Depois de um ano sabático, Lulu Santos volta aos palcos com disco em homenagem a Rita Lee: “Cada uma daquelas letras representa um estágio da minha vida”, afirmou

Depois de um ano longe dos palcos, Lulu Santos volta aos holofotes musicais em abril. Dono de uma carreira que possui vinte e seis discos, o cantor irá mostrar ao público o que andou fazendo durante este período longe da audiência, até porque ele não ficou em casa sem fazer nada. O artista se apresentou pela última vez em dezembro de 2016 e o período de descanso começou em janeiro de 2017, no entanto, a sua ausência do mundo da música durou pouco. No dia 6 daquele mesmo mês ele já havia descoberto qual seria a sua próxima empreitada e acabou se dedicando ao novo disco pelo resto do ano. “Li a biografia da Rita Lee e tive a ideia de regravar as músicas. No livro, ela faz uma descrição minuciosa de como foi a feitura daquelas canções e, simultaneamente, eu me lembrava de quem era naquela época. O primeiro disco é de 1967 e o último é de 2013, então cada uma daquelas letras representa um estágio da minha vida. Posso dizer com certeza que a Rita é a artista de música brasileira que sei mais letras, porque é um pouco a nave-mãe da minha linguagem. A minha história, em certo sentido, advém da dela. Ela é uma das pessoas que conheço há mais tempo, não tenho mais relações com gente que conheci com 16, 17 anos de idade”, confessou Lulu Santos. Sendo assim, neste início de 2018, chega às plataformas online o CD Baby, Baby que conta com doze temas da ruiva.

Denis Porto, empresário, Lulu Santos, Alexandre Faria e Paulo Lima na coletiva de impresa (Foto: AGNEWS)

Lulu Santos e Rita Lee fazem parte da mesma geração musical, o que significa que ambos experimentaram a vida de forma muito parecida. A cantora acabou exercendo uma influencia ainda maior nele por ser seis anos mais velha. No entanto, não houve espaço para nostalgia no momento da confecção do álbum. “O que fizemos foi atualizar essas canções para hoje em dia. A primeira coisa que precisei fazer foi perguntar se eles deixariam eu regravar e eles me deram uma espécie de bênção. Fazer este disco foi revisitar o meu passado. Depois que selecionei cada faixa, pensei em como iria excutá-las. Foi neste momento que entrou a minha formação atual e o meu interesse por coisas contemporâneas, como a música eletrônica”, explicou, durante a coletiva de imprensa que divulgou o novo disco.

Devido aà importância que ela possui sob a sua vida, foi complicado escolher o repertório do CD que a homenageia. O que potencializou este desafio foi o fato de Rita Lee ser uma musicista bastante característica. Suas músicas refletiam seus pensamentos e questões. “Precisei circular algumas canções muito femininas e, por isso, feministas. Tive, por exemplo, que trocar uma das letras que dizia ‘foi quando meu pai me disse filha’. Mudei para ‘olha’, de forma que não perdesse o sentido. No entanto, eu não ia poder cantar Cor de Rosa Choque, Doce Vampiro e tantas outras”, confessou.

Além de lançar a turnê Canta Lulu, o profissional vai embarcar em uma série de shows. Nas apresentações, ele irá tocar seis músicas do álbum e vinte e uma canções próprias e tradicionais. “Também tenho que honrar a vontade das pessoas de ir na apresentação e reconhecer o que estão acostumadas a receber de mim. Afinal, o público está ali para escutar o meu cancioneiro também. Sei muito bem as canções que vou tirar e as que irei acrescentar neste show, algumas delas estou com saudades de cantar, como Tudo com Você”, contou. Tanto o presidente da Universal Music Brasil, Paulo Lima, e o diretor e Vice-Presidente Sênior de Aquisição de Talentos da Live Nation Latina, Alexandre Faria, projetam um turnê que deve chegar aos Estados Unidos e à Europa. No entanto, Lulu Santos irá percorrer estes lugares sozinho já que não há nenhuma possibilidade aparente da homenageada se juntar a ele. “Eu não incomodaria a Rita para solicitar uma coisa dessas, mas se ela quiser é só se manifestar. Continuamos com o mesmo carinho um pelo outro. Ela foi muito gentil comigo”, garantiu.

Não existe muito espaço para estrelismo na carreira de Lulu Santos. Segundo o cantor, não importa que ele tenha gravado vinte e seis discos e seja um sucesso no Brasil, o essencial é trabalhar e honrar o público que estiver na plateia, buscando se superar a cada apresentação. “A gente vai caminhando e trabalhando e quando olhamos para trás vemos o quanto foi feito. Mas, às vezes, tenho uns flashs e penso ‘isto aconteceu’. Minha cabeça está sempre na apresentação mais próxima que vou fazer, então tento não acumular muitas sensações passadas. Estou mais preocupado com o futuro da minha carreira. Deixo o misticismo para o público, eu apenas coloco a cara nos projetos. Apenas quero mostrar, a cada show, a melhor versão de mim”, informou.

O jornalista Zeca Camargo foi o apresentador da coletiva (Foto: AGNEWS)

O fato de ter se ausentado dos palcos no ano de 2017 fez com que o cantor percebesse qual o tipo de música está produzindo, para voltar com força total. “Este ano me deu um pouco de perspectiva. Descobri quem sou além do artista e o que mais gosto de fazer na vida, por trás da obrigação, do meu trabalho e do meu sustento. Achei importante também olhar o cenário se desenvolver e gostei de ver que voltei aos palcos com muita vontade de tocar”, contou. Fora isto, Lulu Santos ainda brincou que passou um ano sem pegar um avião.

Lulu Santos na coletiva de imprensa com a capa de seu novo disco atrás (Foto: AGNEWS)

Lulu, como a gente sabe, é para todos os públicos, o que acaba fazendo com que vários jovens acabem repercutindo a sua música, dando uma cara nova. Recentemente, por exemplo, alguns funkeiros se uniram para regravar algumas canções dele, o que originou o disco O Funk Canta Lulu. O viés é muito parecido com a proposta do profissional para a obra de Rita Lee. “Começou com uma apresentação da Valesca Popozuda e agora já tem uma versão fantástica da Tati Quebra Barraco da canção Chega de Dogma. Estou muito contente com este lançamento que simboliza a volta que a minha música dá. Mas esta volta foi mais ou menos prevista, porque já gravei com Claudinho e Buchecha há alguns anos. Vejo que os cantores deste tipo de melodia aprovam o meu som. Gosto muito do pessoal do funk melody, que são do meio para o fim dos anos 90. Me identifico muito com o som e, às vezes, até penso que gostaria de trabalhar com isto de alguma forma”, confessou.

Por ser tão próximo deste estilo musical, como anunciou anteriormente, Lulu Santos se sentiu à vontade para fazer uma brincadeira nas redes sociais. “Caramba! É tanta bunda, polpa, bumbum granada e tabaca que a impressão que dá é que a MPB regrediu pra fase anal. Eu, hein?”, escreveu o músico no Twitter. No entanto, a publicação do cantor acabou gerando uma repercussão negativa. Os internautas acharam que a frase foi uma forma de diminuir a carreira da cantora Anitta que, no mesmo dia, havia soltado o clipe da música Vai Malandra. “Só para esclarecer, vamos colocar um pouco de fatos nessa narrativa. Fiz um post-piada. Se fosse uma piada de comediante de internet, ninguém veria problemas. Mas dentro do meu círculo repercutiu de forma engraçada, as pessoas compartilharam bastante. Isso foi na minha timeline às 8h45 da manhã. O não referido clipe foi lançado às 11h. Qualquer pessoa que tenha feito essa conexão gastou energia. Eu levei um tempo para entender o que estava acontecendo. Não tinha nada a ver uma coisa com a outra. Que fique bem claro. Esse assunto acaba aqui”, finalizou. Combinado, Lulu!