São 38 anos dedicados à música, sendo 34 deles nos Titãs. Nesse período, ele ganhou o Brasil e o mundo, colecionou números estrondosos e conquistou espaço e prestígio na cena musical. No dia 11 de agosto, começou uma nova fase. Nesta sexta-feira, Paulo Miklos lançou seu primeiro disco da carreira solo, batizado de “A gente mora no agora”, que, aliás, tem toda a concepção visual assinada pelo nosso colunista e super fotógrafo Jorge Bispo. Embora já tenha outros dois álbuns lançados para além dos Titãs, o multi artista contou que considera este a sua primeira grande estreia. Pela grandiosidade do projeto, o álbum “A gente mora no agora” vem cheio de significado e significante. Nas faixas, Paulo Miklos investe em parcerias plurais, que vão de ídolos aos novos talentos, e aposta na sonoridade da música brasileira. O resultado, claro, não poderia ser diferente. “Ficou muito bacana, eu adorei”, disse.
No novo projeto, Paulo Miklos revela uma face que sempre existiu, mas também esteve camuflada em meio a outras propostas. Nesta exaltação à música brasileira, o artista aproveita para se renovar e recomeçar a carreira com um fôlego diferente. “Eu estou me redefinindo como cantor, compositor e artista de maneira geral. Por isso, esse álbum tem uma importância ainda maior. Ele está sendo fundamental neste processo. O disco é super alto astral porque fala de um desejo muito forte de querer viver a vida a aproveitar os momentos”, explicou Miklos que, como engrenagem, trouxe o violão de nylon como trilha sonora. “Esse disco tem uma importância enorme porque também revela as minhas referências da música brasileira. Eu cresci ouvindo isso e é obvio que está na minha formação. Por isso, neste trabalho, eu quis deixar bem explícitas essas minhas raízes”, completou.
Nesta proposta, Paulo Miklos contou com a ajuda de Pupilo, do Nação Zumbi, que assina a produção musical do álbum. Ao seu lado, o artista também teve a parceria de Marcus Preto, responsável pela direção artística do projeto e das dobradinhas que compõem as faixas. Aliás, este é outro destaque do disco. Em “A gente mora no agora”, Paulo Miklos traz grandes nomes como parceiros musicais. Na lista, ele vai do passado ao futuro da música brasileira com Erasmo Carlos, Guilherme Arantes, Nando Reis, Arnaldo Antunes, Emicida, Mallu Magalhães e Céu. “Esse processo criativo foi um caso à parte e muito divertido para mim. Eu busquei reunir artistas dos quais eu tinha afinidade ou admiração pelo seu trabalho. O Erasmo e o Guilherme Arantes, por exemplo, são pessoas das quais sempre fui muito fã. O Arnaldo e o Nando são parceiros que eu construí durante a minha carreira, meus contemporâneos. Porém, também quis trazer nomes que estão se destacando atualmente e eu também me identifico, como Emicida e Céu. Então, é um disco que também tem uma super diversidade de estilos e gerações. E eu gosto disso e cresci com esta pluralidade. Por tudo isso, este é um trabalho que, de fato, me representa”, disse.
Tão próximo da personalidade de Paulo Miklos, o álbum “A gente mora no agora” também é uma tradução do que o artista pensa e fala neste momento. Nas faixas que compõem o disco, Miklos desbrava temáticas clássicas e contemporâneas, como o amor, a reconstrução, as perdas, a busca pela felicidade e a política, claro, só que de um jeito bem humorado. “Eu acho que, depois de 34 anos nos Titãs, eu deixei a banda para poder me entregar completamente a um projeto que fosse eu, da forma que este disco é. Para mim, ele é uma mistura de dedicação e orgulho que acaba sendo fundamental a até vital para a minha vida”, explicou o artista sobre a importância do álbum que estreia depois de seis meses de preparação e de duas perdas na vida pessoal do artista, sua mãe e sua esposa.
Para ver esta personificação de Paulo Miklos no palco, o músico contou que já tem data para sair em turnê com o álbum lançado neste 11 de agosto. A primeira cidade na agenda dele é São Paulo, com show marcado para o dia 17. Na semana seguinte, na terça-feira, 22, Miklos mostra o seu “agora” para os cariocas no Theatro Net Rio, em Copacabana. Com a euforia de um novo projeto e a experiência de uma carreira brilhante e consolidada, o artista contou que vislumbra um caminho cheio de conquistas pela frente. “Eu quero fazer bastante show e emocionar o público com meu novo trabalho. Eu sou um cantor e a minha voz é o meu maior instrumento. Então, quero continuar viajando o país levando a minha arte, assim como eu fiz nas últimas três décadas. O disco novo tem a minha cara e eu tenho certeza que vai me abrir muitas portas”, disse Paulo Miklos que, no primeiro momento, já ficou satisfeito com os comentários que recebeu sobre “A gente mora no agora”.
E ele não teme os desafios. Mesmo. Durante toda a sua vida, Paulo Miklos pulou obstáculos, se aventurou no novo e conquistou seu espaço, mesmo com alguns percalços. Agora, nem mesmo um cenário cultural delicado o desanima. “Eu sigo com a mesma inspiração de sempre. A minha grande vontade é encontrar sentimentos, pessoas e desejos. O meu trabalho é mexer com emoção e eu não vou parar por isso ou por aquilo”, disse o artista que, apesar dos pesares, considera que a cultura nacional esteja em bons lençóis. “Hoje, nós temos uma competitividade grande na música e uma variedade incrível nos gêneros. Com a internet, vários fenômenos ganharam visibilidade e outros conseguiram seu espaço no mercado. Portanto, para mim, a cena musical brasileira está bem rica”, analisou.
Mas não é só à música que Paulo Miklos empresta suas habilidades. Além de cantor e multi instrumentista, ele também acumula as funções de ator e até apresentador. Ao longo de sua carreira, Miklos já trabalhou no cinema, teatro e televisão. Inclusive, recentemente, ele participou de um episódio da série “Sob Pressão” da Globo. Na trama, que mostra o caos da saúde pública brasileira, ele ainda teve a missão de trazer à luz outra temática séria: agressão à mulher que, no caso da série, era a sua própria filha. “É para isso que eu também me dedico à atuação. É muito importante que o ofício possa servir para revelar e discutir histórias tão delicadas e tocar em assuntos difíceis, que muitas vezes são negados pela sociedade. Eu fico muito feliz quando tenho a oportunidade de atuar em projetos assim. Para mim, é um presente receber um personagem tão problemático e sério como foi no caso de ‘Sob Pressão’ porque faz com que as pessoas parem e se conscientizem sobre as temáticas”, disse.
Neste momento, embora a dedicação esteja concentrada em lançar, divulgar e fazer shows do novo disco, “A gente mora no agora”, o primeiro de sua carreira solo, Paulo Miklos contou que também busca retomar a peça, que foi sucesso no Rio. No palco, o artista interpreta seu primeiro espetáculo, “Chet Baker”. “Foi uma experiência maravilhosa e eu estou tentando retomar com este projeto. Ainda não tenho datas e nem nada confirmado, mas é algo que não quero deixar para trás. Fazer teatro é uma resistência e uma batalha sempre que, para mim, é a experiência mais radical de um artista”, completou o cantor e ator Paulo Miklos.
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