Com apenas 20 minutos de atraso – um mimo, se comparado à última vez em que esteve no Rock In Rio, em 2011 -, Rihanna subiu ao Palco Mundo com um colar de diamantes e um figurino que, apesar de urbano, não deixava dúvidas quanto à mensagem que queria passar: a artista de Barbados é hoje uma das maiores rockstars do mundo. E a maneira com que ela batia no peito ao cantar tal afirmação (um oferecimento dos versos de “Rockstar 101”) e levava cada uma das milhares de pessoas aos berros, comandando-os com palmas, rebolado e alcance vocal.
Chamar Rihanna de uma das maiores rockstars contemporâneas não tem nada a ver com o fato de ela cantar rock ou não – apesar de muitas de suas músicas terem sofrido alterações na produção, substituindo batidas eletrônicas por guitarras pesadas, como em “We found love” -, mas sim com a atitude que ela mostra em cima e fora do palco, ao longo de uma setlist que em muito se parece com a apresentada no festival March Madness, no início do ano. Rihanna não se desculpa, não abaixa a cabeça e não se dá por vencida – nem deveria, já que ela conseguiu se mostrar como um prisma performático no Rock In Rio.
Ao contrário de Sam Smith, que precisou esticar sua setlist com covers por falta de produção, Rihanna tem sete discos de estúdio na manga e uma infinitude de parcerias e hits que renderiam um show de mais de três horas. Mas, para conseguir encaixar essa década de carreira em uma hora e meia, a artista precisou cortar pela metade muitos de seus sucessos, emendando-os em pequenos blocos, subdivididos por temas.
Houve o momento pop chiclete e coreografado, onde hinos das pistas de dança como “S&M”, “What’s My Name”, “Rude Boy” e “Jump” foram suprimidos e mostraram Riri não é uma Beyoncé milimetricamente ensaiada, mas dança do seu jeito. “Birthday Cake”, que nasceu apenas como um interlude de “Talk that talk” (2012), se transformou em remix com Chris Brown e foi uma das mais cantadas pelo público, para a surpresa da própria artista. “Vocês gostam assim dessa música, Rio? Então vamos começar de novo!”, disse empolgada.
Por sinal, poucas foram as vezes em que Rihanna falou com o público, mas sempre fazia questão de citar o Rio – como nos ótimos segundos em que fez uma jam de “Man down” e colocou o nome da cidade no meio – e o carinho que sentia ao ver a multidão cantando suas músicas. A única exceção foi quando algum fã tentou lhe atirar um presente e ela, sem saber do que se tratava, mas sentindo o perigo, mandou na lata: “Não comecem com essa m*** aqui não, hein?!”.
Também não faltaram canções vulneráveis, com um trenzinho poderoso da fossa, que começou em “Unfaithful”, passou pela parceria com Drake em “Take care”, e culminou em “Stay”, essa última cantada pelo público de forma quase religiosa, deixando a artista com a voz mais trêmula do que o normal, mas não menos poderosa e delicada. E, para contrastar, a atitude do hip hop e do som urbano nas canções em que fez featuring com Jay-Z, Kanye West e T.I., “Run this town”, “All of the lights” e “Live your life”.
A performance finalizou com “Bitch better have my money”, single mais recente e que foi recebido pelos fãs com uma chuva de cédulas da plateia. “Eu amo quando vocês cantam as minhas m***. Olha isso!!!”, disse às gargalhadas, recolhendo o dinheiro falso do palco. Rihanna se despediu do Rock In Rio com a promessa de que volta em breve e com agradecimentos sinceros e emotivos pela noite inesquecível, tanto para ela, quanto para o público.
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