Sob gritos de “não vai ter golpe”, Chico Chico, Julia Vargas e Rodrigo Garcia embalaram a noite de quarta-feira (29) do Faro MPB (projeto expoente de programa de rádio homônimo, na MPB FM), que aconteceu em Botafogo, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Com um repertório escolhido a seis mãos, mas ordenado pela experiência de Rodrigo, o trio cantou de Alceu Valença às músicas autorais de Chico. É fácil ligar os pontos dessa trinca: Rodrigo tocava na banda de Cássia Eller (1962-2011) – com quem nutriu forte amizade – e chegou a ver Chico – filho da intérprete de “Malandragem” – minutos pós sair da sala de parto. Ambos, agora, cantam juntos – ao lado de Julia Vargas. Para ela, aliás, o encontro dos três nomes é consequência do acaso. “Foi por destino da vida que Rodrigo entrou na nossa vida. Tem sido maravilhoso para todos nós envolvidos nesse processo todo. Está sendo bom para todo mundo”, comentou a cantora com HT – na fila do gargarejo.
O trio proporcionou ao público, que lotou o shopping onde é realizado o encontro, músicas e interpretações emocionantes. Como gritava parte da plateia, “Chico canta com a alma”. E as comparações ao timbre e trejeitos de Cássia Eller geraram burburinho entre os presentes. Acostumado com os comentários, Chico define como “chato”, “mas é isso aí”, “não tem o que fazer”. É quando Rodrigo Garcia defende prontamente o colega. “Eu acho que (as comparações) só iriam atrapalhar se o som dele não fosse bom pra caramba”. Chico, por outro lado, enxerga de forma positiva todo esse paralelo e acha “que com o tempo vai desconstruindo essa imagem” – não que precisasse.
O pocket show, que durou cerca de 90 minutos, terminou ao som de “uma música politizada”, como bem frisou Julia. A canção escolhida foi “Seres Tupy”, já interpretada por Ney Matogrosso – aquela do “De Porto Alegre ao Acre, a pobreza só muda o sotaque”. Em defesa da democracia em pleno furor acerca dos rumos políticos do país, a cantora iniciou os gritos de “não vai ter golpe” entre o público. Em conversa com HT, a jovem considerou “desesperadora” a saída forçada da atual presidenta Dilma Rousseff (PT) do maior cargo do executivo nacional. “Eu não tenho partido, eu sou brasileira. Eu prezo pela igualdade dos seres – o que não está acontecendo. O pensamento parece que está regredindo”, opinou.
Em tempo: após o show, os músicos movimentaram filas de fãs e amigos para fotos e autógrafos. As arestas da política não ganham da boa música, babies.
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