No dicionário, artista é aquela pessoa dotada de habilidades especiais e excelente naquilo que faz. Depois de conversarmos com Roberta Sá, podemos garantir: ela é uma artista. Lançando o novo trabalho “Delírio no Circo”, a cantora nos contou como é trabalhar com cultura em tempos de crise, a adaptação da música para as plataformas digitais e a importância do amadurecimento na carreira.
Em um trabalho que celebra os 12 anos de carreira da artista de Natal que faz sucesso no Brasil e no mundo com sua voz doce e inconfundível, Roberta Sá contou sobre o novo trabalho com exclusividade ao HT. “No começo deste ano, eu gravei este DVD no Circo Voador, o ‘Delírio no Circo’ e vou lançá-lo no final deste mês de novembro. Neste trabalho, eu tive parcerias maravilhosas, como Moreno Veloso e Martinho da Vila. Mas, mesmo lançando a versão física somente nos próximos dias, eu já disponibilizei o áudio completo há alguns meses”, disse.
Embora esteja mergulhada no novo DVD, Roberta Sá nos disse que adora revisitar trabalhos do passado. Segundo a cantora, o resgate de músicas que fizeram parte de outras épocas da carreira representa um amadurecimento pessoal e profissional. “Com a experiência, o que acaba acontecendo é que a gente olha para as músicas de uma maneira mais diferente. A visão de mundo, a relação com a letra e o que eu penso da canção também não são os mesmos de quando eu cantei pela primeira vez. E isso é muito bom e enriquecedor. Dessa maneira, eu acho que conseguimos descobrir outras formas de interpretar”, avaliou.
De volta ao assunto do mergulho contemporâneo nos avanços da tecnologia, Roberta afirmou que não vê problema na nova forma de consumir música. Apesar de ter iniciado a carreira em uma época em que o CD ainda era a principal forma de escutar esta arte, a cantora destacou que a maneira com que seu trabalho é escutado não importa muito. “Quem pensa em vender disco é o marketing da gravadora. Eu penso em fazer música. E, por isso, não me interessa tanto como o meu trabalho chega ao público. Talvez, até em função disso, eu acho que as pessoas estão ouvindo e consumindo música cada vez mais. Até eu mesma gosto de ouvir artistas em plataformas digitais. Na verdade, eu ouço desde o vinil ao Spotify. Então, para mim, a música permanece cada vez mais viva”, analisou.
Assim como a venda de CDs influencia no trabalho de Roberta Sá, a crise econômica e política do país também não parece ser um fator complicador. Apesar de poder parecer desesperadora ao primeiro instante, ela revelou que o atual panorama não atrapalha. “Eu acho que em tempos de crise o artista fica muito mais sensível. Ou seja, a gente sofre mais, mas também produz muito. Mais uma vez, eu acredito que o dinheiro não deva fazer parte da realidade e da preocupação de quem faz arte. Se o trabalho musical será monetarizado depois, isso é outra história. Eu tenho que pensar em fazer música mesmo que esteja passando fome. Afinal, esse é o nosso alimento”, argumentou a cantora Roberta Sá.
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