Com o sucesso de “Anaconda”, Nicki Minaj evidencia a importância do sexo em toda uma indústria cultural


Rapper entra para o grupo de divas que, como Madonna, Anitta, Valesca, Britney e Rihanna, usa o corpo e a sexualidade para vencer no showbizz

*Por Junior de Paula

No mundo pop, ao que parece, tudo tende cada vez mais a girar em torno da sexualização das coisas. Madonna começou, Beyoncé, Britney, Aguilera e, posteriormente, Rihanna deram continuidade a uma discussão que, recentemente, Miley Cyrus levou a outro patamar com seu twerk e sua língua escandalosa. Aqui no Brasil, é bom que se diga, o assunto também sempre esteve presente, desde Gretchen nos idos dos anos 1980, passando pelo É O Tchan nos anos 90 e, agora, com Anitta e Valesca Popozuda abusando das coxas de fora, dos movimentos e das letras que sempre acabam na sacanagem.

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Que fique claro, não há nenhum juízo de valor nesse discurso quando nos referimos a terras tupiniquins. É ótimo, aliás, que o movimento ganhe força exatamente neste momento em que o mundo passa por uma encaretação generalizada e a gente torce para que cada vez mais a música seja esse motor para questionamentos e discussões. Mas, por que estamos falando sobre isso agora? É que desde que foi lançado, no começo da semana, o videoclipe de “Anaconda”, da rapper desbocada Nicki Minaj passou a ser o assunto mais comentado na poplândia.

No vídeo, Nicki usa e abusa do seu girl power, do popozão, das dancinhas erotizadas – principalmente quando ela faz a cobra do Drake subir – e dos jogos de palavra com duplo sentido para chamar a atenção. Equação, aliás, que ela soube resolver muito bem e não só ganhou o título de recordista de visualizações, destronando a “Wrecking Ball” de Miley com 19,6 milhões de views a mais em 24h (contabilizados a partir da meia noite do dia 19 de agosto, quando foi lançado), como também se transformou em trending topics das mídias sociais. Apenas no primeiro dia, a hashtag #AnacondaVideoOnVevo foi mencionada 854 milhões de vezes, em 145.267 tweets, por cerca de 95.412 usuários.

 

Nicki provocando a Anaconda (Foto: Divulgação)

Nicki provocando a Anaconda (Foto: Divulgação)

E antes que alguém diga que o mercado é machista – o que ele até é de certa forma, mas vale uma outra reflexão, em outro momento – e que só se interessa por corpos femininos, a gente pode lembrar das boy bands; de Ricky Martin; de Justin Bieber e sua obsessão por posar sem camisa com a cueca à mostra, tipo Mark Wahlberg quando ainda era Marky Mark; os passos fálicos de Michael Jackson; a ostentação do abdômen dos rappers; e, aqui no Brasil, a febre em busca do corpo perfeito dos novos nomes campeões de venda do momento, com Luan Santana e Lucas Lucco.

 

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O sexo, como se vê, nunca foi tão presente no mundo da música e, pelos números que movimentam, vai durar por muito tempo ainda. Os conservadores que se tranquem e tentem fugir da Anaconda!

Vídeo oficial de ‘Anaconda’

* Junior de Paula é jornalista, trabalhou com alguns dos maiores nomes do jornalismo de moda e cultura do Brasil, como Joyce Pascowitch e Erika Palomino, e foi editor da coluna de Heloisa Tolipan, no Jornal do Brasil. Apaixonado por viagens, é dono do site Viajante Aleatório, e, mais recentemente, vem se dedicando à dramaturgia teatral e à literatura