”, de Etta James, até “No One”, de Alicia Keys. Esse parece o momento perfeito para o mundo relembrar o que costumava fazer com que artistas fossem considerados bons: originalidade musical e voz, ao contrário de seguidores no Instagram ou excessos de autotune, como hoje em dia.

Na verdade, parece que a própria indústria da música está pronta para se renovar e voltar às suas origens, regurgitando tudo o que há de genérico e artificial nos charts e rádios. Grandes ícones como Aretha e Mary J. Blige já anunciaram que estão de volta ao cenário musical, mostrando às novinhas o que realmente significa ser “artista”. E, como se fosse um sinal de que algo está mesmo para mudar, as próprias cantoras de gerações mais recentes não estão suportando mais as pressões, exigências e falta de originalidade no pop atual: Lady Gaga, ao lado de Tony Bennett, está investindo no jazz através do recente e elogiado álbum “Cheek To Cheek”; Pink também largou de mão os trabalhos com Max Martin e Dr. Luke para cair de cabeça no folk, lançando o projeto paralelo You + Me, em parceria com Dallas Green; até Lana Del Rey, a carta mais nova na mesa, saiu de cima do muro e pulou direto no campinho do rock com seu último álbum “Ultraviolence” e eliminando qualquer dúvida que ainda restava sobre sua persona musical ser ou não considerada como “pop”. Miley Cyrus também vem investindo em um lado mais alternativo/psicodélico – que comentamos aqui – e já garantiu que está altamente inspirada por The Flaming Lips.

Gaga interpretando “Bang Bang (My Baby Shot Me Down)” ao lado de Tony Bennett
No mundo ideal, as novas “divas” – pouquíssimas capazes de segurar o título como Aretha Franklin – abandonariam seus esforços pelo sucesso comercial e investiriam em suas referências verdadeiras. Afinal, o que não falta é gênero e possibilidades para isso. Outra que está chegando de mansinho é Christina Aguilera que, de acordo com os rumores, pretende lançar um álbum de hip hop no estilo do aclamado “Back To Basics” (2006), talvez seu disco mais elogiado até a presente data, altamente influenciado pelo jazz e pela soul music: orgânico, natural e sem produções exageradas.

Christina Aguilera homenageando os clássicos na introdução de “Back to Basics”

Voltando a Aretha, a cantora já começou a divulgar seu trabalho, apresentando “Rolling In The Deep” no programa de David Letterman, emendando um mashup com “Ain’t No Mountain High Enough” e deixando o mundo inteiro boquiaberto por ter esquecido como a música de verdade deveria soar – não que Adele já não tenha feito isso, né. É muito provável que essa nova onda de música acima de sucesso pegue novamente. Afinal, assim como na moda, no cinema e em qualquer expressão artística, é impossível evoluir sem saber o que foi feito para chegar até aqui. E nesse ciclo infinito e repetitivo, a hora de voltar ao início já está chegando.

Aretha se apresentando no programa de David Letterman

Confira abaixo a tracklist oficial de “Aretha Franklin Sings The Great Diva Classics”:

(Foto: Divulgação)

(Foto: Divulgação)

01 At Last (Etta James Cover)
02 Rolling In The Deep (Adele Cover)
03 Midnight Train To Georgia (Gladys Knight And The Pips Cover)
04 I Will Survive/Survivor (Gloria Gaynor/Destiny’s Child Cover)
05 People (Barbra Streisand Cover)
06 No One (Alicia Keys Cover)
07 I’m Every Woman (Chaka Khan Cover) / Respect
08 Teach Me Tonight (Dinah Washington Cover)
09 You Keep Me Hangin’ On (The Supremes Cover)
10 Nothing Compares 2 U (Sinéad O’Connor Cover)