* Por Bruno Muratori
Até a noite deu aquela ajudinha: o céu estrelado e o clima suave de inverno carioca eram as dicas de que o badalo tinha tudo para arrasar, e foi mesmo! O Rod Hanna está completando 20 anos de muito som, muita festa e muitos embalos de sábado à noite, sempre ligados àqueles hits de maior sucesso dos anos 1970, 1980 e 1990, tudo comprometido com o glamour retrô da era disco. O projeto, que começou em Ribeirão Preto e, como tudo o que dá certo, ganhou a ribalta país afora, dessa vez pegou a estrada rumo ao Rio, trazendo pela primeira vez à Cidade-Maravilha sua efervescência musical, direto para o palco do Teatro Bradesco, na Barra da Tijuca, com o espetáculo “Rod Hanna On Broadway e os 20 Anos de Sucessos – O Musical dos Musicais” em duas apresentações nesta sexta (22/8) e sábado (23/8).
A banda ficou com esse espetáculo dois anos em Sampa, e após tanto sucesso, tomou jeito e resolveu dar um rolezinho na cidade maravilhosa justo no momento em “Boogie Oogie” se consolida como sucesso na TV Globo, no horário das 18h. Por isso mesmo, a récita dessa sexta foi abrilhantada pela presença ilustre do elenco da novela (animadíssimo!), em grupo organizado pelos public relations Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho, na companhia do autor Rui Vilhena, que não é bobo nem nada e aproveitou o ambiente para dar aquele bate-e-volta básico e pegar mais inspiração ainda para os próximos capítulos da atração, of course!
E, como os anos 1970 atraem todo tipo de público de todas as faixas etárias, nem é preciso dizer que a plateia estava lotada, composta por tribos das mais variadas. Havia de brotos a pitchulinhas, gatas & gatões, coroas, senhorinhas faceiras com seus senhorzinhos a tiracolo ou em grupos de amigas, boyzinhos, burguesinhas de deixar Seu Jorge animadão, mas nada de bicho-grilos. Tudo numa boa, de boa, numa nice, uma brasa, mora!
Chega a hora, e numa entrada digna de rainha disco, a simpática e talentosa Nora Hanna abre a cena com seu vozeirão, ficando claro desde já que o espetáculo será de arrebentar! Aliás, de arrebentar a boca do bolão, como se falava na época (ou talvez um pouco depois, mas quem se importa com cronologia numa hora dessas?). O grupo faz uma celebração aos musicais em releituras afinadíssimas de “O Fantasma da Ópera”, “Flash Dance” e “Mamma Mia”, entre outros. “You are the dancing Queen…” Oops! Não tem como não cantar, para tudo! E ainda traz um delicioso figurino glam-kitsch de época para o palco, daqueles de deixar até a rapaziada do ABBA (ou do Trio Los Angeles, quem sabe?) no chinelo, com suas calças boca de sino, golas largas, sapatos plataforma, bolinhas e topetes dos tempos de “Grease” nas salas de exibição.
Logo o público percebe que a linha do tempo está muito bem apresentada num telão onde, mesmo que não se tenha vivido em carne e osso aquela época, se conhece de cor e salteado a atmosfera. E, óbvio, todos embarcam nesse túnel do tempo, com os tais recursos multimídia mostrando alguns momentos históricos e fazendo as vezes de almanaque. Rola de tudo na tela: de séries da tevê a clipes, personagens icônicos e frases-chavão numa seleção ágil e movimentada, fazendo todo mundo entrar no clima, viajando nessa maionese cronológica. Cool!
Assim, até a garotada presente se sente intimada a, de boa, entrar no Google e procurar saber um pouco mais sobre o período. Por que não, não é mesmo? E os mais velhos, de diferentes gerações, caem de cabeça no revival. Chocante, brow!
O musical, com direção de Ricardo Fábio, músico e diretor de shows temáticos nos EUA, reproduz deliciosamente a Big Apple, e a impressão que se tem é que o Rod Hanna está tocando em pleno Times Square, com os personagens saindo dos teatros para cantar e dançar com eles. Entre as canções que retratam fielmente a era disco, algumas dos musicais “Priscilla” (“Macarthur’s Park”, “I Will Survive” e “Finally”), “Mamma Mia” (“Gimme Gimme”, “Mamma Mia”), “Fame” (idem) e “Os Embalos de Sábado a Noite” (“Night Fever”, “More Than Woman” e “You Should be Dancing”). Tudo com muitas trocas rápidas de figurino em intervalos curtos que não deixam o espetáculo perder o ritmo.
O Rod Hanna é formado por Rod Laguna (teclados, violão e vocal); Nora Hanna (vocal); Dri Radael (bateria); Réo (guitarra); Pedrão Sossego (baixo); Manga Morais (metais); Gabriel Locher (VJ e vocal); Thalícia Bozza e Mariana Tozzo (vocalistas) e Luciana Hanna, Dê Santana, Duda Costa, Ruan Paiva, Romulo Tinetti e Letícia (bailarinos). O público começa tímido e logo vai entrando no clima, com Rod e Nora Hanna mostrando todo o seu afeto no palco: casados e pais de três filhos, em momento gracinha até falam do amor que tem à família e do longo percurso à frente do projeto. Esse repórter prefere até nem adiantar muito para o leitor não estragar a surpresa e depois ser chamado de “goiaba”. Melhor conservar a surpresa.
Destaque da noite para a dupla Mariana Tozzo e Gabriel Locher, espécie de “faz tudo” no palco. A dupla põe para quebrar no clássico “Phantom of the Opera” e agrada em cheio a galera. Outro momento massa é quando todos, bem pertinho do público, revivem “Grease – Nos Tempos da Brilhantina”. Com figurino divertidíssimo e muitas caras e bocas, daí em diante a rapaziada na plateia já tira o pé do chão e não acalma mais.
Chegando ao fim, hora de virar a casaca, fugir da Era Disco, mas homenagear a brasileira que conquistou o panteão supremo de estrelas de Hollywood, começando na Broadway seu périplo pelos States. Sim, a nossa Carmem Miranda irrompe em cena com “Aquarela do Brasil”, é o verde & amarelo em cena, bye bye USA! E, quando o público pensa que é hora de dar tchau, é surpreendido com uma bela homenagem: na plateia, as queridas Dhu Moraes e Leiloca Neves, eternas Frenéticas, são puxadas para o palco e, sem pegar leve, abrem as asas e caem na festa! Aproveita que neste sábado ainda dá para curtir a segunda sessão carioca do agito. Deixa a deprê de ladinho, nada de bode, a rapaziada é fera, deixa de ser zura e se joga!
Serviço:
Show: Rod Hanna On Broadway e os 20 Anos de Sucessos – O Musical dos Musicais
Local: Teatro Bradesco
Av. das Américas, 3.900/ lj 160 – Barra / tel: (21) 3431-0100
Datas: 22 e 23 de agosto – sexta e sábado
Horários: sexta: 21h30 e sábado: 21h
Classificação: livre
Duração: 90 minutos
Ingressos: Frisa e Balcão Nobre: R$ 120,00; Plateia Alta e Camarote: R$ 180,00 e Plateia Baixa R$ 200,00
Pontos de venda:
Bilheteria Teatro Bradesco: Av. das Américas, 3.900/Lj 160- Tel: 3431-0100(de terça a domingo: 13h às 19h.)
Sujeito à taxa de conveniência:
Site: www.ingressorapido.com.br (a compra pode ser feita até duas horas antes do evento)
*Carioca da gema e produtor de eventos, Bruno Muratori é uma espécie de fênix pronta a se reinventar dia após dia. No meio da década passada, cansou da vida de ator e migrou para a Europa, onde foi estudar jornalismo. Tendo a França como ponto de partida, acabou parando na terra do fado, onde se deslumbrou com a incrível luz de Lisboa e com o paladar dos famosos toucinhos do céu, um vício. Agora, de volta ao Rio, faz a exata ponte entre o pastel de Belém e a manjubinha
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