Participar do Rock in Rio tem um sentido totalmente diferente para a Rock Street Band. O grupo conta com grandes nomes da música nacional como Mauro Berman, Lourenço Monteiro, Ge Fonseca, Fernando Vidal e André Frateschi. O primeiro é o produtor e diretor musical do grupo e tocou com Marcelo D2, Dinho Ouro Preto e Legião Urbana; Lourenço toca com Marcelo D2 e Dado VillaLobos; Ge está no clipe dos 30 anos do Kid Abelha; Fernando se apresentou com Ed Motta, Fernanda Abreu e Marina Lima e integra a banda de Seu Jorge; e André já foi vocalista da Legião Urbana, toca no grupo Heroes e ganhou o PopStar. “Em 85, no primeiro Rock in Rio, eu estava aqui e tinha dez anos de idade. Assisti alguns shows que me lembro até hoje como Queen e Nina Hagen. Neste dia, tive uma epifania do que queria ser para o resto da vida. Estar aqui depois de tantos anos e ainda tocando é uma emoção especial, uma realização de um sonho que jamais imaginei realizar. Me sinto muito confortável aqui, como se estivesse em casa”, relembrou o vocalista André.
O time de gigantes foi reunido exclusivamente para participar do festival na última edição e a união foi tão positiva que continuaram com o conjunto desde então em paralelo com suas próprias carreiras. “Toquei, em 2001, no palco Brasil; em 2006, com o Mauro e Marcelo D2, em Lisboa; em 2011, com o Marcelo D2; e, em 2015, com a Rock Street Band praticamente formada. No último ano, inclusive, fizemos o show que abriu o palco mundo com vários convidados como Ivan Lins, Ney Matogrosso e Ivete Sangalo no primeiro dia do festival”, explicou o baterista Lourenço. A relação com o evento é pessoal de cada artista, mas foi graças ao festival que o grupo ganhou forma.
O Rock in Rio convidou novamente a banda para tocar no festival. A novidade desta edição é que o grupo ganhou um palco novo, o Rock District, onde é a banda residente. As apresentações acontecem duas vezes por dia durante as sete datas do evento. “A banda foi criada para ser parte do Rock in Rio e continuamos com ela. Fomos convidados para voltar este ano, em um palco novo, fazendo tributos a artistas que já passaram por aqui. Nosso repertório é bem eclético como Elton John, Queen, Lulu Santos, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Barão Vermelho, Milton Nascimento e outros. Pegamos artistas desde o início do festival, em qualquer lugar do mundo, logo existe algumas bandas que tocaram no evento quando aconteceu em Madrid, Lisboa e Las Vegas”, explicou o baixista Mauro Berman. O produtor foi o responsável por selecionar as músicas que tocariam.
Um trabalho muito complicado já que os níveis das apresentações são altíssimos derivadas de grandes talentos. “Existem muitos artistas que ficamos com vontade de tocar, afinal, muitos feras passaram por aqui. Foi muito difícil. O primeiro setlist que eu fiz tinha dezessete horas de música. Precisei garimpar tudo isso para conseguir chegar a um número mais reduzido. Como tocamos duas vezes por dia buscamos entender o que o público quer e variar conforme o que queremos tocar. Ensaiamos mais do que realmente estamos fazendo, tendo algumas horas de repertório”, contou Berman. O setlist atual da banda conta com mais de trinta canções em tributo aos artistas.
O grande número de opções fez com que Berman priorizasse o repertório pela qualidade musical, deixando de lado algum hit que tivesse um grande laço afetivo com os membros da banda. Por mais que a letra fosse bonita e questionasse algo, a ideia era trazer algo com uma grande qualidade. Apesar disso, ainda conseguiram trazer temas que fizessem as pessoas pensar. “Mas é claro que os nossos ídolos são artistas e estes se expressam através da música. Eles mostram a insatisfação popular, são democráticos. O rock tem a particularidade de representar a onda de subversão e protesto. Quando escrevem algo significa que querem falar sobre alguma coisa. Por isso, ao escolher o nosso setlist não precisamos dizer o que queremos falar por aquela escolha de música, estamos apenas afirmando que concordamos com aquilo. Milton Nascimento, por exemplo, fala que nada será como antes porque depende da gente fazer algo diferente para melhorar”, explicou o diretor musical da Rock Street Band.
Apesar de fugirem de um discurso moralista, a banda toca músicas que trazem questionamentos que acabam fazendo as pessoas pensarem. “Quando tocamos para as pessoas músicas que fazem refletir sobre o sistema político sempre nos deparamos com a multidão pensativa. É emocionante”, garantiu o guitarrista Fernando Vidal. O Rock in Rio levantou diversas bandeiras este ano como a proposta de reflorestamento de setenta e três milhões de árvores na Amazônia. A fala da modelo Gisele Bündchen abriu o festival tratando exatamente por explicar sobre o movimento Amazônia Live. “A Blitz, por exemplo, fez um discurso aqui no festival sobre a Amazônia e a liberação de exploração ilegal feita por este governo criminoso. A proposta do Rock in Rio sobre o reflorestamento é essencial, nós não vivemos sem árvores. Batemos palmas para eles que fazem o que os outros não. Precisamos disso para o futuro”, criticou Berman.
Participar em todos os dias do festival, tocando duas vezes é um reconhecimento muito bacana para os artistas. Mas o vocalista André Frateschi recebeu um prêmio há pouco tempo pela TV Globo ao ganhar o programa PopStar. “O André já era nosso PopStar muito antes de ganhar o programa. Ele merece tudo o que está acontecendo na vida dele”, contou Berman. Por conta das gravações do programa, o vocalista ensaiou apenas dois dias com a Rock Street Band. “Não estávamos lá no dia que ganhou porque precisávamos ensaiar para o Rock in Rio. Tínhamos que deixar a base bem consolidada já que ele teve pouca oportunidade de estar com a gente”, informou Lourenço Monteiro. O quadro era uma competição entre artistas conhecidos que tinham a oportunidade de mostrar o seu talento. André recebeu o título de melhor voz da primeira edição. “Foi uma surpresa incrível. Nunca imaginei que fosse acontecer, porque sou um cara roqueiro e digamos que não é um estilo tão popular mais, nem todo mundo gosta. Ganhar cantando rock significa muito para mim, porque o rock ainda se comunica com muita gente. Se as pessoas forem apresentadas a ele podem gostar e fico honrado de ter sido o cara que mostrou isto para o Brasil. Fora que vou pagar um ano de escola das meninas”, brincou o cantor.
Artigos relacionados