Digão, da banda Raimundos, fala da nostalgia dos 90’s e geração TikTok: ‘Banda orgânica como a nossa tem outra velocidade’


Com 37 anos de estrada, a banda Raimundos é um dos grandes nomes do rock brasileiro e uma das atrações do Claro Verão Rio, entre os dias 19 e 28, na Casa de Cultura Laura Alvim. Para Digão, o vocalista, “nenhuma ideologia é melhor e dona da Cultura! Cultura é democrática por natureza, pelo menos é como dever ser… Fico feliz com eventos como o Claro Verão que traz essa diversidade sem medo de ser feliz e lado ideológico! É cultura pura”.

Raimundos é um dos grandes nomes do Rock Brasileiro

*Por Rafah Moura

A Casa de Cultura Laura Alvim, em Ipanema, será palco da quarta edição do Claro Verão Rio, até 28 de janeiro. A programação musical contará com Planta e Raiz, Céu, Colomy, Zélia Duncan, Baia, Catha, Kiko Zambianchi, Paulo Ricardo e Raimundos, a banda de rock brasileira que tem o Digão como vocalista que bateu um papo com o site Heloisa Tolipan e falou sobre os 37 anos de carreira, a democratização da cultura, a nostalgia dos anos 1990 e 2000 e a geração TikTok que consome música e informação de maneira muito particular. “Uma banda orgânica não tem a velocidade de ‘novidades’ como essa geração foi acostumada. Aqui são quatro pessoas que precisam vivenciar, criar, gravar, enfim, o processo é diferente”, analisa Digão.

As gerações Z e Alfa que nasceram totalmente imersas no mundo digital têm uma outra forma de consumir música. Em plataformas, como TikTok, por exemplo, as novas gerações conhecem ‘novos artistas’ só por meio de virais nessas redes. Por um outro lado estamos vivendo uma nostalgia dos anos 1990/2000, que voltou à moda. “Essas nostalgias sempre rolaram, mas havia um tempo que não acontecia! Eu fico feliz e orgulhoso, principalmente pelo NX ZERO que chutou uma porta imensa que estava fechada! Isso é importante para o rock em geral! Abre os olhos dessa geração que estava meio fechada para o rock como gosto musical”, reflete.

Raimundos está na estrada desde 1987, com vários sucessos e mudanças em sua formação. E para manter essa presença no coração dos fãs é de suma importância para uma banda que faz parte da história da música brasileira. “Acredito que as pessoas sentem que a energia continua aqui apesar de tudo que passamos. A receita se chama fidelidade com muito tesão de tocar. Nos nossos shows não pode faltar ‘Eu Quero Ver o Oco’, esse é o Hino do Raimundos”, conta. E completa: “Escuto sempre as mesmas ondas, como Ramones, Suicidal Tendencies, Panteras, Sublime, Red Hot, Bob Marley, Black Uuhuru e mais uma penca de coisas que não envelhecem nunca, sempre soam atuais e relevantes à minha alma”.

A essência da banda traz questionamentos fortes para a sociedade, mas sempre com pitadas de humor. “O Raimundos não é e nunca foi uma banda panfletária. Nossos questionamentos sempre foram sobre fatos do cotidiano com leveza e bom humor. Todo posicionamento dos integrantes é pessoal e muito respeitado por nós, independente de qual seja. As músicas acontecem de situações muito doidas, estamos sempre atentos ao que acontece e acaba virando um tema interessante. Não tem uma receita pré-estabelecida, são várias! O importante é que a música aconteça”, revela.

Raimundo se apresenta na Casa de Cultural Laura Alvim

A essência do Raimundo traz questionamentos do cotidianos para a sociedade com bom humor

Perguntamos ao Digão qual a importância da democratização da cultura, entendendo que fazer arte é uma grande forma de protesto e seu consumo é uma grande ferramenta de inserção social? “Nenhuma ideologia é melhor e dona da Cultura! Cultura é democrática por natureza, pelo menos é como dever ser… Fico feliz com eventos como o Claro Verão que traz essa diversidade sem medo de ser feliz e lado ideológico! É cultura pura”.

Verão Solidário

Ao longo de sua programação, o Claro Verão Rio convida ao público a contribuir com a doação de alimentos não perecíveis, produtos de higiene pessoal e materiais de limpeza, afinal as chuvas no Rio de Janeiro tiverem consequências trágicas. A Casa Claro será ponto de coleta de doações durante os dez dias para ajudar os bairros atingidos pelas fortes chuvas, formando uma grande rede de solidariedade. A ação faz parte do Verão Solidário, projeto criado pela Peck, em parceria com o RioSolidario. No dia 27 de janeiro, a programação do Claro Verão Rio vai atravessar a ponte até Niterói. O cantor Paulinho Moska vai se apresentar no formato voz e violão com o show “Os Violões Fênix do Museu Nacional” com entrada franca, no Teatro Popular Oscar Niemeyer, às 20h.

SERVIÇO CLARO VERÃO RIO 2024

Casa de Cultura Laura Alvim (Casa Claro)

Av. Vieira Souto, 176

De 19 a 28 de janeiro

Entrada franca, por ordem de chegada (sujeita a lotação)

Classificação: Livre. É permitida a entrada de menores de 16 anos apenas acompanhados pelos responsáveis.