*Por Domênica Soares
Como uma das grandes representantes do cenário musical LGBTQIA+, Urias, fiel escudeira da cantora Pabllo Vittar, vem conquistando grande espaço artístico. Produzido por Brabo Music e com colaboração de nomes como Gorky, Maffalda e Pablo Bispo, o primeiro EP de sua carreira teve como estreia o single “Diaba”, quase uma provocação aos transfóbicos. O videoclipe veio com tudo para dar voz às transexuais e já bate cerca de 4 milhões de visualizações no YouTube da cantora. Cheia de atitude, ela é o novo nome do pop brasileiro e tem ainda tem muitas novidades para revolucionar a música contemporânea.
“No processo de construção desse EP, eu fui muito respeitada pela equipe da Brabo Music. No disco, quero mostrar um lado diferente de mim que as pessoas não esperavam e não conheciam. Fiquei muito grata porque os meninos souberam passar tudo isso na produção das músicas e a receptividade foi incrível, todo mundo amou”, dispara.
Em entrevista exclusiva ao site Heloisa Tolipan, a cantora de 25 anos conta que se sentiu completa e realizando um sonho ao produzir esse disco. Acrescenta dizendo que foi o momento em que pode finalmente ser ouvida e, automaticamente, dar espaço aos transexuais que sobrevivem aos preconceitos sofridos diariamente. Mas, a artista mostra que vem com tudo para quebrar essas barreiras. Recentemente, lançou seu segundo single “Rasga”, com um clipe moderno e claro, com bastante atitude, que já alcançou mais de um milhão de plays nas plataformas digitais. “Acho que é muito importante quando damos atenção a uma música e queremos transformá-la em clipe. Com isso, podemos passar vibes, mensagens e histórias que são capazes de mexer com o imaginário de todo mundo”.
Ela destaca também sobre a importância do audiovisual e frisa que o clipe é capaz de encaminhar totalmente a faixa para outro lado com histórias visíveis e experiências para quem está assistindo. Exemplifica, então, citando o filme de “Diaba”, que traz um sentido mais completo de acordo com a narrativa proposta, principalmente quando homens são mostrados querendo agredir a artista no clipe, fazendo então, uma relação completa dos comportamentos da sociedade aos olhos do público.
A cantora reflete que o projeto, composto pelas músicas, clipes, trabalhos gráficos e toda narrativa proposta em cada lançamento mostra que ainda há muito para se fazer no mercado e, cada vez mais, levar visibilidade às classes que são vistas como minorias, “Acredito que com essa primeira produção consiga mostrar do que sou capaz. De onde quero, posso e vou chegar”.
Sem medo de correr riscos, almeja ser reconhecida por fazer algo novo, que dê destaque para seu recorte social e que, além disso, seja capaz de se renovar artisticamente a cada passo dado. Sobre o mercado da música, ela comenta que acredita que, atualmente, estamos vivendo com intensidade na era da internet e que, consequentemente, os fatos são passados de uma forma mais rápida, fazendo com que atinja um número maior de pessoas a cada momento. “Tudo se espalha mais facilmente. Ter uma visibilidade hoje em dia é ‘mais fácil’, dessa forma. Entendo que os novos artistas aparecem mais no mercado. Contudo, ainda temos muito para mudar e melhorar”, diz.
Urias descobriu sua paixão pela arte quando ainda era pequena. Começou a fazer dança de rua quando tinha apenas 6 anos, depois seguiu na carreira de moda até chegar na música. Em 2017, ela passou a cantar profissionalmente, mostrando ao público sua agilidade em se destacar tão rapidamente no mercado. “Sempre cantei sozinha e sou uma cantora de chuveiro. Até dois anos atrás não acreditava que as pessoas fossem curtir minha voz, mas me encontrei e, agora,quero seguir”.
Até seguir a carreira solo, Urias era responsável pela agenda de show e eventos de Pabllo Vittar, sua melhor amiga de infância. As duas nasceram em Uberlândia, em Minas Gerais.
Ela conta que suas maiores inspirações são: Liniker, Linn e Mel. Para Urias existem muitos artistas que a inspiram, mas essa mulheres são pessoas que lutaram tanto para chegar onde chegaram e estão inseridas no mesmo recorte que o seu. Em sua caminhada, ela possui muitos sonhos e objetivos que deseja alcançar, mas o maior deles é um: “Meu sonho é não ter mais medo de sair na rua sem saber se vou voltar viva ou não”.
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