*Por João Ker
Montada em um tigre mecânico gigantesco que mais parecia um misto de Transformers e uma alegoria de carnaval, Katy Perry entrou no estádio do 49º Super Bowl na noite deste domingo (1/2), para uma apresentação que não só marca uma nova era em sua carreira, mas também lhe deu a oportunidade de alcançar uma visibilidade sem precedentes, com 100 milhões de telespectadores ao redor do globo. Apoiando-se em parcerias, efeitos técnicos e mudanças de figurino, a cantora de “Roar” mostrou um jogo fraco, que faltava alguns ingredientes dos artistas anteriores a ela.
Primeiro, é preciso esquecer o probleminha do playback, uma vez que até Madonna e Beyoncé já fizeram uso do artifício. Mas tudo bem, porque nos 12 minutos e meio em que Katy se apresentou, esse não foi o único problema. Claro, ela tem na manga uma coleção de hits pop-chicletes que a tornam conhecida do grande público, mas o mundo colorido e cheio de tubarões infláveis não pode ser sua única atração. Logo no início, ela faz uma metalinguagem nada discreta quando entra com um vestido “de fogo” feito sob encomenda por Jeremy Scott / Moschino, (responsável pelos seus quatro outfits ao longo da noite), personificando uma espécie de Katniss Everdeen (a personagem de Jennifer Lawrence na franquia “Jogos Vorazes”), em uma versão menos glamourosa.
Com o mesmo vestidinho, a cantora acabou de cantar “Roar” e seguiu para perder sua primeira chance de impressionar a plateia: “Dark Horse”, seu mais recente #1 e hit inegável em qualquer pista de dança que você tenha visitado em 2014, contou com uma coreografia fraca que não fez jus às suas batidas ritmizadas (mantendo a mesma decepção do videoclipe infantilizado). Tudo bem, não deu tempo nem de superar essa falta de criatividade, porque a primeira colaboração da noite chegou: Lenny Kravitz, com seus óculos escuros e jaqueta de couro característicos, cantando uma versão rock de “I Kissed a Girl”, primeiro sucesso de toda a carreira de Katy.
Aqui, Katy e Kravitz fizeram bonito, no que a cantora não negou fogo para o cara que criou o “vestido em chamas” de “Jogos Vorazes”. Claro, não foi aquela mesma energia com que Janet Jackson e Justin Timberlake mostraram no show de 2004, ou Britney Spears e Steven Tyler apresentaram em 2001, mas valeu o esforço. Na sequência, a popstar fez um combo com “Teenage Dream” e “California Gurls”, enquanto entrava no seu universo colorido e infantil, com os já famosos tubarões infláveis e, mais uma vez, coreografias que deixaram a desejar.
Janet Jackson e Justin Timberlake se apresentam no Super Bowl de 2004
Usando uma camisa/vestido com capuz, Katy deu vazão à grande “surpresa” e atração nostálgica da noite: Missy Elliott, que além de cantar três músicas – “Get Ur Freak On”, “Work It” e “Lose Control” -, ainda lembrou ao mundo de sua existência e sua excelência musical no hip hop. Enquanto isso, Katy Perry tentava rebolar no mesmo nível que as dançarinas, mas falhou miseravelmente e, mais uma vez, abriu mão de surpreender o mundo com vitalidade performática e largou a rapper sozinha no palco para trocar de figurino. E não, não rolou o remix de “Last Friday Night”, única música em que as duas colaboraram juntas.
Talvez a redenção de Katy Perry tenha vindo no final. Quase como uma Diana Ross saindo do estádio em um helicóptero, a cantora sobrevoou o gramado montada em uma estrela cadente colorida, com vários fogos de artifício e o melhor vocal ao vivo de toda a sua carreira, conseguindo finalmente cantar “Firework” sem desafinar no refrão. Uma saída triunfal e inesquecível para o que foi um show mais ou menos, mas ainda assim altamente divertido, no mínimo. Katy não mostrou o vigor e capacidade vocal de Beyoncé, não teve coreografias super elaboradas como Madonna ou polêmicas como Janet Jackson. Apoiada principalmente em malabarismos técnicos, a popstar apresentou um espetáculo fraco, mas que garante sua iconografia em tempos onde o que se faz importa mais do que como se faz.
Katy Perry se apresenta no XLIX Halftime Show do Super Bowl
Como a internet não perdoa e “the zuera never ends”, HT selecionou alguns dos melhores memes pós-Super Bowl, uma cortesia do pessoal sempre rápido do Tumblr. Veja abaixo:
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