Depois de lançar DVD e em turnê com o álbum “Carbono”, Lenine comenta sobre plataformas digitais: “Só não me peça de graça a única coisa que tenho para vender”

Com o pé na estrada, Lenine está espalhando seus novos trabalhos pelo Brasil e pelo mundo. Depois de quase três anos em turnê com a Martin Fondse Orchestre, o cantor e compositor lança o DVD “The Bridge”, gravado no Bimhuis, em Amsterdã. A parceria de sucesso do artista pernambucano com o maestro holandês, inclusive, também virou um especial do Canal Brasil para o selo Casa 9. Mas não é só. “Fora este trabalho, eu continuo na estrada com ‘Carbono’, que deve seguir até o ano que vem. Então, ainda terei algumas viagens por aí com este projeto”, contou.

Além do novo DVD, Lenine segue com o show
“Carbono” pelo Brasil (Foto: Reprodução)

Imerso em múltiplos trabalhos, Lenine explicou que a experiência é um fator importante na hora de escolher seus repertórios. Com uma carreira consolidada há 30 anos, o cantor e compositor coleciona clássicos da música brasileira. “Eu acho que essa seleção depende muito do lugar que eu vou tocar e como será a apresentação. Mas, pelo fato de eu já estar há muitos anos compondo, eu consigo fazer um jogo de canções lúdicas ou românticas e de ritmos. São muitos anos fazendo isso, então é natural que tenha um acúmulo de repertórios”, explicou.

Para o músico, a inspiração para novas composições pode estar em qualquer lugar (Foto: Reprodução)

Por falar nas composições, Lenine contou que tudo pode ser inspiração para suas criações musicais. Porém, segundo o artista, os estímulos plurais precisam estar aflorados para a percepção de possíveis referências. “Na verdade, é necessário ter um exercício de sensibilidade, porque tudo o que está a sua volta pode ser um estopim para que se crie algo. Eu acho que existe esse alerta, é um constante estado de atenção”, argumentou o compositor, que também acredita que o cenário de transformações na política e na sociedade do país sirva de inspiração para as letras. “As questões que me circulam estão presentes nas canções. Para mim, essas transformações e inspirações são apartidárias. Até porque, quando estamos falando de violência, educação ou de outras motivações que são da condição de um ser humano, eu não considero como tomar partido. Eu reconheço esses temas, porque eles me comovem a ponto de eu fazer uma canção”, justificou.

Lenine (Foto: Reprodução)

Com mais de dez discos lançados em sua carreira, Lenine também comentou com o HT sobre a inserção da plataforma digital no cenário da música. Sobre a nova ferramenta que mudou a maneira de um cantor trabalhar, o artista pernambucano destacou que esta tecnologia ainda é muito recente e, por isso, é fundamental que seja reconhecida e redefinida. “Atualmente, por exemplo, existe um ponto que é semântico e vernacular do que é execução pública dentro do universo digital. Isso precisa ser questionado, assim como é necessária uma revista a todas as equações que o mundo online abriu. Este cenário chega sobre dois pilares: livre e de graça. Mas são duas grandes mentiras. Desde o WikiLeaks está provado que não há nada de livre e que existe muita gente ganhando grana com tudo isso. Então, é fundamental redescobrir, redefinir e revalorar toda essa questão autoral. Só não me peça de graça a única coisa que eu tenho para vender”, apontou o cantor e compositor Lenine.