Coutto Orchestra embarca em uma viagem pelo Rio São Francisco para compor o novo disco, “VOGA”: “De cada local, trazemos uma carga de valor gigantesca”


A proposta da Orchestra é levar para as pessoas o exercício diário de transformar “o que é da terra, o que é de cada canto, em algo global”, explica o idealizador, Alisson Coutto

Transformar o que é de cada canto em algo global. Parece subjetivo e, de fato, é: a Coutto Orchestra busca apresentar uma conexão ritmica e imagética que temos ao redor de cada um de nós. O som mistura o melhor da região nordeste e especialmente sergipanos, com ritmos da aldeia global. A banda idealizada por Alisson Coutto, responsável pelo trombone e pelos samples, é formada também pelo baixista e tecladista Rafael Ramos, o baterista Fabinho Espinhaço, e Vinícius Bigjohn que faz os teclados e o acordeon. Em bate-papo exclusivo com HT, Alisson contou a história do grupo, que no momento compõe seu novo CD. Vem conferir!

O quarteto tem a mesma formação desde 2010. | Foto: Melissa Warwick

O quarteto tem a mesma formação desde 2010. | Foto: Melissa Warwick

A Orchestra surge como um fruto de dois projetos diferentes. Alisson Coutto se apresentava como um artista solo, que fazia parcerias com outros grupos da região. Um deles era o Orchestra de Cabeça. Com o tempo, a união entre os dois deu tão certo que viraram uma única banda, com sete integrantes, que fazia essa mistura de sons regionais. Após a saída de alguns membros, em 2010, o projeto muda de nome e vira Coutto Orchestra, uma “micro-big-band”, como eles se denominam.

Por que o nome diferentão? Bom, Alisson explica que embora sejam apenas quatro pessoas, a banda faz muito barulho: “Sempre quando ouvem nosso som acham que é um batalhão de gente tocando, seja em palco ou em estúdio, cada um toca mais de um instrumento e somando com os aparatos eletrônicos soa como muitos no palco”. Da fundação do grupo para cá, um álbum de estúdio, o “Electro FunFarra”, um prêmio de voto popular no edital Natura 2016 e um novo projeto: o segundo álbum de estúdio, “VOGA”.

O grupo se aventura pelo Rio São Francisco para obter novas inspirações para o novo trabalho, "VOGA". | Foto: Divulgação.

O grupo se aventura pelo Rio São Francisco para obter novas inspirações para o novo trabalho, “VOGA”. | Foto: Divulgação.

“Além de ampliar o público, o apoio da marca nos deu mais condições necessárias pra dar andamento ao projeto ‘VOGA’, que vai além do CD, há documentário, exposição fotográfica, cenografia e cinco shows de lançamentos”, relembra. O disco está sendo composto neste momento, durante uma imersão cultural da Orchestra nas comunidades ribeirinhas do São Francisco, que está sendo compartilhada com os fãs diariamente na página do grupo. Para compor, o músico diz que as canções surgem a partir de algum estímulo visual ou histórias, que se transformam muitas vezes em trilhas sonoras, ou em canções quase sem palavras. Daí a importância da expedição.”Somos um grupo de 15 pessoas, entre banda e equipe morando em um barco de dois andares, onde o primeiro andar é a nossa casa, e no andar superior um estúdio criativo, com equipamentos eletrônicos, máquinas de costura, monitores de áudio, vídeo e instrumentos musicais. Tudo isso montado para que possamos trabalhar e absorver em tempo real a energia, o sentimento de cada lugar e pessoa que encontramos nessa expedição”, conta Alisson.

O idealizador da banda fala que o disco busca refletir o Brasil interior, que dialoga com o mundo e com a casa deles, no Sergipe, e o nome traduz o movimento ritmado das remadas das embarcações, como a que eles se encontram. “‘Estar em ‘VOGA’ significa estar na moda, em evidência. A palavra nos dois sentidos diz o que propomos e pensamos, seja no jeito ou em como conduzir o ritmo que queremos como banda”, define Coutto.

Mesmo com o apoio da Natura e de fãs por todo o Brasil, o músico fala que o grupo ainda não consegue viver só da música. “A banda já consegue pagar seus investimentos, circular bastante, mas não o suficiente para deixar nós todos exclusivamente nela. Trabalhamos como uma empresa, temos nosso escritório, mas ainda não completa toda a nossa renda. Embora a cena musical sergipana seja rica de artistas com sons diferentes, ainda é pouco conhecida no Brasil, mas acreditamos que isso possa mudar. Diariamente, há uma melhoria técnica, estética e de articulação local: coletâneas, festivais e prêmios são cada vez mais comuns aqui no estado e isso engrossa o coro, fortalece a cena. Pra quem não conhece ainda, vale a pena conferir!”, ele faz o convite. Anotaram?