Direto de Las Vegas: fomos ao show de Celine Dion, no Hotel Caesars Palace. Desde Elvis Presley uma artista não fazia temporada tão rentável


Tão bonito quanto deliciosamente cafona. Como tudo, aliás, em Vegas. A produção é impecável e coloca a canadense no trono que ela merece ocupar de diva maior desse segmento

* Por Junior de Paula, de Las Vegas

Desde Elvis Presley um artista não fazia temporadas tão rentáveis e bem faladas em Las Vegas quanto as que Celine Dion vem repetindo por lá, anualmente, desde 2011.

Com média de 200 mil pessoas assistindo às suas 70 apresentações anualmente no magnífico Teatro Colosseum, no Hotel Caesars Palace, Celine arrecada cerca de US$ 20 milhões por ano com os shows. “E meu marido adora essa história de se mudar para cá por longas temporadas, já que ama uma mesa de jogo”, brinca Celine em um dos muitos momentos em que deixa de cantar para dar vez a uma verve pouca conhecida: a de entertainer.

Quase como uma Ivete Sangalo, que não perde a oportunidade de colocar muitas piadas entre as músicas, Celine faz caretas, conta histórias da estrada e fala sério para agradecer, de forma muito sincera, pelo menos aparentemente, ao público que lotava o teatro “por permitir que ela trabalhe com o que ela mais gosta de fazer na vida, que é cantar para grandes audiências”.

Nos 95 minutos de shows, que passam como se fossem 95 segundos, ela canta 25 músicas com direito a tudo o que a gente quer ver Celine cantar. Desde seu primeiro sucesso, Where Does My Heart Beats Now até músicas novas, como Incredible, passando, claro, pelos hits All By Myself, Because You Loved Me e o maior de todos, My Heart Will Go On, tema de Titanic, que fica reservado para o bis, com direito a Celine erguida por uma plataforma no meio do palco e projeções que imitam uma fonte d’água caindo em torno dela.

Tão bonito quanto deliciosamente cafona. Como tudo, aliás, em Vegas. A produção é impecável e coloca a canadense no trono que ela merece ocupar de diva maior desse segmento. Apesar do palco imenso e dos muitos milhares de lugares do teatro, Celine consegue uma conexão direta com a audiência, chegando a cantar no meio da plateia durante How do you keep the music playing?.

Detalhe: quando a cortina se abre nos primeiros acordes da canção, a gente consegue ver a cantora no meio palco, numa plataforma elevada, entoando os primeiros versos. Algum tempo depois, uma luz se acende no meio da plateia e lá está Celine de carne e osso, mostrando que o que víamos até então era um holograma – quase perfeito – que a permite fazer um dueto com ela mesmo.

“Acho que ninguém nunca teve esse viagem de ego antes”, brinca. Ela segue cantando e cumprimentando as pessoas segurando-as pela mão, até chegar ao palco novamente e terminar a canção ovacionada. Em seguida, aproveitando o momento holograma, ela chama Stevie Wonder para um dueto, em mais um daqueles truques que só se vê em Vegas. Por falar em participações, é preciso destacar sua orquestra formada por 26 músicos mais três backing vocals, que entram e saem do palco como se fosse mágica em plataformas que se movimentam para todos os lados formando e reformando a estrutura do show. Ah, e sem esquecer a sete trocas de roupa – todos vestidos de alta costura – que deixam a diva ainda mais diva.

Uma noite memorável que, pelas recentes notícias, vai ficar em cartaz até 2019, já que ela acabou de renovar o gordo contrato com a cidade do pecado!

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* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura