Com direito a mini orquestra no meio do público, Marcelo Camelo canta em noite histórica, na Lapa


Cantor inaugurou a turnê de ‘Mormaço’ com surpresas para o público vibrante e participação da mulher, Mallu Magalhães.

Em noite histórica para os fãs saudosistas da banda Los Hermanos, Marcelo Camelo apresentou-se ontem (27), na Lapa, com show minimalista, romantismo e muita gratidão ao público presente no Circo Voador – com direito a surpresa no final do show, participação especial e clássicos. Por coincidência ou não, o músico escolheu o Dia do Cantor para ter o contato mais próximo que um artista pode ter com os fãs: o show acústico. Em um cenário com luz tímida, um coqueiro, um banquinho e o violão, a voz do cantor misturava-se ao coro extasiado pela emoção. O repertório que iniciaria a turnê do DVD ‘Mormaço’ no Rio de Janeiro (o show de lançamento da tour rolou em julho, em Salvador), além das canções do novo CD e de seus outros álbuns solo, cantou os grandes sucessos do quarteto criado na faculdade, para delírio unânime dos nostálgicos, como ‘Casa pré-fabricada’, ‘Pois é’ e ‘Samba a dois’.

O resultado não poderia ser melhor. Duas horas antes de começar, o público quilometrava uma enorme fila do lado de fora da casa, enquanto cantava trechos dos maiores sucessos da banda carioca. Sem atrasos, Camelo abriu o show com ‘Vermelho’, do álbum ‘Toque dela’, segundo da carreira solo. Receoso por tocar sem a presença harmônica da banda Hurtmold, somente com voz e violão, foi recebido pelo público como filhos que aguardavam um abraço depois de anos. Entre os público, pessoas de todas as faixas etárias, jovens da década de 2000 – auge do sucesso do Los Hermanos – ou um pouco mais maduros. Até mesmo as gêmeas atrizes Giselle e Michelle Batista marcaram presença. Do início ao fim do show, o coro de letras ensaiadas abafava a voz do cantor e o emocionava pela reciprocidade. “Que lindo! Que lindos vocês, muito obrigada por terem vindo”, soltava, ainda muito tímido.

Em show acústico e intimista, Marcelo Camelo puxou o coro de sucessos de sua carreira solo e do Los Hermanos, no Circo Voador. (Foto: Nayanne Louise)

Em show acústico e intimista, Marcelo Camelo puxou o coro de sucessos de sua carreira solo e do Los Hermanos, no Circo Voador. (Foto: Nayanne Louise)

A grandenoite seguia com outros hits, como ‘Luzes da cidade’, saída de ‘Mormaço’; ‘Conversa de botas batidas’ de ‘Ventura’ e ‘Meu amor é teu’, de ‘Toque dela’. Quase como uma tradição, as palminhas eram destaque no ritmo do refrão. “Muito obrigado! Eu não sei o que dizer, vocês todos estão aqui. Hoje é o Dia Internacional do Cantor, o dia de todos nós”, comentava Camelo, começando a se soltar. O público vibrava a cada nota tocada, disfarçando qualquer erro de afinação e interrompendo o cantor de continuar a letra, mas sem reclamações.

Entre um gole de vinho e outro, Marcelo chamou ao palco sua convidada principal: “Quero chamar minha mulher para cantar aqui comigo”. Com um vestido longo preto e os cabelos presos em um rabo de cavalo, Mallu Magalhães cantou ao lado do marido a primeira composição que fizeram em parceria, ‘Janta’. Muito apaixonado, ele exclamava: “Ela é linda!”.

Depois de uma hora de apresentação, o show seguia em um ritmo gostoso e intimista e o cantor pedia a opinião de seus admiradores: “Vocês estão se divertindo? Que íntimo é o formato, né? Eu fico muito feliz de poder tocar violão pra vocês. Eu faço isso em casa todo dia, mas nem sempre com essas músicas”. Em seguida, presenteou o público com ‘Dois barcos’. Com toda família presente, dedicou a canção ‘Porta de Cinema’, do disco novo, para a avó, Sonia: “Essa música foi escrita para ela pelo meu avô. A família toda ta aí. Saúde, hein!”.

Em uma ida rápida à coxia para descansar, o mar de apaixonados que o aguardava de volta ao palco cantou ‘Além do que se vê’ a plenos pulmões e, logo depois, Marcelo estava de volta com mais sucessos: “Por mim fico aqui tocando até amanhã. Minha família não vai nem reclamar, está todo mundo aqui. Vou tocar até amanhã, então!”. Quase terminando o espetáculo de duas horas, um clarão se abriu no meio da multidão do primeiro andar e uma mini orquestra com trombones e saxofones surgiu para acompanhar o refrão de ‘Além do que se vê’, um dos hits que. em anos de Los Hermanos, mais empolgou a multidão durante os shows. “Sou carioca de Jacarepaguá, já vim muito pro Centro do Rio assistir show underground, mas estar aqui no palco, tomando um vinho e ouvindo vocês cantarem não tem explicação”, finalizou com gratidão. A gente é quem agradece, Camelo!

Por Nayanne Louise